É Tudo Por Prazer
Por Dudi Aharoni
Traduzido de: Kabbalah Today issue #8
Todos nós queremos desfrutar, ou como os cabalistas dizem, receber prazer. Para alguns, um suculento pedaço de bife é o prazer final, para outros, é ganhar um jogo de damas ou a vitória da nossa equipa favorita. Você pode querer ganhar a lotaria, enquanto que a sua amiga só será feliz apenas quando perder os 3 kilos extra que ganhou recentemente. Apesar de gostarmos de coisas diferentes, todos temos uma necessidade comum, realizar o nosso desejo de prazer.
Prazeres Elusivos
Há apenas um problema com esta “questão de prazer”: se nós honestamente examinarmos as nossas vidas, vamos descobrir que tudo o que nos resta do que temos feito até agora são memórias. Nós perseguimos prazeres, mas assim que os apanhamos, eles fogem por entre os dedos.
Quando estamos no jardim de infância, queremos estar na primária. Nós achamos que é um lugar divertido para se estar, onde os miúdos mais velhos "se divertem muito" e aprendem coisas novas e excitantes. Mas uma vez que chegamos à primária, não podemos esperar para chegar ao liceu. Na escola secundária, a nova meta é a faculdade, e na faculdade, é uma carreira de sucesso. A próxima fase sempre parece melhor e mais atraente. Mas é realmente assim?
E ainda há outro problema: assim que nós conseguimos o que queremos, o prazer desliza por entre os dedos e deixa-nos tão sedentos como errantes no deserto que sonham com um copo de água. E mesmo se nós encontrarmos água, saboreamos o primeiro gole, mas quanto mais se bebe, menos prazer sentimos. No final, até nos esquecemos que estivemos sedentos. Em resumo, passamos a vida inteira perseguindo prazeres fantasmas. E mesmo quando agarramos um fantasma, não leva mais de um minuto para que se escape mais uma vez.
Cinco Níveis de Prazer
Cabalistas descobriram que existem cinco tipos de desejos dentro de nós, dispostos por ordem de intensidade e complexidade, de acordo com as fases da sua evolução:
- O primeiro, é o desejo mais básico, é o da sobrevivência, inclui alimentação, saúde, sexo e família.
- A segunda fase do desejo é o desejo de riqueza, que nós acreditamos garantir a nossa sobrevivência e uma melhor qualidade de vida.
- A terceira fase do desejo é o desejo de honra e poder, para que possamos controlar os outros, bem como a nós mesmos.
- A quarta fase inicia um desejo de conhecimento, pois acreditamos que ter conhecimento nos dará felicidade.
As necessidades de comida e sexo são definidos como desejos físicos, e existe também nos animais. Mesmo quando uma pessoa vive sozinha, ele ou ela precisa de comida, saúde e satisfação das suas necessidades sexuais.
- É apenas na quinta fase que entendemos que há algo maior, do que a nossa consciência, que controla as nossas vidas. Começamos a perceber que é com esse "algo" que é preciso conectar-se.
O desejo de riqueza, honra e poder, são no entanto considerados "desejos humanos." Estes desejos evoluem em nós como parte da nossa participação na sociedade humana, e satisfazêmo-los apenas através dos nossos contactos com outras pessoas.
No entanto, quando a quinta fase do desejo desperta, não temos nenhuma pista sobre a forma de satisfazê-la. Os cabalistas chamam a esse desejo, que visa algo superior a este mundo, “o ponto no coração”.
O Ponto no Coração
Cabalistas referem à soma dos nossos desejos como "o coração", e ao desejo do reino superior, espiritual, como "o ponto no coração". Este desejo faz-nos sentir que a vida é sem sentido e cria uma profunda necessidade de procurar um propósito para as nossas vidas. Alguém cujo “ponto no coração” de repente desperta, pergunta: "Qual é o sentido da minha vida?" E nenhuma resposta relacionada com o mundo material, vai responder a essa pergunta.
Você pode oferecer a uma pessoa destas muito dinheiro, honra, poder e conhecimento, mas essa pessoa vai sentir-se frustrada mesmo assim. Esse desejo decorre de um grau mais elevado do que o nível deste mundo, daí, a sua satisfação tem de vir a partir desse nível, também. A sabedoria da Cabala explica como podemos satisfazer este desejo.
Nos últimos anos temos assistido a um despertar no “ponto no coração” de muitas pessoas. Esta é a razão para a actual popularidade da Cabala, as pessoas estão a voltar-se para ela para saber como podem satisfazer este recém desejo despertado neles.
Preenchendo o Vazio
Uma pessoa cujo o “ponto no coração” desperta, procura prazeres espirituais, que os Cabalistas descrevem como "completa e eterna realização e satisfação." Como dissemos acima, podemos satisfazer os nossos desejos terrenos e as nossas necessidades humanas com realizações que já conhecemos, mas quando desperta o desejo de espiritualidade, já não sabemos como alcançá-lo.
Além disso, muitas pessoas andam frustradas porque ainda não perceberam que o desejo de espiritualidade, despertou nelas. Elas não sabem que este é o motivo da sua insatisfação e descontentamento. A incapacidade de satisfazer o desejo de espiritualidade evoca sensações de desamparo, desespero, frustração e inutilidade. Esta é considerada a principal razão para o aumento contínuo do consumo de droga e álcool, bem como de outros meios de fuga da realidade.
Quando crianças, muitas pessoas perguntam-se: "Para o que é que estou a viver?" Mas com o passar dos anos, somos inundados de desejos e tentações que nos desviam desta questão, e a necessidade de encontrar uma resposta verdadeira desvanece-se.
No entanto, o “ponto no coração” acordará um dia e com isso, virão as perguntas. Aqueles que insistem em encontrar as respostas vêm para a Cabala, onde podem encontrar satisfação espiritual e, assim, satisfazer a necessidade do seu “ponto no coração”. Realizar o desejo espiritual transmite uma sensação para além da existência física. Assim, uma pessoa espiritualmente conectada pode experimentar a vida como eterna e plena . Esta é uma sensação tão poderosa que quando o corpo físico morre, ele ou ela não experiencía a separação da vida, uma vez que essa pessoa já convívia com a maior satisfação que existe, o “ponto no coração”.
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ARTICLE: All's Well that Ends Well - According to Kabbalah, there isn’t any ‘bad’ in creation whatsoever, it’s just that we, the fruit of creation, have not yet ripened.
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