É dado assente que se deixarmos uma criança pequena sozinha na floresta, crescerá como um animal. Da mesma forma, se colocarmos uma criança numa determinada sociedade, é essa a forma como a criança irá crescer. Uma pessoa cresce e desenvolve-se sob a influência do meio envolvente. O meio dá a uma pessoa determinados modelos comportamentais e exemplos, e faz tudo de acordo com estes.
Como apreendemos o nosso mundo? Fazemo-lo de acordo com a forma como desenvolvemos e focamo-nos naquilo que nos foi ensinado. Por outras palavras, fazemo-lo de acordo com os nossos desejos. Isto permite-nos ver determinadas imagens do nosso mundo e apreendê-las de uma forma específica, assim como processá-las dentro de nós e reagir a elas.
Contudo, no que toca ao mundo espiritual, não temos quaisquer modelos comportamentais, imagens, sensações ou percepções do que seja. Portanto mesmo se uma imagem da espiritualidade emergisse de alguma forma à nossa frente, não seriamos capazes de a apreender. E é assim que as coisas estão: de facto, já tudo está aqui à nossa frente, mas apenas apreendemos uma pequena parte do que existe, porque não temos os modelos e imagens apropriados.
É por esta razão que os cabalistas nos escrevem livros a falar sobre o Mundo Superior. Puxam-nos para esse mundo, ou para ser mais específico, trazem-nos cá para baixo o mundo espiritual para que quando lermos acerca disso e tentemos senti-lo e percebe-lo, nos possamos imbuir destes modelos mesmo que não os consigamos sentir ou perceber.
Isto ocorre em virtude de uma qualidade especial chamada Sgula – milagre. Evocamos em nós estas imagens espirituais de longe mesmo quando não as sentimos claramente. É assim que nos preparamos para as sentir.
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