Amor, Amor Amor
Traduzido de: Kabbalah Today Issue#3
Em 1969, os Beatles declararam que tudo o que precisamos é amor, e eles tinham razão... A Cabala diz que a única força e a única lei que existe na realidade é a força (ou lei) do amor.
Nos anos 60, amor era o nome do jogo. Woodstock, Cabelo, e sentimentos de “make love, not war” (faça amor, não guerra) foram os modelos pelos quais vivemos. Mas se até a lei da realidade concorda que amor é o nome do jogo, porque não duraram os ideais que nos atraíram para Woodstock? Onde está o amor que nos foi prometido?
Amor É Vida
Antes de descobrirmos para onde foi o amor, precisamos de compreender porque é que a Cabala afirma que no todo da realidade, não há nada mais a não ser amor. Imagine apenas uma mulher segurando o seu bebé recém-nascido nos seus braços. Ela olha para ele, sorri, alimenta-o quando o bebé tem fome, e aconchega-o em cobertores para o manter quente. Por trás de todas as suas acções há apenas uma única força enérgica: o seu amor pelo seu bebé. Esta é a lei do amor.
Este exemplo aparentemente óbvio demonstra porque o amor é a única força que possa criar vida. Que outra força pode garantir que os pais se preocupassem pela sua descendência, então assegurando a continuação da sua espécie? Que outra força se certificaria que as espécies existentes teriam os meios de persistir e prosperar? Evidentemente sem amor, não há vida. É por isso que a Cabala diz que o Criador, natureza, e amor são sinónimos.
Há ainda uma outra afirmação que os Cabalistas fazem, derivada da afirmação de que o Criador é amor: Porque Ele é bom, Ele criou criações que querem receber os Seus beneficios.
De acordo com O Livro do Zohar, o livro seminal da Cabala, a realidade é originada do pensamento do Criador de fazer bem, de beneficiar. O Zohar, explica que a natureza do Criador é boa; então, também é a Sua vontade, e consequentemente, também são Seus pensamentos.
E porque Ele quer fazer bem, Ele criou um mundo que é conduzido por um desejo de receber os benefícios que Ele deseja dar. É por isso que a lei, e a força pelo qual o todo da realidade operam, é o amor do Criador.
O Amor de Mãe
Isto trás-nos de volta à nossa pergunta: Onde está o amor que nos foi prometido? Onde estão os Seus benefícios? Dado que o Criador formou a nossa realidade, nós somos as criações que desejam receber os benefícios que Ele deseja dar.
O exemplo da mãe-e-criança mostra-nos que o amor não existe no bebé (criação), mas na mãe (o Criador). Ela é verdadeiramente a que está a desfrutar do seu amor pelo bebé, e o bebé simplesmente existe para desfrutar do seu amor por ele.
E por muito giros que os bebés sejam, ser um bebé não é o propósito da vida. Os bebés não permanecem bebés, mas crescem, tornam-se adultos, e desenvolvem as suas próprias habilidades de amar. Então, eles tornam-se como os seus criadores.
Similarmente, o propósito do Criador em nos criar é para que nos tornemos como Ele. O termo Cabalistico para ser como o Criador é Dvekut (adesão). Dvekut não significa que as duas coisas estejam "coladas" uma à outra, mas que elas são ao mesmo tempo seres idênticos, porém separados.
Desta forma, para desfrutar o amor que existe no nosso Criador, precisamos de "crescer" e nos tornarmos "adultos espirituais," tal como Ele.
Muitos Pedaços, Uma Alma
No todo da realidade, como descrevemos acima, há apenas o amor do Criador. Este amor criou-nos, os vasos intencionados desse amor. O nome que os Cabalistas deram a esta criação é "a alma de Adam ha Rishon (O Primeiro Homem)." Para abreviar, chamamos-lhe “Adão.”
Adão não são muitas almas (criações) juntas; Adão é uma alma colectiva, dividida em biliões de pedaços. Tal como os nossos corpos são feitos de triliões de células, todas funcionando como uma unidade, a alma de Adão é feita de biliões de pedaços, todas funcionando como uma entidade espiritual.
Se as células no nosso corpo trabalham harmoniosamente, somos saudáveis; se elas trabalham uma contra a outra, ficamos doentes. Similarmente, quando as nossas almas, os pedaços da alma de Adão, trabalham juntas, as nossas almas—o todo da humanidade—são espiritualmente saudáveis.
A divisão de Adão em tantas almas não foi coincidência, mas uma acção predeterminada pelo Criador. A divisão é imperativa para o nosso sucesso de nos tornarmos como Ele. Tal como as crianças precisam de outras crianças à sua volta para desenvolverem habilidades sociais e crescerem, as nossas almas precisam de outras almas de forma a se desenvolverem para serem como o Criador.
Estas almas não estão verdadeiramente separadas das nossas; elas são as partes diferentes da mesma alma (corpo). Mas a nossa percepção dessas almas como distintas e separadas permite-nos relacionar-nos a elas como separadas, e então criar uma "sociedade de almas," tal como a nossa sociedade humana. E tal como as crianças brincam e então aprendem como se tornarem adultos, nós aprendemos como comunicar com as "outras" almas, e trabalhar harmoniosamente com todas as partes de Adão. é assim que as almas amadurecem.
Directamente a Deus
Porém, há uma diferença fundamental entre a forma como as nossas almas se desenvolvem, e a forma como nós desenvolvemos as nossas habilidades sociais. Crianças têm modelos adultos para emular e aprender. Mas o nosso "pai espiritual" está oculto. Nós não O conseguimos emular pois não o conseguimos ver ou escutar.
Para nos tornarmos adultos espirituais, precisamos de empregar um método ligeiramente diferente que as nossas normais aulas escolares, onde todos aprendem juntos. Tal como cada célula nos nossos corpos tem uma função diferente, cada pedaço da alma de Adão representa uma faceta ligeiramente diferente do desejo colectivo de receber prazer. Alguns pedaços são criados para querem ser ricos, alguns querem ser poderosos, alguns querem ser conhecedores, e alguns querem ser Criadores, ou pelo menos como Ele.
A primeira pessoa que quis tornar-se como o Criador foi Abraão. Ele descobriu que ser como Ele significava ter a Sua natureza—a de dar. Quando Abraão se tornou como o Criador, ele começou a espalhar o conhecimento do Criador onde quer que ele pudesse. Na verdade, nós chamamos-lhe "o Patriarca" devido a esta afinidade com o nosso Pai espiritual, e o seu desejo de nos trazer a todos a Ele.
Na Cabala, almas que querem ser como o Criador são chamadas Ysrael (Israel). Ysrael é uma combinação de duas palavras: Yashar (directo) e El (Deus). Desta forma, Israel são aqueles que desejam ir directamente ao Criador, para alcançar a Sua natureza.
O Legado de Abraão
Os patriarcas iniciais ensinavam a quem quer que pudessem, dado que eles sabiam da sua própria experiência que isto era a melhor coisa que eles podiam dar aos seus similares. Este foi também o seu legado espiritual. No seu livro, A Mão Poderosa, O Rambam (Maimonides), o grande Cabalista do século XII, descreve lindamente como Abraão andou de cidade em cidade e de país em país, espalhando a sabedoria e conhecimento a quem quer que escutasse. Foi assim que ele criou o primeiro grupo de Cabalistas.
O grupo de Abraão cresceu até uma nação, nomenclada pelo seu desejo—Israel. O papel desta nação no mundo não mudou desde que primeiro apareceu como grupo de Cabalistas. O legado espiritual de espalhar o método de alcançar o Criador permanece o mesmo. O Sagrado Ari, o Cabalista do século XVI, coloca-o belamente no seu livro, Shaar HaPsukim (Portal aos Versos), Parashat Shemot: “Adam ha Rishon continha todas as almas e continha todos os mundos. Quando ele pecou, todas as almas ... se dividiram em setenta nações. E Israel devia estar em exilo em toda e cada nação, para reunir as rosas das almas sagradas que foram espalhadas entre aqueles espinhos.”
Ansiando por Amor
Dizem que o dinheiro faz o mundo andar à volta. Curiosamente, a palavra Hebraica para dinheiro é Kesef, que deriva da palavra Kisufim (anseio). O grande Cabalista do século XX, Baal HaSulam, dirige-se a esta similaridade e explica que dinheiro é certamente anseio, mas o anseio não é pelo dinheiro em si. Por trás do desejo está um verdadeiro anseio pelo amor do Criador. Então, Baal HaSulam continua para explicar que nós só podemos alcançar o amor do Criador quando estamos “em Dvekut” com Ele, quando somos como Ele.
Tudo o que precisamos para percepcionar o Seu amor por nós é o método certo. Então, o amor que Ele sente por nós será sentido dentro de nós, para cada um de nós, e de volta até ao Criador. O Rav Kook (o primeiro Rabi Chefe de Israel) eloquentemente expressou este amor numa conversa com o autor, AZAR (1911): “Eu desejo que o todo da humanidade pudesse ser colocado num único corpo, para que eu os pudesse abraçar a todos.”
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