Pergunte ao Cabalista
Traduzido de: Kabbalah Today issue #9
Perguntas respondidas pelo Cabalista Rav Michael Laitman, PhD, no seu programa de TV semanal ao vivo, Ask the Kabbalist
P: Tenho estudado Cabala por mim mesmo durante cerca de praticamente quinze anos, e memorizei páginas inteiras do Livro do Zohar e dos escritos do Ari. Recentemente ouvi-o dizer que só se pode estudar a Cabala de um professor que seja um Cabalista. Como é que isto reflecte como eu, e outros como eu, têm estado a estudar a Cabala?
R: A sabedoria da Cabala (a sabedoria da recepção) é chamada por este nome pois ela é dada de um professor a um estudante e de geração para geração. Os livros de Cabala falam sobre um mundo superior, um espiritual, completamente separado do mundo que vemos e sentimos.
Para começar a sentir e a compreender o que os livros contam, precisa de meses de orientação e estudo de um Cabalista que atravessou o caminho espiritual e que descobriu aquele mundo superior. Apenas um Cabalista genuíno pode explicar o verdadeiro significado dos textos de Cabala a outra pessoa, dado que a espiritualidade está além de quaisquer termos como tempo, lugar e movimento.
Os Cabalistas criaram uma linguagem para comunicar uns com os outros, uma linguagem codificada a que chamam "a linguagem dos ramos." Usando esta linguagem, eles trocam experiências e informação, e descrevem o seu realização espiritual nos seus livros. Para levar isso a cabo, eles aplicam palavras mundanas para descrever estados espirituais e processos.
Por exemplo, quando os Cabalistas escrevem o termo "animal," eles não se referem a um animal físico mas em vez disso descrevem uma certa raiz espiritual num mundo superior, designada pela palavra "animal." Desta forma, qualquer pessoa que deseje "descodificar" esta linguagem precisa de um professor Cabalista para a decifrar e admitir o estudante ao significado por trás das palavras.
Ler os livros sem orientação adequada pode apenas produzir compreensão superficial; isto é, o leitor irá compreender assuntos de acordo com a sua familiaridade com os termos como eles são no nosso mundo. Nesse estado, em vez de sentir e percepcionar o mundo espiritual descrito pelos Cabalistas, o leitor não verá mais a não ser o mundo corpóreo e irá pensar que é isto que os livros ilustram.
Baal HaSulam escreveu sobre isto em O Estudo dos Dez Sefirot (Parte Um):
“Certamente, os cujos olhos ainda não foram abertos às visões do céu, e que ainda não adquiriram a proficiência nas ligações dos ramos deste mundo com as suas raízes nos Mundos Superiores, são como os cegos raspando as muralhas. Eles não irão compreender o verdadeiro significado de sequer uma única palavra, pois cada palavra é um ramo que se relaciona à sua raiz.
“Apenas se eles receberem uma interpretação de um sábio genuíno que faz de si mesmo disponível para o explicar na linguagem falada, o que é necessariamente como traduzir de uma língua para outra, ou seja da linguagem dos ramos para a linguagem falada, apenas então irá ele ser capaz de explicar o termo espiritual como ele é.”
P: Num dos seus programas, ouvi que a alma de um ser humano não reencarna no corpo de um animal. Porém, em Sha’ar HaGilgulim (Portal às Reencarnações) pelo Ari, leio que uma alma pode certamente reencarnar como um animal, planta, ou até uma pedra. Há uma contradição óbvia aqui.
R: Obrigado por esta pergunta; ela bate no erro que é muito comummente feito nos dias que correm. Como expliquei, a sabedoria da Cabala, lida apenas com forças espirituais, não em assuntos terrenos, deste mundo. Então, quando os Cabalistas usam tais termos como "pedras," "animais" e tudo mais, eles fazem-o apenas para descrever estados espirituais que a alma experimenta.
Mas para cuidadosamente compreender o tema da reencarnação, precisamos primeiro de compreender o termo, "alma." Uma alma é uma ferramenta espiritual de percepção; ela é considerada "uma parte da Divindade de Cima." Quando lhe é atribuída a ferramenta de percepção espiritual chamada "alma," é uma mudança radical chamada "o atravessar da barreira," que separa o nosso mundo do Mundo Superior. É nesse momento que começa a sentir a espiritualidade.
Então, claramente, a alma não tem ligação ao nosso corpo físico. Esta é também a razão pela qual podemos transplantar órgãos e doar sangue sem afectar a nossa essência espiritual.
Muitos livros, tais como o Sha’ar HaGilgulim do Ari, mencionam termos como "inanimado," "vegetativo," "animal" ou "falante." Porém, estes termos relacionam-se apenas ao interior da nossa alma, e descrevem os seus vários graus evolutivos.
Quando os Cabalistas usam o termo Gilgul (incarnação), eles estão a referir-se a uma mudança do grau que a alma experimenta durante o seu processo evolutivo espiritual. Eles não se referem a nada mais. Desta forma, quando descrevem como a sua alma reencarna como uma pedra, eles querem ensinar o leitor que a alma passa de um nível espiritual para outro, e que este novo nível especifico é chamado "pedra."
O meu professor, Rabi Baruch Shalom HaLevi Ashlag (o Rabash) escreveu sobre isso no nome do seu pai, Baal HaSulam, no livro Shamati (Eu Escutei): "E você pode dizer que... por vezes uma pessoa vem incarnada como porco. Devemos interpretar isso, como ele diz, que uma pessoa recebe um desejo e vontade de adquirir vida de coisas que já tinha determinado serem lixo, mas quer agora receber alimento delas."
Você pode descobrir muito mais sobre isto no artigo, "A Essência da Sabedoria da Cabala," assim como no livro, O Estudo dos Dez Sefirot, "Reflexão Interna," Parte Um.
P: Durante vários anos até agora, tenho praticado meditação Cabalistica. Fiz alguns cursos no tema e estou a usar um livro do Rabi Chaim vital para esse propósito. Mas ultimamente, tenho lido no seu jornal que não há tal termo como "Meditação Cabalistica." Como é isto possível se o Rabi Vital escreve especificamente sobre esse termo?
R: Primeiro, note que não há tal termo como "meditação" ou o que quer que se pareça em sequer um único livro autêntico de Cabala. Adicionalmente, o facto de que todos os tipos de cursos e grupos de estudo digam que praticam "meditação Cabalistica" não significa que esta exista na realidade na Cabala. Todos os escritos da Cabala, incluindo os do Ari—que foram escritos pelo Rabi Chaim Vital—explicam uma coisa simples: toda a Criação é feita de um desejo de desfrutar. Esse desejo pode apenas estar em um de dois estados: corrompido—com uma intenção de receber para si mesmo, ou corrigido—com uma intenção de dar, de amar os outros.
P: O que tem isto a ver com meditação Cabalistica?
R: No processo da correcção da alma, um Cabalista usa um método chamado "três linhas." Este método é construído sobre um procedimento simples: primeiro, o Cabalista "toma" parte do desejo corrompido (egoísta), chamado "a linha esquerda" e subsequentemente corrige-o, usando a força da Luz espiritual, chamada "a linha direita." Ao fazê-lo, o Cabalista constrói a "linha do meio" dentro da alma, e então avança na espiritualidade.
Porque este trabalho diz respeito à mudança da sua intenção de recepção para o dar, é chamado "trabalho em intenção" ou "trabalho de intenção." O que não é proficiente na sabedoria da Cabala interpreta mal o termo "trabalhar em intenção" e associa-o a termos que são completamente estranhos à Cabala, tais como meditação.
P: E então e meditar sobre certas letras?
R: As letras Hebraicas foram originadas no mundo Atzilut. Um Cabalista que alcance o mundo Atzilut descreve as forças dentro dele na forma das letras. É impossível alcançar qualquer tipo de sensação espiritual ao imaginar a estrutura da letra Aleph na sua mente. Um Cabalista percepciona a estrutura espiritual que a letra expressa, a raiz espiritual à qual ela aponta. Porém, para o sentir deve primeiro alcançar o grau espiritual do mundo de Atzilut.
Eu ensino Cabala como a recebi do meu professor, Rabi Baruch Ashlag (o Rabash), o primeiro filho e sucessor de Baal HaSulam. Eu estudei com ele de 1979 até à sua partida em 1991. Eu fui seu estudante e seu assistente pessoal, e nunca o ouvi mencionar uma única vez algo remotamente similar à meditação.
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