A Liberdade de Saber
Traduzido de: Kabbalah Today Issue #7
A Cabala é o método que revela a Força que cria e governa toda a vida. O que poderia ser mais prático que aprender o que cria e governa toda a realidade, de aprender como o faz, e eventualmente ser capaz de fazer o mesmo? Se você soubesse que isto era possível, não o quereria?
Em recentes anos, a Cabala ganhou um nome por si mesma nos Estados Unidos. Mas a sua fama nem sempre fez jus ao antigo saber que foi mantido em segredo até há poucos anos atrás. Agora, com a publicação de The Complete Idiot’s Guide to Kabbalah e a sua tournée Norte Americana no próximo Outubro, nós no pessoal editorial decidimos que era uma excelente altura entrevistar Rav Michael Laitman, PhD, co-autor do livro.
Batemos à porta do seu escritório, ele diz, "Entrem!" Entramos num pequeno escritório praticamente ausente de mobilia com uma enorme e simples secretária ocupando maior parte da sala. O único objecto digno de atenção é um enorme ecrã LCD apresentando o seu mais recente livro ou artigo. Rav Laitman, um homem de estatura razoável nos seus sessentas com olhos vividos e uma pitada de sorriso, acomoda-nos e vai direito ao assunto: "O que é que vocês querem saber?" pergunta ele. O seu olhar directo não deixa espaço para dúvidas - não há conversa fiada com este homem.
Desde 1991, o ano em que o seu professor, Cabalista Rabi Baruch Shalom HaLevi Ashlag (o Rabash), faleceu, Rav Laitman escreveu mais de trinta livros sobre Cabala e publicou centenas de artigos. Para Laitman, disseminar a Cabala autêntica é o seu objectivo de vida.
As aparências iludem, contudo, por trás da sua aparência casual e a simplicidade da sala sussurra um império de disseminação de Cabala. Desde o último Rosh Hashanah, a organização de Laitman, Bnei Baruch, imprimiu e entregou mais de 11.000.000 (onze milhões) de cópias gratuitas de jornais de Cabala em quatro línguas: Hebraico, Inglês, Espanhol e Russo e vendeu 100.000 livros de Cabala por todo o mundo.
Em adição, as lições diárias de Laitman são transmitidas ao vivo no Canal 98 em Israel, um canal gratuito que chega a toda a casa em Israel em que haja televisão. Programas adicionais de Cabala são transmitidos em horas diferentes todo o dia excepto no Shabbat. E para cobrir todos os ângulos, www.kabbalah.info, o site do Bnei Baruch, tem mais de 500.000 visitantes únicos mensalmente, muitos dos quais são estudantes regulares beneficiando das transmissões gratuitas ao vivo de todas as lições, ou baixando os materiais à sua conveniência. Aqui, também, todos os materiais são providenciados gratuitamente.
Existem duas palavras que Rav Laitman considera chave para o seu trabalho: autentica e disseminação. E estas são as palavras que nos trazem à razão pela qual ele escreveu The Complete Idiot’s Guide to Kabbalah, o assunto desta entrevista.
P: Rav Laitman, você é um discipulo do Rabash — o primeiro filho e sucessor do Rabi Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), autor do comentário Sulam (Escada) sobre O Livro do Zohar. Como é que você veio a escrever The Complete Idiot’s Guide to Kabbalah?
R: Nós [há muitos mais "nós" nas palavras de Laitman que "Eu"] fomos abordados pela Alpha Books, que disse que queria que escrevêssemos o seu guia para a Cabala.
P: Quem você pretende dizer com "nós"?
R: O Bnei Baruch. Eu não trabalho sozinho; toda a organização é dedicada a este único objectivo — disseminar a Cabala. O que nós podemos, oferecemos de graça. O que não podemos, vendemos a custo. Financiamos os nossos esforços de disseminação com o nosso próprio dinheiro e doações de pessoas que se preocupam com o nosso objectivo tanto como nós.
P: Voltando ao livro, você sabe porque é que a Alpha Books vos escolheu a vocês? Parece altamente improvável abordar um não-nativo Americano para escrever tal produto Americano como The Idiot’s Guide.
R: Eles estavam à procura da coisa a sério. Quanto lhes dissemos que não escrevíamos sobre misticismo, encantos, mascotes, água abençoada ou pulseiras vermelhas, mas apenas sobre Cabala genuína, eles ficaram muito mais entusiasmados. Por um lado, mantendo o material autêntico fez a escrita um pouco mais desafiante, mas com a ajuda do co-autor Collin Canright, penso ter conseguido capaz de reunir um livro que é tanto comunicativo e verdadeiro para com as fontes autênticas.
P: Devo dizer que li o livro e é certamente comunicativo. Porém, há algumas ideias muito pouco ortodoxas (se me permite) que lá estão em que vamos tocar de seguida. Mas primeiro gostaria de compreender algo que parece ser o núcleo das suas acções e do Bnei Baruch: disseminação. Porque é você tão entusiasta de espalhar o conhecimento da Cabala tão extensivamente?
R: Durante doze anos nunca abandonei o lado do meu Rav, o Rabash. Se há algo que posso chamar o seu legado a mim, é isto - disseminar a sabedoria da Cabala. E ela não começou com o Rabash. Não há um único Cabalista que não desejasse que isso acontecesse pois todos eles sabiam (e escreveram) que é disto que o mundo precisa para ser feliz, especialmente hoje.
Quero ler-lhe uma coisa; é de Rav Kook, o primeiro Rabi Chefe de Israel e um grande Cabalista. [Ele abre um pequeno livro vermelho, chamado Lirot Tov, que se traduz rudemente para Boa Visão, e lê.] “As questões espirituais sublimes, que anteriormente eram sabidas apenas pelos maiores e mais elevados, devem ser conhecidas, a vários graus, a toda a nação. Assuntos sublimes devem ser trazidos da sua alta torre até ao nível mais inferior e vulgar." E há mais: “Isto requer grande riqueza de espírito e constante empenho, pois apenas então irá a mente expandir e a linguagem ser suficientemente clara para exprimir os assuntos mais profundos de uma maneira fácil e conhecida, para reanimar sedentas almas.” Este livro contem centenas senão milhares de citações dos maiores Cabalistas ao longo da história, explicando a importância da Cabala e de a espalhar.
Como você pode ver, este é o objectivo de minha vida: de me empenhar, como o Rav Kook diz, em exprimir os assuntos mais profundos na maneira mais fácil e conhecida que consigo, para reanimar almas sedentas.
P: Falemos sobre o livro. A última parte lida não com a Cabala, mas com a crise global e o que devemos fazer para a resolver. Porque é que você dedicou tanto espaço a este tópico?
R: Não há na verdade nada mais próximo à verdadeira Cabala que a última parte. A Cabala é uma ciência prática, dirigida a ser implementada nas nossas vidas do dia-a-dia. Sucintamente, a Cabala é o método que revela a Força que cria e governa toda a vida. O que pode ser mais prático que aprender o que cria e governa toda a realidade, como o faz, e de eventualmente ser capaz de fazer o mesmo? Se você soubesse que isto era possível, não o quereria?
Pense nisso desta maneira: Você sabe que há uma força chamada "gravidade" e você age de acordo com ela. Mas os bebés não o sabem; é por isso que temos de olhar por eles, para que não caiam. Então e se você descobrisse subitamente que tudo o que você faz, e tudo o que lhe acontece, é governado por uma força oculta, e que você pode trabalhar em sintonia com ela da mesma maneira que você trabalha em sintonia com a gravidade?
Bem, tal força existe, e a ciência que a estuda é chamada "Cabala." Você pode escolher estuda-la e descobrir como dominar a sua vida, ou você pode permanecer no escuro; você tem a liberdade de saber, ou de não saber.
Esta Força cria tudo o que existe, daí seu nome, "O Criador." Não há misticismo aqui, apenas a realidade. Nós usamos a física para estudar este mundo, e usamos a Cabala para estudar o mundo espiritual.
P: Isto trás-me a outro tema: realidade. No Capitulo Três você escreve que a realidade não existe verdadeiramente fora de nós, mas apenas uma reflexão do que acontece dentro de nós. Pode você explicar isso em poucas palavras?
R: No seu “Prefácio ao Livro do Zohar,” Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam) explica que a realidade é criada quando "projectamos" os nossos estados internos, chamados Reshimot (registos), numa tela imaginária nas nossas mentes. Desta forma, o mundo parece corrompido e mau quando eu sou corrompido e mau, ou bom quando eu sou corrigido e bom.
Se você examinar como os nossos sentidos funcionam, você irá ver que é verdadeiramente assim que já operamos. Os nossos ouvidos não escutam sons verdadeiramente; eles reagem a estímulos que afectam os nervos auditórios. Se você estimulasse estes nervos de outra maneira, tal como com impulsos eléctricos, você iria "ouvir" os impulsos como se eles fossem sons.
O tema da percepção da realidade é de importância proeminente na Cabala. Se você o compreender correctamente, você irá ver que você não precisa de mudar o mundo à sua volta. Tudo o que você precisa de mudar é a sua composição interna para percepcionar o mundo correctamente. Isto salvar-nos-ia tremendas quantidades de energia e recursos que presentemente gastamos em esforços de socorro, todos os quais irão eventualmente provar-se inúteis. Com a excepção de esforços de salvar vidas, tentar melhorar o nosso mundo irá sempre falhar a menos que nos corrijamos a nós mesmos antes.
P: Gostava de lhe perguntar sobre a tournée. Este Outubro, você irá passar praticamente um mês a viajar pelos E.U. e Canada. Há alguma razão especifica em concentrar tais esforços na América do Norte?
R: É claro que há. Quer gostemos ou não, a cultura Americana é a cultura mais predominante de todo o mundo. Uma celebridade na América é uma celebridade praticamente em qualquer outro lado. Isto é muito importante do meu ponto de vista: se tivermos sucesso em espalhar a Cabala ausência na América, ela será bem recebida em Israel e em muitos outros lugares. A predominância da cultura Americana coloca um fardo pesado de responsabilidade nos ombros do povo Americano, talvez mais do que se apercebam, pois se a Cabala autêntica for bem sucedida na América, isto não irá apenas ajudar a América, mas o mundo inteiro.
Devemos recordar-nos que quando disseminamos a Cabala, não estamos a espalhar um ensinamento místico, mas uma nova ferramenta de investigação que o mundo precisa tão desesperadamente hoje. Se você descobrisse uma cura para todo o mal e dor no mundo e o escondesse da humanidade, não se consideraria você um criminoso? A Cabala oferece uma cura não apenas para esta vida, mas para todas as gerações. Ela é a chave para compreender, dominar e aperfeiçoar a realidade hoje, amanhã e para todos os tempos. Como podemos nós não a disseminar?
P: O que deseja você do ano vindouro?
R: Que toda a pessoa, de todo o mundo, descubra a maravilhosa sabedoria que tive tanta sorte de descobrir, para que todas as pessoas digam a si mesmas no próximo Rosh Hashana: "o ano passado foi o primeiro ano da verdadeira alegria e preenchimento.”
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