O Livro do Zohar, capitulo VaYishev, Item 125: Quem quer que tenha mergulhado na Torá neste mundo é recompensado em se empenhar nela no mundo vindouro.
Isto fala-nos sobre dois graus ou dois estados no desejo. No nosso mundo existimos apenas numa qualidade: o desejo de receber ou de ser-mos preenchidos para nosso próprio bem. No mundo espiritual nós também existimos no desejo de receber, mas não o usamos. A nossa intenção lá é "dar em prol de doar," Hafetz Hesed, também conhecida como o desejo de receber para o bem dos outros.
O desejo permanece sempre dado que ele foi criado pelo Criador. Este é o bloco de construção invariável da criação. Contudo, ele pode ter duas intenções diferentes. A intenção de o usarmos para nós mesmos é a intenção natural com a qual nascemos e através da qual percepcionamos este mundo. A intenção espiritual corrigida, na qual percepcionamos o Mundo Superior é a intenção de o usar pelo bem dos outros.
O nosso desenvolvimento espiritual ocorre quando o nosso desejo corrupto evolui, mas quando corrigimos a nossa intenção de "para meu bem" a "para o bem dos outros." Então, descobrimos continuamente novos estados dentro da nova intenção. Os nossos desejos precisam de mudar para que tenhamos a oportunidade de mudar as intenções sobre eles. Nós não temos acesso aos desejos em si mesmos, pois estes são a fundação da matéria e não estão nas nossas mãos.
Mesmo que sejamos bem sucedidos no presente grau, quando entramos no estado de um embrião do próximo grau, não sabemos o que lá acontece e somos incapazes de nos orientarmos a nós mesmos.
No nosso mundo os desejos de uma pessoa também crescem, mas eles têm sempre a mesma intenção – para seu próprio bem. Desta forma, os estados que experimenta em desejos diferentes são similares porque a intenção é sempre a mesma: para seu próprio bem. Contudo, no mundo espiritual dado que a intenção sobre o nosso desejo de receber é "pelo bem dos outros," o sentimento de preenchimento implica uma contradição: Nós preenchemo-nos a nós mesmos, mas fazemos-o pelo bem dos outros e sentimos o mundo através dos outros. Desta forma, cada grau espiritual é completamente novo com desejos e sensações inesperadas.
Os nossos esforços em determinado grau providenciam-nos com um novo começo para o próximo grau, apesar do facto de que o novo grau começa sempre da ausência de realização, isto é uma compreensão muito limitada das nossas acções presentes. Porém, os esforços no nosso presente grau são necessários de forma a nos preparar-nos para o próximo grau. Afinal, tudo o que alcançamos na verdade no grau seguinte vem da nossa realização no presente grau. Isto é da perspectiva da preparação da nossa matéria, a vontade de receber.
Digamos que acabamos o 6º ano e começamos o 7º ano. No sétimo ano aprendemos sobre novos assuntos os quais nunca estudamos antes ou ouvimos falar. Todavia, uma vez que nos preparamos bem a nós mesmos no ano anterior (grau), já experimentamos várias formas de percepção que vestiram a nossa matéria.
Sabemos exactamente como a nossa matéria percepciona novas formas. Sabemos que podemos trabalhar com o grupo e receber ajuda dele. Podemos influenciar os nossos amigos e eles irão influenciar-nos, e esta influência mútua irá permitir-nos a obter novas formas. Sabemos como trabalhar com os livros, com os materiais de estudo, e com o professor.
Por outras palavras, o trabalho neste mundo - o grau no qual estamos situados e o qual percepcionamos agora, prepara-nos para o "mundo vindouro" - o próximo grau ou percepção. É claro, ele não nos dá qualquer entendimento do que irá acontecer no mundo vindouro, mas depois de todos os nossos esforços, tornamo-nos dignos da sua revelação e temos uma fundação sobre a qual continuar o nosso caminho.
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