Antes de lermos O Livro do Zohar, temos de estar apontados ao objectivo. Todos os anteriores ciclos de vida que atravessamos estiveram a desenvolver-nos no plano material, em que fomos fechados dentro de nós mesmos. Apenas aspirávamos para aumentar a nossa vontade interna de desfrutar, tentando preenche-la tanto quanto possível. Experimentamos uma ligação com os outros apenas de forma a os usar para auto-gratificação.
Este processo de desenvolvimento eventualmente nos trouxe a um ponto em que esgotamos todas as possibilidades de sermos preenchidos. Isto causou um sentimento de desilusão nas nossas tentativas de alcançar a perfeição ou prazer desta maneira. Nós sabemos que não podemos alcançar uma vida eterna e perfeita, embora o nosso sempre crescente desejo tivesse esperanças disto. Nós sentimos que não há nada que reste fazermos com esta aspiração por auto-gratificação.
Mas subitamente, juntamente com a desilusão desta vida, revelamos o ponto no coração – um desejo de descobrir a resposta à pergunta de como é possível alcançar essa sensação de uma vida perfeita e eterna. Este desejo puxa-nos para fora em vez de para dentro, para longo do lugar em que sempre tínhamos tentado descobrir preenchimento e perfeição na vida.
“Para fora” significa mudar a sua atitude para as outras pessoas, embora você se aperceba disto muito mais tarde. Você aspirou sempre usar o seu vizinho de forma a se preencher a si mesmo, mas agora você tem de compreender que não há outras oportunidades além de alterar a sua atitude para o seu próximo da recepção para o dar.
Ao dar ao seu próximo, você adquire um novo desejo – o desejo dos outros, que estão na verdade dentro de si. Você irá descobrir que os desejos deles são na verdade seus; eles são os desejos da sua alma. Se você adquirir a ligação certa com eles, então todos os desejos irão tornar-se seus. Eles serão o seu recipiente de percepção (o seu Kli).
Mas é isto verdadeiramente possível? Certamente, nunca seria possível se tentássemos alcançar isto por nós próprios. Porém, isto é o que temos de concretizar de forma a adquirir o sentido de percepcionar o mundo espiritual.
O espaço espiritual reside além do seu corpo. Ele é a sua atitude para o que está "fora de si." Neste momento parece não-existente, surreal, e inatingível. Você rejeita estes desejos, que estão "fora de si." Você não consegue imaginar que eles lhe pertencem, e desta forma você não consegue imaginar o que é o mundo espiritual. Você não consegue sequer supor que quando você alcançar estes desejos, dentro deles você irá revelar um preenchimento chamado "o Criador." Entretanto, eles parecem não-existentes ou vazios para si.
Esta cegueira mantem-o de sentir que o mundo espiritual é compreendido desses desejos "estranhos" que estão fora de si. Neste momento você percepciona a sua atitude de recepção para eles como "inferno." Se a sua atitude para eles muda para o dar, então você irá sentir que está no "céu" porque você sente tudo o que os preenche – e você irá desejar que todo ele os preencha também. Por outras palavras, você próprio cria o inferno ou céu, "fora" de si.
Então, no inicio do seu desenvolvimento espiritual, o Criador trás-lhe um grupo Cabalistico. Contudo, você não o vê como sendo grande ou espiritual. Está escrito, "Cada pessoa julga os outros à medida das suas próprias falhas." Baal HaSulam explica no artigo "A Ocultação do Criador e Revelação" que a sua atitude para os outros determina o que você irá encontrar neles: vazio ou preenchimento, este mundo ou o mundo espiritual, e até o Mundo do Infinito.
Desta forma, você tem de se convencer a si mesmo que a espiritualidade reside na sua atitude para tudo o que está fora de si, que está além dos limites dos seus desejos corpóreos. Está escrito, “A Shechina reside fora do homem” (além da pele ou superfície do homem, que se refere ao desejo animal de um no nível de Aviut Dalet – a pele de um animal).
Uma pessoa tem de concretizar esta mudança interna usando a ajuda do exterior – de um grupo, que lhe dará a sensação certa, compreensão, e confiança. O grupo irá convence-lo disto pois o meio ambiente é capaz de nos convencer do que quer que seja. Esta é a nossa tarefa principal. É por isso que mantemos reuniões de amigos, encontros, congressos e todo o tipo de eventos; é para permitir a toda a pessoa ser influenciada pelo meio ambiente certo, que nos irá convencer que a espiritualidade é alcançada precisamente ao mudar a nossa atitude para os outros.
O estudo inteiro da ciência da Cabala é dirigido a nos ajudar a compreender isto, a sermos convencidos disso, e de revelar a atitude certa de dar, até amor, pelo seu vizinho. Através desta atitude iremos também revelar os nossos verdadeiros eus – a nossa alma, ou mais exactamente, a nossa alma comum, Malchut do Infinito. Iremos revelar a Shechina e o Criador governando sobre tudo juntos, como está escrito, “Ele e Seu Nome são Um.”
Esta é a intenção que devemos ter quando lendo O Livro do Zohar.
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