CAPÍTULO 6
Dispensáveis
Antissemitismo Contemporâneo
No Capítulo 1, dissemos que Abraão descobriu que a natureza humana de egoísmo inerente é uma tendência constante de expansão. O método que ele concebeu não se dirigia a refrear esse egoísmo porque ele sabia que isto era impossível, pois o homem foi criado para receber ilimitadamente. Sua questão, desta forma, era de como receber esse tesouro pretendido. Abraão descobriu um método onde, ao estudar e almejarem se unir, as pessoas subiam a um novo nível de percepção. Assim, elas adquiriam a natureza do Criador - benevolência - e podiam deste modo receber esse prazer ilimitado sem se tornarem demasiado indulgentes e perigosas para si mesmas ou para o meio ambiente.
O êxodo do Egipto e a formação da nação de Israel marcou uma fase de uma formação de cinco séculos. Durante esse tempo, Israel foram de ser um grupo feito de família e estudantes a uma nação inteira cuja meta era alcançar o Criador.
Enquanto tentando subir ao mais alto nível espiritual, os Hebreus nunca recuaram da sua intenção original de oferecer suas percepções ao todo da humanidade. Esta seria sua contribuição para as nações, a "luz" que era suposto eles lhes darem. Através das gerações, esse presente da "luz" é o que as nações têm tentado receber dos Judeus, e a carência do qual tem sido a causa de nossas aflições pelas nações.
No prólogo a este livro, Uma História dos Judeus, o romancista e historiador Cristão, Paul Johnson, eloquentemente descreve as questões que conduziram Abraão a suas descobertas, as mesmas questões que conduzem a humanidade até este dia. Johnson retrata sua reverência pela habilidade dos Judeus de descobrirem as respostas a essas perguntas, viverem por suas leis consequentes e seus esforços de as ensinarem aos outros.
Nas suas palavras, “O livro deu-me a chance de reconsiderar objectivamente, na luz de um estudo cobrindo praticamente 4000 anos, a mais intratável de todas as perguntas humanas: para que estamos nesta terra? É a história meramente uma série de eventos cuja soma é a insignificância? Não há diferença fundamental moral entre a história da raça humana e a história de, digamos, as formigas? Ou há um plano providencial de porque somos, embora humildemente, os agentes? Nenhum povo alguma vez insistiu mais firmemente que os Judeus que a história tem um propósito e que a humanidade tem um destino. Numa fase muito inicial da sua existência colectiva eles acreditavam que haviam detectado um esquema divino para a raça humana, do qual sua própria sociedade seria um piloto. Eles representaram seu papel em imenso detalhe. Eles seguraram-se a ele com persistência heróica em face de sofrimento selvagem. Muitos deles ainda acreditam nele. Outros o transmutaram para empreendimentos de Prometeu de elevar nossa condição por meios puramente humanos. A visão Judaica tornou-se o protótipo para muitos semelhantes grandes desígnios para a humanidade, tanto divinos como fabricados pelo homem. Os Judeus, desta forma, encontram-se precisamente no centro da tentativa perene de dar à vida humana a dignidade de um propósito.”147
OS ESCRITOS NA PAREDE
E todavia, no começo do século XX, os Judeus haviam crescido tão longe da sua pretendida vocação que, em e ao todo, eles ou se tornaram absolutamente preocupados com meticulosa observação dos mandamentos práticos, se esquecendo ou rejeitando seu significado interno, ou totalmente absortos em desejos mundanos e materiais, se esquecendo ou rejeitando sua vocação irrevogável. Num tempo em que o egoísmo atingiu níveis que ameaçaram a paz mundial, nenhuma das avenidas era desejável, e alguns dos grandes líderes espirituais da nação começaram a alertar que o tempo era fugidio, que tínhamos de despertar para nossa missão e a levar a cabo antes que a calamidade se revelasse.
O grande académico humanista, e Cabalista, Rav Avraham Yitzhak HaCohen Kook, desesperadamente tentou alertar os Judeus do crescente antissemitismo. Ele alertou-os que nenhum país no mundo seria seguro para eles, e que Israel era a única opção segura. Em retrospectiva, o conteúdo de sua premonição é alarmante, nos dando um vislumbre nas profundezas da clareza de visão de tais pessoas.
O tratado no qual ele suplicou aos Judeus que viessem para Israel foi chamado, "O Grande Chamamento pela Terra de Israel." Tome nota não só de seu pedido, mas também do seu aviso a respeito do futuro possível dos Judeus nas suas pátrias: "Venham para a terra de Israel, doces irmãos, venham para a terra de Israel. Salvem nossas almas, as almas das nossas gerações, ea alma de nossa nação inteira. Salvem-a da desolação e do esquecimento; salvem-a da decadência e degradação; salvem-a da sujidade e maldade, de cada problema e peste que possa cair em todos os países das nações sem excepção.
“‘Venham à terra de Israel!’ Clamaremos com uma alta e terrível voz, com o som do trovão e uma grande voz, uma voz que agita tempestade e abala os céus e a terra, uma vez que rasga toda a parede no coração. Corram por vossas vidas e venham para a terra de Israel. A voz do Senhor nos chama, Sua mão está esticada para nós, Seu espírito está nos nossos corações, e Ele reúne-nos, encoraja-nos e impele-nos a clamar alto com uma terrível e poderosa voz: 'Nossos irmãos, filhos de Israel, queridos e amados irmãos, venham para a terra de Israel. Reúnam-se um a um, não esperem palavras e ordens formais; não esperem permissões dos reconhecidos. Façam o que puderem, fujam e reúnam-se, venham para a terra de Israel. Pavimentem o caminho para nossa amada e oprimida nação. Mostrem-lhe que seu caminho já está pavimentado, esticado perante ela. Ela não deve repousar, ela não nada que exigir; ela não tem muitos caminhos e rotas. Há um caminho perante ela, e é este aquele em que ela marchará; é aquele que ela deve marchar, especificamente para a terra de Israel.’”148
O Rav Kook não estava só na sua preocupação. Na Polónia, um brilhante e jovem dayan (juiz ortodoxo) em Varsóvia - no tempo da maior e mais proeminente comunidade Judaica na Europa - Rav Yehuda Ashlag, que mais tarde se tornou um comentador reconhecido sobre O Livro do Zohar, não se ficou por anunciar publicamente que todos os Judeus devem fugir da Europa. Ele organizou a compra de 300 cabanas de madeira da Suécia e um lugar para eles serem erguidos na Terra de Israel (que era então chamada "Palestina").
Mas eis que, seu plano foi impedido pela oposição dos líderes da congregação Judia na Polónia. A consequência trágica do fracasso de Ashlag de trazer seus companheiros Judeus com ele foi de todos os Judeus que contemplaram vir com Ashlag, somente Ashlag e sua família eventualmente emigraram. O resto das famílias permaneceu na Polónia e pereceu no Holocausto.149
Tanto o Rav Kook e Rav Ashlag (Baal HaSulam) exprimiram como eles percepcionavam a subida do Nazismo ao poder, e especificamente Hitler. Mantendo em mente que Rav Kook morreu em 1935, quatro anos antes que 2ª Guerra Mundial até irrompesse. Abaixo estão as palavras editadas de Rav Kook (para as tornar mais amigáveis ao leitor, devido ao tamanho do texto e seu estilo anacrónico), seguidas das palavras de Baal HaSulam.
O profeta previu um grande Shofar da redenção. [Um Shofar é um chifre de carneiro usado para o sopro festivo, mas também um clarim.] Oramos especificamente pelo sopro do grande Shofar. Há vários graus num Shofar da redenção - um grande Shofar, um Shofar médio e um pequeno Shofar. O Shofar do Messias é considerado o Shofar de Rosh Hashaná [A Noite de Fim de Ano Judia]. A Halachá [Lei Judaica] distingue entre três graus no Shofar de Rosh Hashaná: 1) Um Shofar de Rosh Hashaná que é feito de um chifre de carneiro; 2) Em retrospectiva, todos os Shofarot são kosher, 3) Um Shofar de uma besta impura, bem como um Shofar de bestas de idolatria de um gentio não-kosher. Contudo, se um soprou tal Shofar, um fez o seu dever.
É permitido soprar qualquer Shofar, kosher ou não, desde que um não abençoe sobre ele, e os graus explicados na lei do Shofar de Rosh Hashaná coincidem com os graus do Shofar da redenção.
Todavia, o que é um Shofar da redenção? Pelo termo, "Shofar do Messias," referimo-nos ao despertar e confiança que causam a reanimação e redenção do povo de Israel. É este despertar que reúne os perdidos e os rejeitados, e os trás para a montanha da santidade em Jerusalém.
Durante as gerações, houveram aqueles em Israel que sentiram o despertar que deriva do desejo de fazer a vontade de Deus, que é a redenção completa de Israel [trazer todos de Israel à qualidade de doação]. Este é o delicado e grande Shofar, o desejo do povo ser redimido.
Por vezes o desejo esmorece e o zelo pelas noções sublimes da santidade não é tão fervente. Contudo, a natureza humana saudável permanece, e desencadeia um simples desejo na nação para estabelecer seu governo na sua terra. Esse desejo natural é o Shofar médio, comum, que está presente em todo o lugar. Esse, também, é ainda um Shofar kosher.
Porém, há um terceiro grau ao Shofar do Messias, que independentemente é comparável ao Shofar de Rosh Hashaná: ele é o Shofar pequeno, não-kosher, que é soprado somente se um Shofar kosher não puder ser encontrado.
Assim, se o zelo pela santidade e anseio pela redenção que derivam dele desapareceram por completo, e se o desejo natural nacional por uma vida nacional diminuiu, também, e nenhum Shofar kosher se encontre pelo qual soprar, os inimigos de Israel vêm e sopram nos nossos ouvidos pela nossa redenção. Eles forçam-nos a escutar a voz do Shofar; eles alertam e chocalham nos nossos ouvidos, e não nos dão repouso no exílio.
[Esta parte está citada em completo.] “Assim, o Shofar da besta imunda torna-se o Shofar do Messias. Amaleque, Petlura [Líder Ucraniano suspeito de ser antisemita], Hitler, e assim por diante, despertam pela redenção. Aquele que não escutou a voz do primeiro Shofar, ou a voz do segundo ... pois seus ouvidos estavam bloqueados, escutará a voz do Shofar impuro, o imundo [não-kosher]. Ele escutará contra sua vontade. ...Embora haja redenção nesse chicote, também, nos apuros dos Judeus, um não deve abençoar sobre tal Shofar.150
Baal HaSulam, também, fez várias referências ao Nazismo, incluindo como ele acreditava que ele podia ser derrubado. Nas suas palavras, “É impossível deitar o Nazismo abaixo senão através de uma religião de altruísmo.”151
Tome nota que quando Baal HaSulam fala de "religião de altruísmo," ele não pretende dizer que devemos realizar certos rituais ou observar condutas particulares.
Em vez disso, com "religião de altruísmo" ele pretende dizer uma que mudou a nossa natureza para aquela do altruísmo. Ao mesmo tempo, as pessoas escolherão se ficam ou não nas suas denominações formais, independentemente desta transformação.
Baal HaSulam também disputa a noção de que a Alemanha Nazi fora um evento único na história. Ele pode ter sido o primeiro, mas ele acreditava que a menos que façamos o que devemos, ele não será o último. Nas suas palavras, "Acontece que as pessoas pensam erradamente que o Nazismo é apenas um rebento da Alemanha ... todas as nações são iguais nisso, e é absolutamente fútil esperar que os Nazis pereçam com a vitoria dos Aliados, pois amanhã os Anglo-Saxões abraçarão o Nazismo...”152
À luz do pico no antissemitismo a nível mundial, seria sábio considerar seriamente as palavras destes homens sábios. Afinal, podemos ver evidentemente que o antissemitismo não desapareceu, nem o Nazismo ou o chamamento para se livrarem dos Judeus.
O QUE ELES PRECISAM E O QUE NÓS DAMOS
À face dele, parece que o mundo é ingrato pelas contribuições feitas pelos Judeus para o benefício da humanidade na ciência, educação, economia, sociologia, psicologia e virtualmente todo o reino da vida. Contudo, essa ingratidão ostensível deve servir como indicação que o que estamos a dar não é necessariamente o que eles precisam de nós. Na realidade, as pessoas realmente reconhecem a singularidade do povo Judeu, mas somos nós que usamos mal essa singularidade ao dar o que queremos dar, em vez do que eles querem receber.
Para entender melhor o que o mundo precisa de nós, devemos olhar para alguns dos documentos mais agudos escritos sobre Judeus. Um grande exemplo de tais documentos é o infame livro de Henry Ford (fundador da Ford Motor Company), O Judeu Internacional - O Principal Problema Do Mundo. Enquanto fazendo grosseiras generalizações, o livro frequentemente estabelece pontos que são vantajosos tomar em consideração. Para isso, contudo, devemos colocar de parte nossa afronta, e olhar verdadeiramente para os argumentos de Ford (ênfase em itálico é do editor): “Cada Judeu devia também saber que em cada igreja Cristã onde as antigas profecias são recebidas e estudadas, há um grande renascimento do interesse no futuro dos Povos Antigos. Não está esquecido que certas promessas foram feitas a eles a respeito de sua posição no mundo, e é mantido que estas profecias serão concretizadas.
O futuro do Judeu ... está intimamente ligado ao futuro deste planeta, e a igreja Cristã em ampla parte ... vê um Restauro do Povo Escolhido ainda por vir. Se a massa de Judeus soubesse quão compreensiva e simpaticamente todas as profecias que lhes dizem respeito estão a ser estudadas na Igreja, e a fé que existe que estas profecias encontrarão preenchimento e que elas resultarão em grande serviço Judaico à sociedade como um todo, eles provavelmente considerariam a Igreja com outra mente.”153
Inicialmente no livro, Ford escreve, “O inteiro propósito profético em referência a Israel parece ter a iluminação moral do mundo através de sua agência.”154
E noutro lugar, ele acrescenta, “A sociedade tem uma grande reivindicação contra [o Judeu] que ele ... comece a concretizar [o que], num sentido, sua exclusividade nunca ainda o permitiu concretizar - a antiga profecia que através dele todas as nações da terra sejam abençoadas.”155
John Adams, o segundo Presidente dos Estados Unidos, também comentou sobre o que ele acreditava que os Judeus haviam dado ao mundo. Nas suas palavras, “Os Hebreus fizeram mais para civilizar os homens que qualquer outra nação. Se eu fosse um ateu, e acreditasse em destino cego eterno, deveria ainda assim acreditar que esse destino havia ordenado os Judeus a serem o instrumento mais essencial para civilizar as nações. Se eu fosse um ateu de outra seita, que creio, ou finjo acreditar que tudo é ordenado por acaso, devo acreditar que a chance havia ordenado os Judeus preservassem e propagassem a toda a humanidade a doutrina de um supremo, inteligente, sábio, todo-poderoso soberano do universo, que creio ser o grande e essencial princípio de toda a moralidade, e consequentemente de toda a civilização.”156
Samuel Langhorne Clemens, melhor conhecido pelo seu pseudónimo, Mark Twain, reconhece a distinção Judia em todos os reinos de envolvimento humano, mas ele, também, acaba por ponderar a origem dessa proeminência: “...Se as estatísticas estão certas, os Judeus constituem apenas um por cento da raça humana. Isso sugere um fosco e nebuloso sopro de poeira das estrelas perdido na labareda da Via Láctea. Adequadamente, o Judeu pouco se devia ouvir falar dele, mas ele é escutado, foi escutado. Ele é tão proeminente no planeta como qualquer outro povo, e sua importância comercial é extravagantemente fora de proporção com a pequenez de sua massa. Suas contribuições à lista mundial dos grandes nomes na literatura, ciência, arte, música, finanças, medicina e aprendizagem confusa são também de longe fora de proporção com a fraqueza de seus números. Ele combateu maravilhosamente neste mundo, em todas as eras; e o fez com suas mãos atadas atrás dele. Ele podia ser vaidoso de si mesmo, e ser desculpado disso.
“O Egípcio, o Babilónio e o Persa, preencheram o planeta com som e esplendor, então esvaeceram em coisas sonhadoras e faleceram; os Gregos e os Romanos se seguiram, e fizeram amplo alarido, e foram-se. Outros povos nasceram e mantiveram sua tocha alta por um tempo, mas ela se apagou, e eles já estão sentados no crepúsculo agora, ou desapareceram. O Judeu os viu a todos, os venceu a todos, e é agora o que sempre foi, não exibindo decadência, nem enfermidades da idade, enfraquecimento de suas partes, nem abrandamento de suas energias, ou enfadar de seu alerta e mente agressiva. Todas as coisas são mortais menos o Judeu; todas as outras forças passam, mas ele permanece. Qual é o segredo de sua imortalidade?”157
E finalmente, há aqueles que não reconhecem que os Judeus são especiais no sentido espiritual, mais que no corpóreo, mas até detalham a essência dessa espiritualidade: união. Tal foi o caso do Primeiro Ministro do Reino Unido durante a 2ª Guerra Mundial, Sir Winston Churchill.
Em Churchill e os Judeus, o autor Martin Gilbert cita Churchill: “Os Judeus foram uma comunidade sortuda porque eles tinham esse espírito empresário, o espírito de sua raça e fé. [Churchill] não ... lhes pediria para usar esse espírito em qualquer sentido estreito ou de clãs, a se isolarem a si mesmos dos outros ... longe de seu humor e intenção, longe dos conselhos que lhes foram dados por aqueles mais intitulados a aconselhar. Esse poder pessoal e especial que eles possuíam os permitira trazer vitalidade para suas instituições, que nada mais traria. [Churchill acreditava sinceramente que] Um Judeu não pode ser um bom Inglês a menos que ele seja um bom Judeu.”158
Podemos desta forma ver que o que as nações querem dos Judeus não é excelência em ciência, finanças, ou qualquer dos outros reinos mencionados nas acima citações. O que o mundo precisa de nós é espiritualidade, nomeadamente a habilidade de se conectar ao Criador. Esta é a única coisa que possuímos, e que nenhuma outra nação tem, teve, pode, ou está destinada a possuir a menos que o reacendamos dentro de nós e o passemos como uma luz para as nações. Enquanto nos abstivermos de levar a cabo essa missão, as nações irão amplamente nos considerar dispensáveis, se não directamente injuriosamente, e certamente, como Ford afirmou, “O principal problema do mundo.”
POR FAVOR
Para demonstrar quão dispensáveis o mundo pode pensar que somos, consideremos os seguintes factos: Em 1938, Adolf Hitler estava disposto para enviar Judeus Alemães e Austríacos para quem quer que os quisesse. Ninguém quis. Hitler declarou que ele "só podia ter esperança e esperar que o outro mundo, que tem tamanha profunda simpatia por estes criminosos [Judeus], seria pelo menos generoso o suficiente para converter esta simpatia em ajuda prática. Nós [Alemanha Nazi], da nossa parte, estamos prontos para colocar todos estes criminosos à disposição destes países, no que me importa, até em navios de luxo.”159
E todavia, as nações unanimemente recusaram receber os Judeus. Em Julho de 1938, representantes de maioria dos países do mundo livre se reuniram em Évian-les-Bains, uma cidade turística na costa Sul do antigo Lago Léman, na França. Sua meta foi discutir, e encontrar soluções para o "problema Judeu," nomeadamente os Judeus que desejavam fugir da Alemanha e Áustria antes que fosse demasiado tarde. Os Judeus Alemães e Austríacos estavam muito esperançosos com a conferência. Eles acreditavam que os países participantes genuinamente procurariam ajudá-los e lhes ofereceriam um porto de abrigo. Eles foram amargamente desiludidos.
Enquanto os delegados da conferência exprimiam empatia pelos apuros dos Judeus sob o regime Nazi, eles não fizeram compromissos e não ofereceram soluções. Em vez disso retrataram a conferência como um mero começo, que nunca foi continuado. Diplomaticamente, os delegados afirmaram que, "A emigração involuntária de pessoas em grandes números tornou-se tão grande que ela torna os problemas raciais e religiosos mais agudos, aumenta agitação internacional e pode prejudicar seriamente os processos do apaziguamento nas relações internacionais.”160
Contudo, desde a conferência, convocada pelo Presidente dos Estados Unidos Franklin D. Roosevelt, reuniu-se sob uma condição prévia que "nenhum país seria forçado a mudar suas quotas de emigração, mas em vez disso seria pedido a voluntariamente mudar,”161 para a surpresa de ninguém, as resoluções da conferência ofereceram aos Judeus desesperados da Alemanha e Áustria pouca esperança.
De acordo com a Yad Vashem, o Centro Mundial para a Pesquisa, Documentação, Educação e Comemoração sobre o Holocausto, "À medida que a conferência progredia, delegado após delegado desculpava seu país de aceitar refugiados adicionais. O delegado dos Estados Unidos, Myron C. Taylor, afirmou que a contribuição do seu país faria a quota de imigração Alemã e Austríaca, que até a esse tempo havia permanecido por preencher, totalmente disponível. O delegado Britânico declarou que seus territórios além mar eram amplamente desadequados para a habitação Europeia, excepto em partes da África do Leste, que podiam oferecer possibilidades para números limitados. A própria Bretanha, sendo totalmente habitada e sofrendo de desemprego, também indisponível para imigração; e ele excluiu a Palestina da discussão em Evian inteiramente.
O delegado francês afirmou que a França havia alcançado 'o ponto extremo de saturação em respeito à admissão de refugiados.' Os outros países Europeus ecoaram este sentimento, com variações menores. A Austrália não podia encorajar a imigração de refugiados porque, 'uma vez que não temos um verdadeiro problema racial, não estamos desejosos de importar um.' Os delegados da Nova Zelândia, Canadá e as nações Latino-Americanas citaram a Depressão como a razão pela qual não podiam aceitar refugiados. Somente a minúscula Republica Dominicana se voluntariou para contribuir amplas áreas mas não especificadas para a colonização agrícola.”162
Alguns meses depois da conferência, as portas se haviam fechado e o destino da Judiaria Europeia estava selado.
ANTISSEMITISMO DISFARÇADO
Enquanto as atrocidades do Holocausto ajudaram o estabelecimento Judaico em Israel a ganhar reconhecimento e compaixão, e o Estado Judeu de Israel tivesse sido fundado em 1948, ele fez muito pouco para desenraizar o antissemitismo. Em vez disso, o antissemitismo adquiriu uma nova forma: “anti-Sionismo.”
Há aqueles que argumentam que o anti-Sionismo difere do antissemitismo. Baal HaSulam, pelo contrário, afirma que o ódio aos Judeus é precisamente isso, independentemente da forma que ele assume. No seu estilo sucinto e directo, ele escreve, “É um facto de que Israel é odiada por todas as nações, seja por razões religiosas, razões raciais, razões capitalistas, razões comunistas, ou razões cosmopolitas. É assim porque o ódio precede todas as razões, mas cada [pessoa] resolve meramente sua repugnância de acordo com a sua própria psicologia.”163
Mas como é frequentemente o caso com os Judeus, nossos melhores advogados vêm de entre as nações. Cerca de um ano antes da Guerra dos Seis Dias de 1967, o escritor social americano, Eric Hoffer, a quem foi atribuída a Medalha Presidencial da Liberdade, e em cuja honra o Prémio Eric Hoffer foi estabelecido, publicou uma carta aberta no Los Angeles Times. Talvez fosse o facto de Sr. Hoffer não ser Judeu que o permitiu escrever tão candidamente sobre o estado dos Judeus no mundo.
“Os Judeus são um povo peculiar,” começa ele. “Coisas permitidas a outras nações são proibidas aos Judeus. Outras nações expulsam milhares, até milhões de pessoas, e não há problema de refugiados. A Rússia fez-o, a Polónia e a Checoslováquia fizeram-o. A Turquia expulsou um milhão de Gregos e a Algéria um milhão de Franceses. A Indonésia expulsou sabe Deus quantos Chineses e ninguém diz uma palavra sobre refugiados. Mas no caso de Israel, os Árabes deslocados tornaram-se refugiados eternos. Todos insistem que Israel deve receber todo e cada Árabe.
“[O historiador Britânico] Arnold Toynbee chama à deslocalização dos Árabes uma atrocidade maior que qualquer uma cometida pelos Nazis.
“Outras nações, quando vitoriosas no campo de batalha, ditam os termos de paz. Mas quando Israel é vitoriosa, ela deve pedir pela paz. Todos esperam que os Judeus sejam os únicos Cristãos verdadeiros neste mundo.
“Outras nações - quando são derrotadas - sobrevivem e recuperam, mas caso Israel fosse derrotada, ela seria destruída. Tivesse Nasser [Presidente do Egipto durante a Guerra dos Seis Dias de 1967] triunfado em Junho passado ele teria apagado Israel do mapa e ninguém levantaria um dedo para salvar os Judeus. Nenhum compromisso aos Judeus por qualquer governo, incluindo o nosso [Governo Americano], vale o papel em que está escrito.
“Há um grito de revolta por todo o mundo quando morrem pessoas no Vietname ou quando dois Negros são executados na Rodésia. Mas quando Hitler assassinou Judeus ninguém protestou com ele. Os Suecos, que estão prontos para romper relações diplomáticas por causa do que fizemos no Vietname, não soltaram um pio quando Hitler matava Judeus. Eles enviaram à escolha de Hitler minério de ferro e rolamentos de esferas, e serviram às suas tropas comboios para a Noruega.
“Os Judeus estão sozinhos no mundo. Se Israel sobrevive é somente devido aos esforços Judaicos, e recursos Judaicos. Todavia neste momento Israel é o nosso único aliado confiável e incondicional. Podemos contar mais em Israel que Israel pode contar connosco. E um só tem de imaginar o que aconteceria no verão passado tivessem os Árabes e seus apoiantes Russos vencido a guerra para perceber quão vital é a sobrevivência de Israel para a América e para o Ocidente em geral.
“Tenho uma premonição que não me deixará; como for com Israel assim será com todos nós. Caso Israel pereça o holocausto será sobre nós.”164
Outro exemplo marcante de simpatia relata desta vez o debate sobre aquele que se opõe ao Sionismo também se opõe aos Judeus. Abaixo estão as extraordinárias palavras do Reverendo Martin Luther King Jr., que, numa carta a um amigo, defende os Judeus em geral, e o estado Judeu em particular, em tamanha eloquência constrangedora que os Ministros dos Negócios Estrangeiros de Israel só podem invejar.
Aqui está a “Carta a um Amigo Anti-Sionista” de Martin Luther King: “...Tu declaras, meu amigo; que não odeias os Judeus, que és meramente 'anti-Sionista.' E eu digo, deixa que a verdade soe em diante dos altos cumes das montanhas, deixa que ela ecoe através dos vales da terra verde de D-us: Quando as pessoas criticam o Sionismo, elas querem dizer Judeus - esta é a verdade própria de D-us.
“Antissemitismo, o ódio do povo Judeu, foi e permanece uma mancha na alma da humanidade. Nisto estamos completamente de acordo. Então sabe também isto: anti-Sionismo é inerentemente antisemita, e sempre o será.
“Porque é isso? Tu sabes que o Sionismo é nada menos que o sonho e ideal do povo Judeu regressar para viver na sua própria terra. O povo Judeu, as Escrituras contam-nos, em tempos desfrutavam de uma riquezacomum florescente na Terra Santa. Disto foram expulsos pelo tirano Romano, os mesmos Romanos que cruelmente assassinaram nosso S-nhor. Empurrados de sua pátria, sua nação em cinzas, forçados a vaguear pelo globo, o povo Judeu nova e novamente sofreu o chicote de qualquer que fosse o tirano que governasse sobre eles.
“...Quão fácil seria, que qualquer um que tenha como caro este direito inalienável de toda a humanidade, de compreender e apoiar o direito do Povo Judeu a viver na sua antiga Terra de Israel. Todos os homens de boa vontade exultarão a concretização da promessa de D-us que Seu povo deve regressar em alegria para reconstruir sua saqueada terra. Isto e Sionismo, nada mais, nada menos.
“E o que é anti-Sionismo? É a negação ao povo Judeu um direito fundamental que justamente reivindicamos para o povo de África e concordamos livremente para todas as outras nações do mundo. É discriminação contra Judeus, meu amigo, porque eles são Judeus. Abreviadamente, é antissemitismo.
“O antisemita rejubila em qualquer oportunidade de desafogar esta malícia. Os tempos tornaram-o impopular, no Ocidente, proclamar abertamente um ódio aos Judeus. Sendo este o caso, o antisemita deve constantemente procurar novas maneiras e fóruns para seu veneno. Como deve se deve ele deleitar no novo baile de mascaras! Ele não odeia os Judeus, ele é apenas 'anti-Sionista!'
“Meu amigo, eu não te acuso de antissemitismo intencional. Sei que sentes, tanto quanto eu, um profundo amor à verdade e justiça e repulsa pelo racismo, preconceito e discriminação. Mas sei que foste enganado - como outros foram - a pensar que podes ser 'anti-Sionista' e ainda permanecer verdadeiro a aqueles princípios sentidos que tu e eu partilhamos. Deixa que minhas palavras ecoem nas profundezas de tua alma: Quando as pessoas criticam o Sionismo, elas querem dizer judeus - não te enganes nisso.”165
Aproximadamente desde a viragem do século, temos testemunhado um aumento no antissemitismo por todo o mundo. Um relatório executivo emitido pelo Departamento Estatal dos EUA confirma que "A frequência crescente e severidade de incidentes antisemitas desde o começo do século XXI ... obrigou a comunidade internacional a se concentrar no antissemitismo com vigor renovado. ...Em recentes anos, incidentes foram mais direccionados em natureza com os infractores parecerem ter intenção especifica de atacar os Judeus e o Judaísmo.”166
Em alguns casos, há antissemitismo onde não há Judeus de todo! Um relatório intitulado, "Antissemitismo sem Judeus," pela escritora, editora e fotografa Ruth Ellen Gruber, detalha a prevalência do antissemitismo na Europa, até onde não há Judeus que se pareça. De acordo com Gruber, “Foi-me pedido para discutir o fenómeno do 'antissemitismo sem Judeus' em termos históricos, mas também dentro do contexto do que foi chamado o 'novo antissemitismo' que se manifestou a si mesmo na Europa - e, certamente, noutro lugar ... Eu tenho de dizer que não estou realmente confortável com o termo 'novo antissemitismo.' Como o London Jewish Chronicle o colocou num editorial no ano passado, o antissemitismo tem o ‘sono leve,’ fácil de despertar. É também frequentemente referido como um vírus, um vírus proteico que, como as viroses causadoras de doenças no corpo humano, é capaz de se mutar de uma maneira oportunista para derrotar quaisquer defesas ou anti-corpos que possam ser edificados contra ele. Isso foi feito tantas vezes, até em países Pós-Holocausto cuja população Judaica é praticamente invisível. E o está a fazer agora.”167
Talvez menos surpreendente, mas ainda assim inquietante, é o fenómeno do antissemitismo formal da Malásia. Em 6 de Outubro de 2012, Robert Fulford do Canadian National Post, publicou uma história sobre o antissemitismo na Malásia, afirmando que na Malásia, "Políticos e funcionários públicos devotam uma quantidade de tempo surpreendente para pensar sobre Israel, a 7,612 km [4730 milhas] de distância. Por vezes parecem ser obcecados com isso. A Malásia nunca teve uma disputa com Israel, mas o governo encoraja os cidadãos a odiarem Israel e também a odiarem Judeus se eles são Israelitas ou não.”168
“Poucos Malaios puseram olhos num Judeu; a minúscula comunidade Judaica emigrou há décadas atrás,” escreve Fulford.
“Independentemente, a Malásia tornou-se um exemplo de um fenómeno chamado 'Antissemitismo sem Judeus.' No passado Março, por exemplo, o Departamento de Território Federal de Assuntos Islâmicos enviou um sermão oficial para ser lido em todas as mesquitas, afirmando que 'Muçulmanos devem entender que os Judeus são o maior inimigo aos Muçulmanos como provado pelo seu comportamento egoísta e assassínios realizados por eles.’
“Em Kuala Lumpur, é rotina culpar os Judeus por tudo desde fracassos económicos à má imprensa que a Malásia recebe em jornais estrangeiros (‘Mantidos por Judeus’).”169
Evidentemente, até o Holocausto não mudou as mentes das pessoas em respeito aos Judeus. Como escrevi no Prefácio a este livro, "desde a viragem do século, o antissemitismo tem estado a aumentar uma vez mais, desta vez por todo o mundo. O espectro do ódio aos Judeus enraizou-se mundialmente." A simpatia que tivemos após a 2ª Guerra Mundial foi evidentemente de pouca duração, e agora uma nova onda, ainda mais ampla que sempre de antissemitismo está a aumentar.
No Capítulo 2 citámos as palavras de Rabi Nathan Shapiro: “Há quatro forças no homem - inanimado, vegetativo, animal e falante - e Israel têm ainda outra quinta parte, pois eles são o Divino falante.”170 Se mantivermos em mente que a meta da criação é que todos alcancem o último grau, que somente Israel tem, e que Abraão havia pretendido dar a todos os seus conterrâneos Babilónios, veremos que o que precisamos de dar ao mundo é uma coisa muito simples - a qualidade de doação, incorporada na máxima, "Ama teu próximo como a ti mesmo." Quando o egoísmo prospera pelo mundo, esta qualidade é o único remédio que consegue compensar uma colisão global de proporções sem precedentes.
Os Judeus, desta forma, devem reacender esse traço dentro deles enquanto indivíduos e enquanto nação e conduzir o caminho para o todo da humanidade. Certamente, adquirir a qualidade de doação é comparável à revelação do Criador através de equivalência de forma. Lamentavelmente, como o próximo capítulo demonstrara, frequentemente tentamos evitar essa missão, seja porque não estamos conscientes disso, ou porque não temos desejo por isso. Assim, em vez de abraçar nossa vocação e pavimentar o caminho para a luz para o todo da humanidade, tentamos nos assimilar a nós mesmos até à extinção e ser como todas as outras nações.
147 Paul Johnson, A History of the Jews (New York, First Perennial Library, 1988), 2.
148 Rav Yitzhak HaCohen Kook (the Raiah), Essays of the Raaiah, vol. 2, “The Great Call for the Land of Israel,” 323.
149 Aaron Soresky, “The ADMOR, Rabbi Yehuda Leib Ashlag ZATZUKAL— Baal HaSulam: 30th Anniversary of His Departure,” Hamodia, 9, Tishrey, TASHMAV (September 24, 1985).
150 Rav Avraham Kook (Raaiah), Essays of the Raaiah, vol. 1, pp 268-269.
151 Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), The Writings of Baal HaSulam, “The Writings of the Last Generation,” 853.
152 Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), The Writings of Baal HaSulam, “The Writings of the Last Generation,” 841.
153 Henry Ford, The International Jew—The World’s Foremost Problem (The Noontide Press: Books On-Line), 40.
154 Henry Ford, The International Jew—The World’s Foremost Problem (The Noontide Press: Books On-Line), 8.
155 Henry Ford, The International Jew—The World’s Foremost Problem (The Noontide Press: Books On-Line), 28.
156 John Adams, in a letter to F. A. Vanderkemp (16 February 1809), as quoted in The Roots of American Order (1974) by Russel Kirk.
157 Mark Twain, The Complete Essays of Mark Twain, “Concerning The Jews” (published in Harper’s Magazine, 1899), Doubleday, [1963], pg. 249.
158 Martin Gilbert, Churchill and the Jews (UK, Simon & Schuster, 2007), 16.
159 Ronnie S. Landau, The Nazi Holocaust: Its History and Meaning (US: Ivan R. Dee, 1994), 137.
160 “Decisions Taken at the Evian Conference On Jewish Refugees” (July 14, 1938), Jewish Virtual Library, url: http://www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/Holocaust/evian.html.
161 Yad Vashem, Shoah Resource Center, “Evian Conference,” url: http://www1.yadvashem.org/odot_pdf/Microsoft%20Word%20-%206305.pdf.
162 Yad Vashem, “Related Resources, Evian conference,” url: http://www1.yadvashem.org/yv/en/exhibitions/this_month/resources/evian_conference.asp.
163 Baal HaSulam, The Writings of Baal HaSulam, “The Writings of the Last Generation,” 832-833.
164 Eric Hoffer, Los Angeles Times, May 26, 1968.
165 From M.L. King Jr., “Letter to an Anti-Zionist Friend,” Saturday Review XLVII (August 1967), p. 76 Reprinted in M.L. King Jr., “This I Believe: Selections from the Writings of Dr. Martin Luther King Jr.”), url: http://www.internationalwallofprayer.org/A-022-Martin-Luther-King-Zionism.html.
166 U.S. Department of State, “Report on Global Anti-Semitism (January 5, 2005), url: http://www.state.gov/j/drl/rls/40258.htm.
167 Ruth Ellen Gruber, “Anti-Semitism without Jews,” url: http://www.annefrank.org/ImageVaultFiles/id_11774/cf_21/Gruber.pdf.
168 Robert Fulford, “Anti-Semitism without Jews in Malaysia,”