CAPÍTULO 10
Viver num Mundo Integrado
Requer Educação Integral
No capítulo anterior, citámos as palavras de Baal HaSulam do seu ensaio, “A Liberdade,” afirmando que estamos “obrigados a pensar e examinar como eles [o meio social] sugerem,” e que nós somos “negados de qualquer força para criticar ou mudar.”247 Baal HaSulam concluiu que para evitar um destino predeterminado, podemos mudar o meio ambiente, que por sua vez nos mudará e nossos destinos. Nas suas palavras, “Aquele que se esforça por continuamente escolher um bom meio ambiente é digno de louvor e recompensa ... não devido aos seus bons pensamentos e acções ...mas devido aos seus esforços para adquirir um bom meio ambiente, que trás... bons pensamentos.”248
Para o colocar em termos mais contemporâneos, em prol de canalizarmos nossas vidas e as vidas dos nossos filhos numa direcção mais positiva, precisamos de nutrir valores sociais que promovam a direcção positiva que desejamos instar. Precisamos de nos educar a nós mesmos, nossos filhos, e a sociedade como um todo em direcção à garantia mútua, responsabilidade mútua e eventualmente para a união e coesão. Como foi demonstrado pelo livro, essa é nossa vocação enquanto Judeus.
Não precisamos de conceber qualquer novo meio de educação para alcançar esta meta. Tudo o que precisamos é mudar o meio que já usamos — os mass media, a Internet, o sistema de educação, nossos laços sociais e familiares — em relação a promover afinidade e separação e alienação.
Embora mais frequente que o inverso, os traços de união e afinidade, e acima de tudo, de responsabilidade mútua, estão dormentes dentro de nós Judeus, é nosso dever, certamente nossa vocação os despertar e os oferecer como nossa dádiva ao mundo. Como foi demonstrado repetidamente neste livro, união é a dádiva dos Judeus, a qualidade que nos torna únicos, e a qualidade que devemos doar sobre o resto do mundo. Ela é a qualidade de que o mundo precisa hoje, e somos nós que estamos obrigados a nutri-la por dentro, e então a entregar ao mundo.
Há duas maneiras de transmitir garantia mútua e a qualidade de doação. A primeira, dirigida a aqueles com "pontos no coração," como mencionado anteriormente no livro, é um estudo directo da Cabala. De acordo com o nosso nível de interesse, isso pode ser feito em variados níveis de intensidade, desde ver programas de TV a estudar atentamente (e intensamente) com um grupo e um professor. A outra maneira é um método de educação direccionada à união dirigido a induzir coesão e um sentido de responsabilidade mútua dentro da sociedade. Elaborarei sobre estas maneiras uma de cada vez.
O CAMINHO DO "PONTO NO CORAÇÃO"
Para alguns de nós, a maneira de chegar à união é relativamente simples. Já mencionámos o "ponto no coração," essa sede de compreender do que se trata a vida, o que faz o mundo girar, o anseio que permitiu a Adão, Abraão, Isaac, Jacob, Moisés e a nação inteira que surgiu dos exilados da Babilónia a desenvolver um método de correcção que torna a inclinação do mal em bondade. Aqueles que têm esse ponto no coração podem começar a estudar os textos que os Cabalistas deixaram para nós como um meio de alcançar o Criador, a qualidade de doação. No caminho eles aprenderão como se unirem num nível profundo e estarão prontos para passar essa união aos outros.
Na nossa geração, os textos mais instrumentais para alcançar esses propósitos são O Livro do Zohar com o comentário Sulam (Escada) de Baal HaSulam, os escritos do ARI, preferencialmente com os comentários de Baal HaSulam, publicados no seu Talmud Eser Sefirot (O Estudo das Dez Sefirot), bem como os outros escritos de Baal HaSulam, publicados em Os Escritos de Baal HaSulam, para tornar estes textos e outros mais acessíveis, estabelecemos uma biblioteca online gratuita de textos autênticos Cabalísticos, traduzidos em dezenas de línguas.
No Hebraico original, eles podem ser encontrados em www.kab.co.il, e traduções de muitos dos textos, inclíndo até uma versão de O Livro do Zohar, intitulada, Zohar para Todos, que consolida o texto de Rabi Shimon Bar Yochai (Rashbi) com o comentário de Baal HaSulam — existem em Inglês bem como em www.kabbalah.info, a custo zero e sem quaisquer condições prévias.
Também disponíveis nos supramencionados endereços web estão os escritos de meu professor, Rav Baruch Shalom Ashlag (o Rabash), o primogénito de Baal HaSulam, e sucessor. Embora poucos dos seus escritos tenham sido traduzidos para Inglês, todos os seus ensaios que ensinam aos estudantes como promover união em grupos de estudantes foram publicados em Inglês no livro, The Social Writings of Rabash. Para aqueles que preferem cópias originais dos textos, todas as mencionadas publicações existem impressas, e podem ser adquiridas em www.kabbalahbooks.info ou em amazon.com e outras lojas online.
Adicionalmente, estudantes veteranos estabeleceram um Centro de Educação que ensina as bases da Cabala e como a implementar para que ela se torne parte da nossa vida diária, complementando o nosso crescimento pessoal para obter as nossas metas na vida. Para estudantes mais avançados, lecciono uma aula de três horas diária transmitida ao vivo em www.kab.tv, com simultâneas interpretações para todas as principais línguas — Inglês, Espanhol, Francês, Russo, Alemão e outras. Em três aulas, procuro avançar os estudantes tão rápido quanto o possível e facilmente enquanto aderindo aos modos de ensino que recebi do meu professor veterano, o Rabash.
Nos últimos anos, também temos transmitido programas em canais de televisão americanos tais como JLTV e a Shalom TV, principalmente aos fins-de-semana. Naturalmente, estes programas não são estudos "hardcore" de Cabala, mas certamente são uma grande referência para qualquer um que deseje "molhar os seus pés" e ver de que se trata este estudo.
EDUCAÇÃO INTEGRAL DIRECCIONADA À UNIÃO
Estudar Cabala é uma maravilhosa maneira para alcançar união. Ela é um método construído especificamente para esse propósito. Contudo, maioria das pessoas não têm um "ponto no coração" vigoroso que exige respostas. É desta forma improvável que a maioria das pessoas se deseje envolver nestes estudos. E todavia, a necessidade de estabelecer uma sociedade coesiva é uma necessidade global, não uma pessoal, Judaica, ou até relacionada a um país.
Dave Sherman, um estratega de negócios líder e perito em sustentabilidade descreveu o presente predicamento global no filme, Crossroads: Dores de Parto de uma Nova Visão Mundial: “O último Relatório de Riscos Globais, publicado pelo Fórum Económico Mundial, apresenta um mapa de interligação de riscos surpreendente. Ele revela claramente como todos os riscos globais estão interrelacionados e entrelaçados, tal que riscos económicos, ecológicos, geopolíticos, sociais e tecnológicos são interdependentes. Uma crise numa área rapidamente conduzirá a uma crise noutras áreas. A interligação e complexidade deste mapa comparou para nossa surpresa o impacto e velocidade das recentes crises financeiras ilustrando a discórdia que existe entre todos os sistemas que construímos, e demonstra precisamente quão desconexos nos tornámos. Nossas tentativas de gerir estes sistemas são fragmentadas e simplistas, e não estão à altura dos desafios que hoje enfrentamos.”249
Para responder precisamente a esse contraste entre nossa própria desconexão e a interligação dos sistemas que construímos, precisamos de desenvolver pensamento interligado, e percepção inclusiva do nosso mundo. Educação Integral (EI), a anteriormente mencionada "educação direccionada à união," responde precisamente a esses pontos.
O termo, “integral,”de acordo com Thomas J. Murray da Escola de Educação na Universidade de Massachusetts, “significa muitas coisas para muitas pessoas, e o mesmo é verdadeiro para Educação Integral.”250 A percepção mais comum da EI, é descrita na Wikipedia, é que ela é “a filosofia e a prática da educação para a criança inteira: corpo, emoções, mente, alma e espírito.”251
Relacionar-se à criança inteira no processo de educação é certamente recomendado. Contudo, no mundo interligado de hoje, simplesmente não é suficiente. Como demonstrámos no capítulo anterior, aprendemos principalmente, senão somente através do meio ambiente. Desta forma, o foco da educação deve estar sobre formar um meio ambiente que inste nossos valores escolhidos e informação nas crianças e adultos em semelhança.
ESCOLA PARA ADULTOS: UM GUIA PARA OS PERPLEXOS
Além do nível falante e humano da Natureza, todos os outros níveis, inanimado, vegetativo e animado, operam em garantia mútua. Homeoestase, como definida no Dicionário Webster, corresponde perfeitamente à descrição de garantia mutua em todos os níveis abaixo do falante: “Um estado relativamente estável de equilíbrio ou uma tendência para tal estado entre os diferentes mas interdependentes elementos ou grupos de elementos de um organismo, população ou grupo.”252
Nossa presente sociedade, predominantemente capitalista, afasta-se do equilíbrio, zomba da tendência para ele, e tem pavor de interdependência. Na realidade, patrocinamos e lutamos pelo oposto. Louvamos concretizações individuais no desporto, negócios, políticas e no ensino, e idolatramos aqueles no topo. Negligenciamos aqueles que contribuem para o bem estar do colectivo e acarinhamos o individualismo e independência.
Mas uma sociedade que funcione desta maneira não consegue durar muito tempo. Pense em corpos humanos. Se nossos corpos se conduzissem a si mesmos pelos valores que predominam nossa sociedade, não duraríamos além da diferenciação celular inicial na fase do embrião. Assim que as células começassem a formar diferentes órgãos, elas começariam a lutar umas com as outras pelos recursos e o embrião se desintegraria. A vida não seria possível se qualquer parte dela abraçasse os valores individualistas acabados de descrever. É porque a vida, isto é a Natureza, adere às regras da homeoestase que nos podemos desenvolver e sustentar a nós mesmos, e evoluímos até ao ponto em que podemos ponderar a natureza e propósito de nossa existência.
Certamente, não só os organismos, mas nosso inteiro ecossistema planetário, até o cosmos, estão num estado de homeoestase. Quando o equilíbrio se desmorona, problemas em breve se seguem. Um relatório revelador submetido ao Departamento da Educação Americano em Outubro de 2003 por Irene Sanders e Judith McCabe claramente demonstra o que acontece quando desequilibramos um ecossistema do seu estado homeoestático.
“Em 1991, uma orca, baleia assassina, foi vista a comer um lontra. As orcas e lontras normalmente coexistem pacificamente. Então, o que aconteceu? Os ecologistas descobriram que o sebastes e arenque também estavam a declinar. As orcas não comem esses peixes, mas focas e leões marinhos sim. E focas e leões marinhos são o que as orcas normalmente comem, e sua população também declinou. Então privadas de suas focas e leões marinhos, as orcas começaram a se voltar às brincalhonas lontras marinhas para seu jantar.
“Então as lontras desapareceram devido aos peixes, que elas nunca comeram em primeiro lugar, desapareceram. Agora, a ondulação espalha-se. As lontras já não estão lá para comer os ouriços do mar, então a população de ouriços do mar explodiu. Mas os ouriços do mar vivem de florestas de algas do fundo do mar, então eles estão a matar as algas. Algas foram o lar para os peixes que alimentam as gaivotas e águias. Como as orcas, as gaivotas podem encontrar outra comida, mas as águias não conseguem e estão em apuros.
“Tudo isto começou com o declinio do sebastes e arenque. Porquê? Bem, os caçadores de baleias japoneses têm matado a variedade de baleias que comem os mesmos organismos microscópicos que alimentam o pollock [um tipo de peixe carnívoro]. Com mais peixe para comer, o pollock floresce. Eles por sua vez atacam o sebastes e arenque que eram comida para as focas e leões marinhos. Com o declínio na população de leões marinhos e focas, as orcas têm de se voltar para as lontras.”253
Pense na maneira que nos comportamos uns para os outros. Somos competitivos, alienados, isolados uns dos outros, e aspiramos sobressair sobre os outros. Mantenha em mente que esta não é a excepção, mas a regra, os valores que ensinamos aos nossos filhos como a maneira "certa" de ser. É por isso que uma escola adulta, um guia para o adulto perplexo, é necessária.
A maneira na qual esta escola vai operar deve variar de lugar para lugar e de país para país. Cada nação e pais tem a sua própria mentalidade e cultura, um nível diferente de avanço tecnológico e meio de comunicação, e tradições pelas quais as pessoas aprendem. Por esta razão, cada país, por vezes cada cidade terá de desenvolver seu próprio método de instrução. Contudo, o conteúdo fundamental, os princípios que todos estes sistemas de educação adulta vão leccionar devem ser os mesmos. Caso contrário o resultado será disparidade no compromisso populacional para a responsabilidade mútua e compreensão da sua importância nas nossas vidas.
Vamos examinar alguns dos princípios fundamentais que a educação para a garantia mútua deve instar.
Media Pró-social
Nos Escritos de Baal HaSulam, Ashlag afirma, “O maior de todos os imagináveis prazeres é ser favorecido pelas pessoas. É vantajoso desperdiçar toda a nossa energia e prazeres corpóreos para obter uma certa quantia de dessa doce coisa. Este é o íman que atraiu os maiores de todas as gerações, e pelo qual eles trivializaram a vida da carne.”254
Desta forma, para alterar nosso comportamento social, nós devemos mudar o nosso meio social de um que promove individualidade a um que promove mutualidade. Praticamente falando, podemos usar os media para demonstrar como o trabalho em grupo rende melhores resultados que o trabalho individual, e como a competição é prejudicial à nossa felicidade e saúde. Assim que percebemos que há uma recompensa maior na conduta cooperativa que no individualismo, será fácil colaborar e partilhar.
No seu livro inspirador, A Sabedoria das Equipas: Criar a Organização de Alta-Performance, os autores Jon R. Katzenbach e Douglas K. Smith descrevem uma história de sucesso que vale a pena mencionar no contexto das vantagens do trabalho de equipa. A Burlington Northern Railroad era uma empresa bem sucedida de transportes, e é actualmente parte de uma grande corporação detida pela Berkshire Hathaway, que é controlada pelo investidor Warren Buffett.
Em 1981, a Burlington Northern Railroad foi revolucionada por sete homens — Bill Greenwood, Mark Cane, Emmett Brady, Ken Hoepner, Dave Burns, Bill Dewitt, e Bill Berry — que usaram a desregulação Americana da indústria ferroviária para acelerar a entrega de fretes e minimizar o custo da entrega. É assim que Katzenbach e Smith descrevem o espírito com o qual eles levaram a cabo essa revolução: “Todas as verdadeiras equipas partilham um compromisso ao seu propósito comum. Mas somente membros de equipa excepcionais ... também se tornam profundamente dedicados uns aos outros. Os sete homens desenvolveram uma preocupação e compromisso um pelo outro tão profundas como sua dedicação à visão que estavam a tentar concretizar. Eles procuraram o bem estar uns dos outros, apoiaram-se uns aos outros quando quer e como quer que fosse necessário e trabalharam constantemente uns com os outros para fazer o que fosse necessário fazer.”255
Tal história podia ser um advogado poderosos para o caso da união sobre a competição. O único problema é que no nosso mundo ultra-competitivo, até a união é usada para ganhar alavanca pessoal para o grupo que a pratica (ou devemos dizer, que a comete, devido ao seu mau uso). No mundo interligado e interdependente de hoje, este tipo de união é instável.
Na nossa sociedade egocêntrica, união durará somente enquanto for lucrativa para os indivíduos envolvidos. No capítulo anterior, na secção, “De EU, a Nós, a Um,” descrevemos os efeitos doentes da competição. Ao mesmo tempo, reconhecemos que "com nosso presente conhecimento da natureza humana, não podemos evitar esta atitude competitiva e alienante porque ela vem de dentro de nós, uma ditadura do quarto nível falante de desejo, e não podemos parar a evolução dos desejos."
Contudo, já dissemos que não precisamos de impedir nossa evolução, só mudar para uma direcção construtiva para todos. O meio mais instrumental para concretizar isto é através dos mass media. Se desenvolvermos conteúdo media pró-social e nos bombardearmos a nós mesmos com ele tanto quanto actualmente nos bombardeamos a nós mesmos com anúncios e informativos que visam esgotar nossas contas bancárias, nos encontraremos a nós mesmos a viver numa sociedade muito diferente da nossa presente.
Os meios domésticos contemporâneos das pessoas contêm uma grande dose de entretenimento dos media, seja através da TV ou via a Internet. Uma publicação pelo Departamento de Educação Americano intitulada, “Guia dos Media — Ajudar Sua Criança Na Adolescência Inicial,” afirmou, “É difícil compreender o mundo dos jovens adolescentes sem considerar o enorme impacto dos mass media nas suas vidas. Eles competem com a família, amigos, escolas, e comunidades na sua habilidade de moldar os interesses, atitudes e valores dos jovens.”256
Lamentavelmente, a maioria dos interesses que os media moldam são anti-sociais.
Por exemplo, uma publicação online pela Universidade do Sistema de Saúde de Michigan afirma que “Literalmente milhares de estudos desde os anos 50 questionaram se há um elo entre a exposição à violência dos media e comportamento violento. Todos senão 18 responderam, ‘Sim.’ …De acordo com a AAP (Academia Americana de Pediatras), ‘Extensiva evidência de pesquisas indica que a violência dos media pode contribuir para o comportamento agressivo, dessensibilização à violência, pesadelos e medo de ser magoado.’”257
Para compreender quanto a violência as jovens mentes absorvem, considere esta peça de informação da publicação acima mencionada: “Uma criança mediana Americana verá 200.000 acções violentas e 16.000 assassinatos na TV pelos 18 anos de idade.”258 Se este número não parece alarmante, considere que há 6.570 dias em dezoito anos. Isto significa que em média, pelos dezoito anos de idade uma criança terá sido exposta a ligeiramente mais de trinta acções de violência na TV, 2.4 dos quais são assassinatos, todos os dias da sua vida jovem.
Na mesma nota, no seu livro, Desenvolvimento Durante a Vida: Uma Abordagem Psicológica, publicado em 2008, Barbara M. Newman, PhD, e Philip R. Newman descrevem como “Exposição a muitas horas de violência na televisão aumenta o reportório de comportamento das jovens crianças e aumenta a prevalência de sentimentos de cólera, pensamentos e acções. Estas crianças são apanhadas na fantasia violenta, tomando parte na situação televisiva enquanto assistem.”259
Se nos recordarmos dos neurónios-espelho, e considerarmos quanto nós, e especialmente crianças, aprendem por imitação, podemos só imaginar que dano irreversível ver violência lhes causa, e já estamos a sentir os efeitos desta enferma educação.
Desta forma, desenvolver media que sejam pró-sociais e pró-responsabilidade mútua é imperativo para nossa sobrevivência enquanto sociedade habitável. Isso deve desempenhar um papel chave na mudança da atmosfera pública de alienação para camaradagem. Os media fornecem-nos praticamente tudo o que sabemos sobre o nosso mundo. até a informação que recebemos de amigos e da família frequentemente chega via os media — a versão moderna da parreira.
Mas os media não nos fornecem simplesmente informação. Eles também nos oferecem petiscos sobre pessoas que aprovamos ou desaprovamos, e formamos nossas visões baseando-nos no que vemos, escutamos, ou lemos nos media. Porque seu poder sobre o público não tem rival, se os media mudam para a convergência e união, eles também mudarão a visão mundial de maioria das pessoas para esses valores.
Presentemente, os media focam-se em indivíduos bem sucedidos, magnatas da media, mega estrelas pop, e indivíduos ultra bem sucedidos que fizeram milhões às costas dos seus rivais. Em tempos de crise, tais como depois do Furacão Sandy, ou durante inundações, as pessoas unem-se em prol de se ajudarem umas às outras. Em tais tempos estas histórias, que os media transmitem abundantemente, ajudam a levantar a moral e dão-nos esperança de que o espírito humano não seja mau de todo. Mas, assim que o próximo item de noticias aparece, os media correm atrás dessa história e desaparece, levando com ela a fé no espírito humano.
Em vez disso, sensações de suspeita e alienação reavem o horário nobre.
Para instalar uma mudança duradoura e fundamental na nossa visão mundial, para nos fazer desejar a qualidade de doação, os media devem apresentar a imagem completa da realidade, e nos informar da sua estrutura interligada e interdependente. Para este fim, eles devem produzir programas que demonstrem como essa qualidade afecta todos os níveis da Natureza — inanimado, vegetativo, animado, e falante — e encorajar as pessoas a emulá-la em prol de equalizar nossa sociedade com os traços da Natureza de dar, mutualidade e homeoestase. Em vez de talk shows que idolatram pessoas que têm sucesso, estes programas devem louvar pessoas que ajudaram outras a ter sucesso. Se os media mostram pessoas a se preocupar umas com as outras e os colocam num pedestal principalmente porque suas acções coincidem com a lei da Natureza, a Lei da Doação, isso gradualmente mudará o favor do público de egocêntrico para a camaradagem. As pessoas começarão a sentir que há ganho pessoal em ser altruísta, possivelmente muito mais que o ganho onde há egoísmo, se há algum ganho nele de todo.
Hoje, a mensagem predominante que os media devem retratar é, “União é divertida, e ela também é boa para si, junte-se!” Há várias amplas maneiras de que podemos demonstrar que a união é uma dádiva.
Embora todo o cientista saiba que nenhum sistema na Natureza opera em isolação, e que interdependência é o nome do jogo, maioria de nós estão inconscientes disso. Quando vemos como cada órgão físico funciona para beneficiar o corpo inteiro, como as abelhas colaboram em colmeias, como um cardume de peixes nada em tal uníssono que pode ser confundido com um único peixe gigante, e como os chimpanzés ajudam outros chimpanzés, ou até humanos, sem qualquer recompensa em retorno, saberemos que a principal lei da Natureza é a da harmonia e coexistência. Os media devem mostrar-nos tais exemplos muito mais frequentemente que o fazem. Quando percebermos que é assim que a Natureza funciona, espontaneamente examinaremos nossas sociedades e nos esforçaremos para emular essa harmonia entre nós. Se nossos pensamentos começarem a mudar nesta direcção, eles criarão uma atmosfera diferente e introduzirão um espírito de esperança e força nas nossas vidas, até antes de eles na realidade implementarem esse espírito, uma vez que estaremos alinhados com a força da vida da Natureza — o Criador.
Porque, tal como acabámos de afirmar, nosso maior prazer é o de ganhar o favor do povo, se outros aprovarem de nossas acções e visões nos sentiremos bem acerca de nós mesmos. Se eles desaprovarem do que fazemos ou dizemos, sentimo-nos mal acerca de nós mesmos e tendemos a esconder nossas acções ou as modificar para nos ajustarmos à norma social. Por outras palavras, porque é tão importante para nós nos sentirmos bem connosco mesmos, os media estão numa posição única para mudar as acções e visões do povo.
Não surpreendentemente, os políticos são as pessoas mais dependentesde votos na sociedade, pois suas carreiras e a própria vivacidade dependem da sua popularidade. Se lhes mostrarmos que mudámos nossos valores, eles mudarão os seus para seguir nossa conduta. E uma das maneiras mais fáceis e mais eficazes de lhes contarmos o que valorizamos é lhes mostrar o que queremos ver na TV! Se dermos elevadas classificações a programas que promovem união e camaradagem, os políticos irão se sintonizar nesse espírito e legislarão correspondentemente. Porque os políticos querem manter sua posição, precisamos de lhes mostrar isso, para reterem suas posições, eles têm de promover o que nós queremos que eles promovam — união.
Quando formos capazes de criar media que promova união e colaboração em vez da auto-glorificação de celebridades, criaremos um meio que nos persuade que união e responsabilidade mútua são boas.
As Chaves para a União
Para desenhar uma sociedade mais coesiva, cujos membros são responsáveis uns pelos outros, as pessoas precisam de cultivar algumas regras basilares.
1) Alimentação e outras necessidades: Primeiro e antes de mais, as pessoas precisam de ter segurança alimentar. Sem a confiança de que podem alimentar seus filhos e a si mesmas, as pessoas não sentirão que são partes integrais da sociedade porque constantemente estarão a lutar por alimentos (se não física, então mentalmente).
Adicionalmente, é imperativo que as pessoas tenham segurança suficiente a respeito de serviços médicos, habitação, vestuário e educação. Todos os mencionados variarão dependendo da média do padrão de vida em cada localidade, mas sustento básico deve ser provido a todos num nível que preserve sua dignidade enquanto seres humanos e como membros integrais da sociedade.
Em retorno por garantir sustento básico, todos os membros da sociedade passarão por certa forma de treino, que os ajudará a compreender a natureza interligada e interdependente do nosso mundo — que é o porquê de eles estarem a receber estes serviços. Eles aprenderão que estarem numa sociedade que garante seu bem-estar também envolve alguns deveres. Estes se relacionarão às atitudes das pessoas umas para as outras, bem como seu contributo de tempo ou serviços pelo bem comum.
Por exemplo, se certificarem que todas as crianças recebem educação básica não tem de custar ao estado um tostão. Isso pode ser feito através de professores desempregados que trabalham voluntariamente em retorno por sustento básico. Esta medida contribuirá significativamente para a coesão social da comunidade, e juntamente com o supramencionado treino serão percepcionados como tomando parte em formar um mundo melhor, assim dando às pessoas outro incentivo positivo para se esforçarem pela comunidade.
2) O treino: Já mencionámos o treino que ajudará as pessoas a compreender a natureza interligada e interdependente do nosso mundo. O paradigma social da Educação Integral sugere que cada cidadão, até cada residente do país tome parte neste treino.
O treino tem um propósito duplo — um social e um económico. O propósito económico, que é mais um benefício suplementar que uma meta real em e por si mesma, é de equipar as pessoas com o conhecimento necessário para se apoiarem a si mesmas em tempos de magro vencimento. Essa parte do treino incluirá educação para o consumidor (finanças pessoais), para que as pessoas possam gerir seus agregados de uma maneira economicamente viável usando recursos limitados.
A outra, parte mais extensiva do curso incluirá tópicos que dizem respeito à percepção de uma pessoa como parte de um todo maior que compartilha uma meta comum. Esta percepção é imperativa para a coesão da sociedade. Sem ela, será cada homem por si mesmo, uma sociedade muito competitiva.
A crescente dissonância entre este tipo de sociedade e a direcção agregadora da realidade de hoje sem dúvida aumentam a já excessiva pressão sobre o funcionamento social das pessoas, e o resultado será o desmoronar da sociedade. Se isso acontecer, como a história comprova e descreveu em anteriores capítulos, os Judeus serão culpados, as consequências de tal são como quiser adivinhar.
Desta forma, abaixo estão tópicos que acredito que devem ser incluídos no treino de EI em prol de impulsionar as pessoas para uma visão do mundo mais coesiva e desta forma sustentável:
- Interligação na economia, cultura e sociedade e o que isso significa para cada um de nós. Este tópico detalhará a evolução dos desejos e como no quarto nível, desejamos desfrutar de riqueza, poder e fama, ou seja prazeres egocêntricos e que estes desejos nos conduzem a conectar, embora negativamente, em prol de nos usarmos uns aos outros.
- Interdependência — porque nos tornámos interdependentes e como isso deve afectar nossas relações nos níveis pessoal, social e político. Este tópico deve continuar a explicação da evolução dos desejos e demonstrar porque nossos desejos de nos explorarmos uns aos outros nos tornam mais dependentes uns dos outros. Porque estes desejos nos fazem envolver em relações cada vez mais apertadas, enquanto albergando intenções naturalmente enfermas uns para os outros, estamos a tornar-nos cada vez mais interligados porque queremos usar-nos uns aos outros. Todavia, somos igualmente interdependentes porque somos dependentes dos outros para a satisfação das nossas vontades.
- Melhorar as capacidades sociais, emocionais e mentais:
o Aprender como lidar com o desemprego e a resultante insuficiência financeira, stress e depressão.
o Aptidões de comunicação tais como aprender como escutar, como exprimir nossas emoções e necessidades claramente, respeitar-nos uns aos outros e como ler a linguagem corporal. A meta aqui é desarmar a agressão e estabelecer melhor entendimento mútuo.
o Resolver conflitos domésticos de uma maneira não-violenta.
o Socializar como um meio de aprendizagem, auto-enriquecimento, mitigar tensões e restaurar a auto-estima.
- Consumo dos media: Como afirmado acima, os mass media são a ferramenta mais poderosa para formar nossas visões e valores. Por esta razão, consumo sábio dos media consegue reduzir tendências agressivas, encorajar comportamento pró-social e fornecer informação essencial e entendimento do mundo e nosso lugar dentro dele. Para nos certificarmos, o termo, "media," não se relaciona somente à TV e rádio, mas também à Internet, jornais e algumas formas da cultura pop, tais como filmes e música popular.
- Aptidões de gestão de tempo: Aprender a usar o nosso tempo para enriquecimento pessoal, expansão dos círculos sociais, adquirir novas aptidões ou melhorar aptidões profissionais e nutrir laços familiares mais sólidos.
- Qualificar formandos para futuros cursos e treinos.
- Também, a frequência física é possível, o treino será dado através de actividades sociais, simulações, trabalho em grupo, jogos e apresentações multimédia. A aprendizagem não será num formato frontal tradicional professor-aula. Em vez disso, o professor e os estudantes se sentarão num círculo e conversarão como iguais, assim aprendendo através de enriquecimento e partilha mútuos. Onde a participação física não é possível, a estrutura educativa será amplamente interactiva, com exemplos e actividades desenhadas principalmente para o eLearning.
Os resultados de tal treino devem ser a dobrar: 1) compreender como gerir a nossa vida pessoal no meio social volátil e instabilidade económica de hoje; 2) compreender que há uma lei natural que galvaniza esta revelação, que essa lei é tão severa e inexorável como a gravidade, e que devemos desta forma dominar estes novos meios de lidar para o nosso próprio bem.
Embora todos tenhamos de saber como nos gerir a nós mesmos sob a Lei da Interdependência, nos imposta pela Lei da Doação, o Criador, isso não significa que todos tenham de estudar Cabala. Aqueles que desejam estudar podem fazê-lo, mas aqueles que não têm desejo de alcançar o Criador contribuirão precisamente o mesmo para o "super-organismo da humanidade," para usar as palavras de Christakis e Fowler, ao viver simplesmente a partir das leis de garantia mútua sem alcançar o funcionamento interior da Criação.
Tal como você não precisa de ser um electricista qualificado para ligar a luz com sucesso e seguramente, nem todos têm de ser Cabalistas, ou um "perito no funcionamento da Lei da Doação," para usar fraseado mais contemporâneo, sucessiva e seguramente aplicar a Lei da Doação às suas vidas. Afinal, esta lei existe em prol de fazer o bem às Suas criações, como aprendemos no Capítulo 2. Desta forma, tudo o que precisamos de aprender é como usá-la adequadamente, tal como aprendemos a usar a electricidade, gravidade, magnetismo e qualquer outra lei natural ou força para nosso benefício.
Com isso dito, tal como os electricistas constroem os sistemas que todos usam seguramente sem qualquer conhecimento profissional, os Cabalistas têm de construir os sistemas sociais e de ensino que inculcam a qualidade de doação na sociedade, para que todos possam usar estes sistemas beneficamente, até sem qualquer conhecimento da Cabala.
3) A mesa redonda: Um meio que é de principal importância, e assim merece um item em e por si mesmo, é o formato de discussão da mesa redonda. Neste tipo de discussão, todos os participantes são de estatuto igual e representam visões diferentes, frequentemente opostas sobre assuntos que são críticos para o bem-estar e sanidade da comunidade, cidade, estado, ou país.
A meta da deliberação não é de reconciliar diferenças ou induzir compromisso. Em vez disso, a meta é encontrar um denominador comum que se encontre acima dos conflitos e disputas. O resultado de encontrar tal elemento é que os tópicos em disputa subitamente parecem menos importantes que anteriormente, e pálidos em comparação à união e calor que os participantes agora sentem uns para os outros. Subsequentemente, soluções são facilmente encontradas para conflitos anteriormente persistentes num espírito de boa fé, devido ao recentemente descoberto interesse comum.
Em Israel, várias organizações e movimentos implementaram o formato de discussão da mesa redonda. O movimento Arvut (garantia mútua), por exemplo, implementou este meio de deliberação centenas de vezes e cada vez que este formato foi usado, foi relatado como um grande sucesso pelos próprios participantes. Desta maneira, problemas que não haviam sido resolvidos durante anos foram resolvidos numa questão de horas.
Até agora em Israel, isto foi experimentado em grandes cidades, aldeias e kibbutzim, em aldeias Árabes e Druze, reunindo os colonos da mais extrema direita da Judeia e Samária com Árabes da Cisjordânia, na Knesset (Parlamento Israelita), e dentro de populações em conflito tais como emigrantes da Etiópia e antiga União Soviética. Estes eventos terminaram com uma profunda sensação de união e calor 100 porcento das vezes. Para testemunhos registados em vídeo e mais detalhes sobre as discussões da mesa redonda visite http://www.arvut.org/en/round-table.
Discussões de mesa redonda foram conduzidas pelo mundo, também. Nova Iorque e São Francisco (EUA), Toronto (Canadá), Frankfurt e Nuremberga (Alemanha), Roma (Itália), Barcelona (Espanha), São Petersburgo e Perm (Rússia), são só alguns dos muitos lugares onde esta forma de discussão foi implementada, todos desfrutando do mesmo sucesso que em Israel.
No espírito da igualdade, as actuais deliberações também envolvem o público e seguem este procedimento: Um painel de indivíduos de diversos fundos e agendas frequentemente conflituosas sentam-se à volta da mesa principal. Os painelistas exprimem suas visões sobre um tópico declarado pelo anfitrião do evento. Seguidamente, o público faz aos painelistas perguntas, às quais um ou mais deles responde. É uma regra inquebrável que os painelistas não devem reprovar outros painelistas ou interferir com suas palavras. Criticismo pessoal é também estritamente proibido.
Deste modo, o público escuta uma variedade de visões que não se opõem uma à outra, mas em vez disso se complementam uma à outra. Subsequentemente, o público divide-se em múltiplas mesas redondas e discute perguntas apresentadas pelo anfitrião da mesma maneira e espírito demonstrados pelo painel. Finalmente, as mesas reúnem-se novamente numa assembleia geral e cada mesa apresenta suas conclusões, bem como partilha suas impressões do evento como um todo.
Recentemente, até algumas discussões de mesa redonda online foram experimentadas, e elas, também, foram muito bem sucedidas. Naturalmente, cada lugar tem sua mentalidade única, e cada veículo, um evento ao vivo, um encontro online, ou uma transmissão de TV, tem suas vantagens e desvantagens. Desta forma, não há dois eventos iguais. Todavia, o espírito da camaradagem e o compromisso à garantia mútua que se encontram na base de toda tal discussão garantem o sucesso destas deliberações únicas.
Embora a ampla maioria das sociedades esteja ainda muito longe de viver a partir dos conceitos da garantia mútua, estas discussões, como os registos de vídeo demonstram, conseguem introduzir um sentido genuíno do que é viver em garantia mútua.
CRIANÇAS INTEGRALMENTE EDUCADAS
Enquanto adultos devem assumir responsabilidade por mudar seus meios sociais positivamente, a situação é muito mais complicada no que diz respeito a crianças e jovens. Aqui é a responsabilidade dos adultos, professores e educadores, seja através de iniciativas privadas ou com o apoio do governo, construir este meio de indução de coesão.
O presente sistema de educação promove competição sem diminuição. Em e por si mesma, a competição é natural e não é naturalmente negativa. Mas se considerarmos a cultura competitiva de hoje e o que ela nos está a fazer, e tanto quanto o mais aos nossos filhos, é claro que estamos a empregar mal esse traço.
Em Sem Concurso: O Caso Contra a Competição, Alfie Kohn, um conhecido dissidente da competição, citou o psicólogo, Elliot Aronson: “Desde o jogador de futebol da Pequena Liga que irrompe em lágrimas depois de sua equipa perder, aos estudantes de liceu no estado de futebol a cantar ‘Somos o número um!’; desde Lyndon Johnson, cujo juízo foi quase certamente distorcido pelo seu desejo frequentemente afirmado de não ser o primeiro Presidente Americano a perder uma guerra, a um aluno da terceira classe que despreza seu colega de turma por uma performance superior num teste de aritmética, manifestamos uma vacilante obsessão cultural pela vitória.”260
Certamente, bibliotecas e a Internet são abundantes de estudos que indicam que a competição e individualismo são maus e a colaboração e cooperação são bons, tanto no trabalho como na escola. Jeffrey Norris publicou uma história no Centro Noticioso da UCSF, intitulada, “O Prémio Nobel de Yamanaka Salienta o Valor do Treino e Colaboração.” Nessa história, argumentou Norris, “O solitário cientista trabalhando até tarde à noite para completar uma experiência inovadora que conduz a um momento Eureka de alegria solitária é uma cena comum dos filmes de Hollywood, mas na ciência da realidade é um envolvimento altamente social.”261
Mais tarde, na secção, “Colaboração Sinérgica Impulsiona o Progresso,” ele acrescenta, “Nos moldes abertos dos edifícios modernos de laboratório, cada investigador cientifico principal trabalha com vários colegas pós-doutorados, estudantes graduados e técnicos e um visitante não sabe dizer onde um laboratório termina e outro começa. Ideias cientificas e camaradagem são nutridas no meio interactivo.”262
E semelhante na escola. Numerosas experiências foram já conduzidas sobre os benefícios da colaboração no sistema de educação. Num ensaio chamado, “Uma História de Sucesso da Psicologia Educativa: Teoria da Interdependência Social e Aprendizagem Cooperativa,” os professores da Universidade do Minnesota, David W. Johnson e Roger T. Johnson apresentam o caso para a teoria da "interdependência social".
Nas suas palavras, “Mais de 1200 estudos de investigação foram conduzidos nas passadas 11 décadas sobre esforços cooperativos, competitivos e individualistas. Achados destes estudos validaram, modificaram, refinaram e prolongaram a teoria.”263
Os autores avançaram para detalhar o que estes estudos haviam descoberto. Os pesquisadores compararam a eficácia da aprendizagem cooperativa à frequentemente usada aprendizagem individual e competitiva. Os resultados foram inequívocos. Em termos de responsabilidade individual e responsabilidade pessoal, eles concluíram, “A interdependência positiva que liga grupos de membro juntos está postulada a resultar em sentimentos de responsabilidade por (a) completar nossa quota do trabalho e (b) facilitar o trabalho de outros membros do grupo. Além do mais, quando a performance de uma pessoa afecta o resultado dos colaboradores, a pessoa sente-se responsável pelo bem-estar dos colaboradores bem como o seu próprio. Falhar a si mesmo é mau, mas falhar aos outros bem como a si mesmo é pior.”264 Por outras palavras, interdependência positiva torna pessoas individualistas em preocupadas e colaboradoras, o completo oposto da presente tendência de crescente individualismo até ao ponto do narcisismo.265
Os Johnson e Johnson distingue entre interdependência positiva e interdependência negativa. A do tipo positivo envolve “…uma correlação positiva entre as metas e realizações dos indivíduos; os indivíduos percebem que podem alcançar suas metas se e somente se os outros indivíduos com os quais estão cooperativamente ligados alcançam suas metas.”266 A negativa significa que “indivíduos percepcionam que podem obter suas metas se e somente se os outros indivíduos com os quais estão competitivamente ligados falharem obter suas metas.”267
Em prol de demonstrar os benefícios da colaboração, os investigadores mediram as concretizações de estudantes que colaboraram em comparação com aqueles que competiram. Nos seus achados, “A pessoa mediana cooperativa foi descoberta concretizar cerca de dois terços de um desvio padrão acima da pessoa mediana a actuar dentro de uma situação competitiva ou individualista.”268
Para compreender o sentido de tal desvio acima da média, considere que se uma criança é um estudante de uma média de 2, ao cooperar, as notas desse estudante vão saltar para uma média impressionante de 4\5. Também, os Johnsons escreveram, “Cooperação, quando comparada com esforços competitivos e individualistas, tem tendência a promover maior retenção a longo-prazo, elevada motivação intrínseca e expectativas de sucesso, mais pensamento criativo… e mais atitudes positivas para a tarefa e a escola.”269 Por outras palavras, não só as crianças beneficiam desta atitude pró-social, mas a sociedade como um todo ganha impulsionamento.
No princípio de 2012, escrevi em conjunto com o Professor de Psicologia e terapeuta Gestalt, Dr. Anatoly Ulianov, um livro intitulado, A Psicologia da Sociedade Integral. O livro detalha os essenciais da EI, com referências específicas à sociedade super-competitiva de hoje. Em essência, o livro sugere que uma vez que a competição é inerente à natureza humana, como detalhado anteriormente neste livro em respeito à aspiração falante por riqueza, poder e fama, não a devemos inibir. Em vez disso, ao invés de competir para ser rei (ou rainha) do meu bairro, por assim dizer, podemos nutrir uma atmosfera social que promove a competição para a pessoa que contribui mais para as outras.
Especificamente, aqueles que deviam ser declarados vencedores são indivíduos que fizeram mais para tornarem os outros melhores. Num sentido, é uma competição para ser aquele que ama mais os outros. Assim, o impulso natural das crianças de sobressair, e especificamente, sobressair às outras, não é inibido, as permitindo actualizar seu completo potencial enquanto o canalizando para beneficiar a sociedade em vez de a si mesmas, uma vez que a única maneira de vencer este tipo de competição é serem as melhores a serem boas. Desta maneira, a competição torna-se uma ferramenta para alcançar a qualidade de doação nas crianças.
Para criar este tipo de atmosfera saudável, relações colega-a-colega e relações de estudante-a-estudante devem reflectir estes valores pró-sociais. Isto envolve algumas modificações no estilo tradicional de ensino. A premissa na EI e que o desafio principal de hoje na educação não é a transmissão de informação, mas em vez disso inculcar capacidades com as quais adquirir informação rapidamente e de uma maneira que serve melhor as várias metas dos estudantes.
Esta é uma mudança do paradigma tradicional, que resulta do facto de que a vida de hoje é muito diferente do tempo da Revolução Industrial, durante a qual o conceito do leccionar frontal de informação foi concebido. Na Era da Informação, dados acumulam-se tão rápido que as passadas experiências só podem servir como uma base para posterior aprendizagem. Em preparação para o mundo de adulto de hoje, as crianças escolares precisam de aprender como aprender mais do que precisam de absorver informação.
Adicionalmente, devido à natureza interligada e interdependente do mundo de hoje, desde cedo as crianças precisam de compreender que o interesse pessoal sozinho não conduzirá à felicidade. Em vez disso, como Johnson e Johnson demonstram, consideração mútua e abertura aos outros promoverão melhor suas chances de sucesso e felicidade.
Mas as crianças precisam de experimentar sua interligação do mundo na vida real, e não escutar somente ou falar sobre isso. Uma maneira prática de alcançar isto é ao transformar a sala de aula num microcosmo, um mini-meio ambiente, uma pequena família onde todos se preocupam uns com os outros.
Para esse fim, a EI propõe que estudantes e professores, ou "educadores," como eles são referidos na EI, se sentem em círculos, e a aprendizagem tomará lugar através de discussões animadas, sobre o assunto estudado. Círculos colocam o educador e estudantes no mesmo nível, para que o educador possa gentilmente guiar a discussão para a aprendizagem, e ainda mais importante, para o entendimento mútuo sem ser arrogante ou dominador.
Outro assunto importante é o currículo escolar. Isto deve reflectir a natureza interligada do mundo. O currículo também deve apoiar a integração dos tópicos. Assim, o campo de estudo tal como a matemática, física e biologia não serão leccionados separadamente, mas dentro do contexto da Natureza como um todo, que é como as leis das três disciplinas na realidade funcionam.
Integração deve ser inerente ao próprio estudo, e é muito provável ver estudantes aplicarem das leis da biologia aos seus estudos nas humanidades. Afinal, a humanidade foi rotulada como "um super-organismo," então aplicar as leis da biologia à sociedade humana parece uma evolução natural.
Também notável é o ponto de que na EI, os educadores não são professores, mas estudantes mais velhos. Isto aumenta a coesão geral e camaradagem entre estudantes de diferentes grupos etários, a desenvolver aptidões verbais e pedagógicas dos jovens educadores e induz uma muito mais profunda assimilação de informação nos tutores porque eles a têm de ensinar.
Mas acima de tudo, quando os jovens tutores ensinam em vez de professores adultos, problemas de disciplina se tornam virtualmente obsoletos. Porque crianças mais novas naturalmente aspiram a crianças que são mais velhas que elas em dois ou três anos, em vez de ressentir os educadores, como frequentemente sentem com os professores adultos, elas procuram favorecê-los e concorrem para ser o melhor estudante aos olhos do tutor. Casar essa aspiração com o supramencionado desejo de ser o melhor a ser bom, e você tem nas suas mãos uma atmosfera escolar para as quais as crianças terão prazer de ir de manhã, e na qual elas crescerão para se tornarem adultos confiantes e pró-sociais.
Condizendo aos propósitos da EI, a própria aprendizagem tomará lugar em grupos, pois ela é a forma mais vantajosa de estudo para nutrir aptidões sociais e para inculcar informação, de acordo com os mencionados estudos da Johnson e Johnson. Assim, a avaliação de um estudante não se relacionará à sua habilidade de memorizar e recitar num teste padronizado. Em vez disso, avaliações serão dadas a grupos, em vez de a indivíduos. Isto aumentará ainda mais a sensação de responsabilidade do grupo e garantia mútua entre os estudantes.
Com isso dito, professores e educadores regularmente enviarão relatórios aos pais e administradores escolares a respeito do progresso social e educativo das crianças. Porque os professores estarão muito mais próximos dos estudantes do que os métodos de ensino de hoje permitem, eles verão que um problema surge com uma criança antes que ele se deteriore numa grande crise.
Uma vez por semana, estudantes devem abandonar o edifício escolar e saírem em excursões. Para ficarem a conhecer o mundo em que vivem, o sistema educativo deve fornecer-lhes em primeira mão o conhecimento das instituições que afectam suas vidas, as autoridades governamentais e a história e natureza dos lugares em que elas vivem. Tais excursões devem incluir museus, passeios em parques próximos, visitas a comunidades agrárias, visitas a fábricas, hospitais e excursões a instituições governamentais, estações de polícia e assim por diante.
Cada uma destas excursões irá necessitar de preparação que equipará os estudantes com conhecimento prévio do lugar que estão prestes a visitar, o papel desse lugar na sociedade, do que ele contribui, possíveis alternativas e as origens desse lugar ou instituição.
Por exemplo, antes de uma excursão à esquadra de polícia local, os estudantes pesquisarão o tópico da polícia na Internet, se possível com informação específica sobre a esquadra que estão prestes a visitar. Eles aprenderão como a polícia chegou ao seu presente modo de acção, como ela se encaixa dentro do tecido da vida na nossa sociedade e que alternativas para a polícia podemos imaginar.
Desta maneira, as crianças aprenderão sobre o mundo em que vivem, desenvolverão pensamento criativo para imaginar um futuro mais desejável, praticarão trabalho de equipa, e melhorarão suas aptidões de aprendizagem. Depois da excursão, maiores discussões permitirão aos estudantes partilhar o que aprenderam, retirar conclusões e fazer sugestões e comparar o que descobriram com as noções que tinham a respeito do tópico em discussão antes da excursão.
Há muito mais a dizer sobre as escolas de EI, tal como em respeito das relações de pais-escola-estudante, abordagem aos trabalhos-de-casa, horas escolares recomendadas, feriados, políticas de punição-ou-não, etc... Desenvolver este tópico mais está além da amplitude deste livro, mas a ideia ao redor da EI deve ficar clara: as crianças precisam de aprender num meio ambiente interligado e experimentar em primeira mão os benefícios e diversão associados a viver em tal meio ambiente.
NOSSO PRIVILÉGIO,
NOSSO DEVER, NOSSO TEMPO
Uma última coisa precisa de ser mencionada a respeito da educação de adultos, jovens e crianças. Nenhuma forma de Educação Integrada terá sucesso se ela visar melhorar somente nossas vidas materiais. Embora esta seja uma meta desejável, ela não será alcançada sem um profundo entendimento de que toda a humanidade está a avançar para uma era de interligação e interdependência porque esta é a Lei da Natureza. As pessoas não precisam de lhe chamar "o Criador." Não há necessidade de alguém aspirar para alcançar um nível superior, mais profundo, mais amplo de percepção a menos que esteja na sua vontade. Contudo, pessoas terão de saber que equivalência de forma, ser como a Lei da Natureza, ou seja interligação, nos impulsiona para adaptarmos nosso modo de vida correspondentemente.
Aqueles que dispõem o currículo e desenham os programas de estudo terão de ser tal como descrito, ou seja Cabalistas. Com isso dito, estudos de Cabala nunca serão mandatários porque somente aqueles que se desejam transformar a si mesmos, dedicar a si mesmos ao serviço dos outros e genuinamente desejam adquirir a qualidade de doação se devotarão a si mesmos a esta vocação.
Certamente, tal transformação social é uma tarefa robusta. E todavia, nós Judeus já fomos anteriormente transformados, e quer esteja dormente ou desperta, a reminiscência dessa transformação existe dentro de todos nós. A nenhuma outra nação foi dada a tarefa de redimir a humanidade, como aos Judeus, e nenhuma outra nação foram dadas as ferramentas inerentes para o fazer. É nosso chamado, é nosso privilégio, é nosso dever e é nossa hora. É a partir desse sentido de compromisso que o supra-sugerido método de educação foi concebido.
Pode soar a um método algo pouco ortodoxo, mas suas fundações estão profundamente enraizadas dentro de nossa história e dentro de nossas almas, e seus "princípios" foram testados com sucesso por outras doutrinas. Ele terá sucesso se nos unirmos, e ele fracassará se não o fizermos. Como nossos sábios disseram, “Grande é a paz, pois até quando Israel idolatram mas há paz entre eles, o Criador diz, ‘É como se eu não os conseguisse governar porque há paz entre eles.’”270
Gostaria de terminar com uma referência às palavras de Baal HaSulam no fim da sua “Introdução a o Livro do Zohar.” Ele conclui sua introdução com uma afirmação de que se Israel levem a cabo sua missão e tragam felicidade ao mundo através da união e aquisição da qualidade de doação, as palavras do Profeta Isaías se realizarão, e as nações se juntarão a nós e nos ajudarão na nossa missão. Como Baal HaSulam cita, “Assim disse o Senhor Deus: ‘Eis, Eu levantarei minha mão para as nações, e definirei meus padrões aos povos, e eles trarão vossos filhos nos seus braços, e vossas filhas serão carregadas sobre seus ombros’” (Isaías 49:22).
247 Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), The Writings of Baal HaSulam, “The Freedom,” 419.248 ibid.249 Quoted from the film, Crossroads: Labor Pains of a New Worldview, by Joseph Ohayon, published December 31, 2012, on Youtube, url: https://www.youtube.com/watch?v=5n1p9P5ee3c, 2:53 from the beginning.250 Thomas J. Murray, Ed.D., “What is the Integral in Integral Education? From Progressive Pedagogy to Integral Pedagogy,” Integral Review(June 2009), Vol. 5, No. 1, p 96.251 http://en.wikipedia.org/wiki/Integral_education.252 http://www.merriam-webster.com/dictionary/homeostasis.253 T. Irene Sanders and Judith McCabe, PhD, The Use of Complexity Science: a Survey of Federal Departments and Agencies, Private Foundations, Universities, and Independent Education and Research Centers, October2003, Washington Center for Complexity & Public Policy, Washington, DC. url: www.hcs.ucla.edu/DoEreport.pdf.254 Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), The Writings of Baal HaSulam, 44.255 Jon R Katzenbach & Douglas K Smith, The Wisdom of Teams: Creating the High-Performance Organization (US: Harvard Business School Press, January 1, 1992), 37-38.256 U.S. Department of Education, “Media Guide—Helping Your Child Through Early Adolescence,” http://www2.ed.gov/parents/academic/help/adolescence/index.html.257 University of Michigan Health System, “Television and Children,” http://www.med.umich.edu/yourchild/topics/tv.htm.258 ibid.259 Barbara M. Newman and Philip R. Newman, Development Through Life: A Psychosocial Approach (Belmont, CA: Wadsworth Cengage Learning,2008), 250.260 Elliot Aronson, The Social Animal, pp 153-54, quoted in: Alfie Kohn, No Contest: The Case Against Competition (NY: Houghton Mifflin Company, 1986), 2.261 Jeffrey Norris, “Yamanaka’s Nobel Prize Highlights Value of Training and Collaboration,” UCSF News Section (October 11, 2012), url: http://www.ucsf.edu/news/2012/10/12949/yamanakas-nobel-prize-highlights-value-training-and-collaboration.262 ibid.263 David W. Johnson and Roger T. Johnson, “An Educational Psychology Success Story: Social Interdependence Theory andCooperative Learning,” Educational Researcher 38 (2009): 365, doi: 10.3102/0013189X09339057.264 Johnson and Johnson, “Educational Psychology Success Story,” 368.265 Books on narcissism in the American society abound. Good examples are: Jean M. Twenge and W. Keith Campbell, The Narcissism Epidemic: Living in the Age of Entitlement (New York: Free Press, A Division of Simon & Schuster, Inc. 2009), and Christopher Lasch, The Cultureof Narcissism: American Life in an Age of Diminishing Expectations (USA: Norton & Company, May 17, 1991).266 ibid.267 ibid.268 Johnson and Johnson, “Educational Psychology Success Story,” 371.269 ibid.270 Midrash Rabah, Beresheet (Genesis), Portion 38, Paragraph 6.