Dr. Anatoly Ulianov: Há mais um tipo de jogo que cativou centenas de milhões de pessoas: jogos de apostas, tais como casinos e cartas. A sua popularidade está a crescer constantemente. Porquê? E o que é perigoso nestes jogos? Na sua escola de educação integral e global, há lugar para jogos aventurados? E se não porquê?
Dr. Michael Laitman: Competição é uma coisa boa. Não importa com o quê ou com quem estás a competir, uma roda de roleta, uma máquina da sorte, ou outras pessoas. Em qualquer caso, tu entras num concurso. Isto é, desejas elevar-te acima de uma certa circunstância, fenómeno ou incidente. Tu queres ascender e te afirmares a ti mesmo.
É muito interessante observar pessoas que jogam. Eu passei uma semana inteira em Las Vegas a observar a minha esposa, que ficou louca com os jogos. Em casa ela é uma avó normal, regular, mas. Mas quando se encontrou a si mesma entre os “bandidos armados,” ela perdeu a cabeça.
Quando uma mulher adulta com dois doutoramentos, que vive na outra extremidade do mundo, muito longe de Las Vegas, se encontra a si mesma neste lugar, algo pouco claro se acende nela, certa força estranha a atrai para o jogo do risco.
Juntos decidimos que podíamos gastar 50 dólares numa noite para jogar um jogo que custa 10 ou 20 cêntimos por jogada. Ela jogou e eu observei de lado, vendo o ser humano nela desaparecer e se tornar no mesmo “bandido armado.” Uma máquina acaba por jogar com uma máquina, elas competem e não há mais além disso.
Eu uso a minha esposa como exemplo porque ela é uma mulher normal, equilibrada, sem quaisquer vícios específicos, muito terrena e equilibrada. É simplesmente surpreendente o que toma lugar dentro de nós. Uma pessoa precisa de se elevar acima da sorte, acima de si mesma, acima desta máquina, ou seja para se afirmar a si mesma.
E se dermos a uma pessoa a oportunidade para competir por algo que é bom e útil para a sociedade, então seremos capazes de satisfazer esta necessidade. Ela existe e não pode ser suprimida. Desta forma, é necessário dar a uma pessoa a oportunidade de reflectir, criar, participar, vencer e se afirmar a si mesma. Isto é possível com a sociedade integral porque lá, cada um de nós é um indivíduo distinto.
Ao mesmo tempo, cada um de nós é simplesmente uma roda dentada que é muito pequena e não tem nada de especial nela. Mas por vezes começa abrandar ou muda de direcção, causando-se a si mesma a sobressair das outras. Ao rodar harmoniosamente com todos, ela exprime-se a si mesma ao máximo e ao mesmo tempo experimenta preenchimento e satisfação.
Educação integral dará a uma pessoa a oportunidade de se encontrar a si mesma no jogo chamado vida. Sentiremos que estamos constantemente a andar para a frente e que como crianças, estamos a representar e a realizar um estado superior e por trás dele, um novo estado mais elevado emerge. Esta aventura excitante, uma ascensão interminável, será sentida por cada pessoa.
As pessoas estão à procura de drogas e jogos de apostas, prontas para saltar de uma ponte para um abismo à procura de sensações intensas. Uma pessoa descobrirá tudo isto na interacção integral com as outras porque ela contém oportunidades impressionantes para a auto-realização. Então, os extremos de hoje não serão algo que preenche realmente as pessoas.
Dr. Ulianov: Se o compreendi correctamente, seremos capazes de realizar a qualidade de cometer riscos precisamente através da mudança constante de estados?
Dr. Laitman: A Natureza construiu-nos de uma maneira que a única maneira de nos realizarmos total e harmoniosamente a nós mesmos é nesta integração. Então não teremos de “deitar fumaça” ao nos embebedar-nos, entrarmos em lutas, ou lançar frenesim em estádios porque não haverão quaisquer necessidades não realizadas de sobra. Teremos de ver o verdadeiro campo da nossa actividade na conexão integral. Este é o campo para que fomos criados, o espaço onde revelamos e corrigimos os nossos mais internos e tenebrosos instintos.
Os pontos supramencionados foram retirados do livro A Psicologia da Sociedade Integral por Dr. Michael Laitman e Dr. Anatoly Ulianov.