Dr. Anatoly Ulianov: Falemos sobre o papel da representação no método de educação integral. Você diz frequentemente que uma criança, tal como qualquer pessoa, deve aprender a se mudar a si mesma, a desenvolver a habilidade de trabalhar acima dos seus estados.
Dr. Michael Laitman: Uma pessoa tem de aprender a representar vários papeis e deste modo, se apresentar a si mesma aos outros num disfarce diferente do que ela é na realidade.
Dr. Ulianov: Reparei que todos têm a habilidade de representar, não só os actores. Qual é a essência desta qualidade humana?
Nós Estamos Sempre no Palco
Dr. Laitman É claro, estamos todos a representar. Afinal, nós não sabemos como nos comportar. Os animais comportam-se naturalmente. Eles não têm sentimentos de vergonha ou inveja. Verdade, eles experimentam inveja biológica, se consegue chamar às emoções de um animal isso. Este sentimento que eles têm é determinado por factores biológicos. Os animais comportam-se como quer que a Natureza os tenha programado para se comportarem.
Mas o desejo do homem está num nível mais alto. Ele trabalha duro a tentar ganhar aprovação social, respeito e honra. É como se ele estivesse a trabalhar para os outros em prol de receber conhecimento e vários privilégios deles. O homem deseja sentir o seu poder sobre os outros que são como ele e ele é compelido a representar à frente deles. Ele não consegue permitir a si mesmo a liberdade de exprimir as suas qualidades naturais. As nossas qualidades naturais nos tornariam numa mera manada de animais. Mas quando uma pessoa representa (que é o que todos nós fazemos), então não é mais uma manada. É uma sociedade humana.
Ao executar diferentes papeis, tornamos a manada numa sociedade humana. É assim que diferimos dos animais. Estamos sempre a representar certa personagem e nunca nos comportamos da maneira somos realmente, até quando estamos sós.
Quanto mais a humanidade se desenvolve, mais ela se envolve em comunicação mais apertada e as pessoas seguem constantemente exemplos que elas vêem nos outros. Desse modo, somos todos como actores, examinando o interior através dos papeis que observámos nos outros e "colocando-os" quando as circunstância certa surge. É assim que nos comportamos. Isso é natural para cada um de nós. Por vezes reparamos isto nos outros, tal como quando os adolescentes tomam actores famosos de Hollywood como modelos exemplares e tentam emular os seus personagens populares que representaram.
Mas a habilidade de representar é algo diferente. Um actor representa um papel conscientemente em vez de inconscientemente, ao contrário de uma pessoa comum que reuniu vários exemplos deste a infância e simplesmente imita o comportamento dos outros.
Numa fase específica começamos a compreender que a tarefa desse homem é chegar à total integração, se tornar como um homem, sentir cada um de nós como parte de um certo mecanismo natural inteiramente coordenado.
Para isso, o homem tem de sentir a natureza dos outros e "entrar no jogo" com eles. Obviamente, não é um acidente que o homem tenha sido dotado com a habilidade de representar. Cada pessoa tem de sentir e compreender todos os outros. E para isso eu tenho de concordar inteiramente com a existência de algo que é oposto às minhas qualidades naturais.
Eu sou um pequeno e primitivo egoísta que constantemente quer “empanturrar-se” de tudo para si mesmo. Mas para se conformar à sociedade para que eu possa conectar-me correctamente com ela, eu tenho de me tornar um actor.
Então é maravilhoso que eu represente outras pessoas. A minha própria natureza me empurra para forçar todos a fazerem o que eu quero, até quando eu não sei o que é que eu quero.
Mas para um artista, é importante fazer o oposto e aprender das outras pessoas. É importante para ele ser capaz de adaptar as suas qualidades aos outros e entrar no jogo com eles e isto não diminui a pessoa minimamente. Pelo contrário, é assim que ela se conecta com o meio ambiente e sobe a um nível mais alto. Assim, um estuda as pessoas e se aproxima delas, desenvolvendo a habilidade de estar na comunicação certa com elas.
Os pontos supramencionados foram retirados do livro A Psicologia da Sociedade Integral por Dr. Michael Laitman e Dr. Anatoly Ulianov.