Dr. Anatoly Ulianov: Uma amiga minha que trabalha como guia turística na Índia está a ter dificuldades no trabalho porque os turistas dizem que ela está no nirvana, não reage adequadamente e não consegue explicar coisa alguma adequadamente. Não serão as crianças neste sistema integral como anjos, desconexas da realidade?
Dr. Michael Laitman: Não. Eu não chamaria a este estado angélico. A divisão esquizofrénica, dolorosa e incorrecta do mundo em partes é explicada pelo facto de que uma pessoa não se corrige a si mesma.
Ela não está a trabalhar com o seu egoísmo para se elevar acima dele e perceber dois níveis de atitude para a vida. Ela não está preparada para isto e não num colectivo que consiga criar um novo sentido juntamente com ela.
A tua amiga é uma mulher infortunada e arrisca-se a perder a sua abordagem normal, egoísta e terrena para a vida e acabar num estado mau e desadequado. A nossa educação não é baseada no método Indiano, que destrói ou reduz o egoísmo, mas em o desenvolver, por muito estranho que isso possa soar. Estamos a dizer que tudo é construído sobre a justaposição de opostos.
O mundo não é uma luta de opostos, mas em vez disso a sua combinação adequada. A dialéctica está certa ao dizer que o mundo consiste de dois opostos, mas está errada em pensar que um deles deve ser destruído.
Um deles deve ser erguido acima do outro e os dois devem ser usados correctamente, como halteres. Isto é um dipolo. Dentro da tensão entre o mais e o menos, nós conseguimos encontrar a qualidade que os conecta. Com a sua ajuda nós descobriremos o verdadeiro, mundo integral. Ele é integral, ele não destrói qualquer das suas partes.
Eu compreendo o estado desta mulher, mas não lhe posso oferecer qualquer conselho. Isto não acontece às nossas crianças. Pelo contrário, todo o dia um egoísmo saudável é expresso nelas ainda mais e elas tornam-se mais densas, duras. Contudo, elas compreendem de onde o seu egoísmo vem.
Ao mesmo tempo, nós conduzimos estudos teóricos e práticos com elas em prol de tornar este egoísmo mais claro, o compreender, nos separarmos dele e o investigarmos de parte, estudando tanto o nosso próprio egoísmo e o dos outros. Cada um muda em prol de se tornar incluído no outro: Agora eu sou como tu, tu és como ele, e assim por diante.
Eu tenho de conhecer todos os meus amigos, sair de mim mesmo e desempenhar o papel de cada um deles. Isto permite-nos tornar integralmente incluídos uns nos outros e esta inclusão mútua gradualmente cria uma nova entidade, percepção integral, que não inclui o "eu" mas apenas o "nós."
Os pontos supramencionados foram retirados do livro A Psicologia da Sociedade Integral por Dr. Michael Laitman e Dr. Anatoly Ulianov.