Dr. Anatoly Ulianov: Na vida frequentemente encontramos situações onde uma criança tem de completar uma tarefa que ela não quer fazer, mas compreende que não a fazer irá infligir punição. Ela encontra-se a si mesma apertada entre a espada e a parede, por assim dizer.
Dr. Michael Laitman: É necessário discriminar com absoluta clareza que esta abordagem é incorrecta. Uma criança tem de ser transferida para um tipo diferente de aperto: por um lado, a sociedade pressiona-a e pelo outro lado, ela vê-se a si mesma e associa-se a si mesma à sociedade.
Não haverá uma ameaça de punição a assombrá-la. Ela compreenderá por si mesma que caso contrário ela não ganhará aprovação social, que ela tanto deseja. Para ela precisamente este é o método de se medir e avaliar a si mesma, o seu "EU."
Por outro lado, temos de lhe dar a habilidade de controlar o seu "aperto," isto é a força compulsiva correctiva. Isto é possível se a criança compreender de sua própria vontade que ela tem de fazer o trabalho de casa ou arrumar o seu quarto.
Suponhamos que os meus pais foram de férias e me deixaram sozinho em casa, encarregue do lar. Mas em vez de o desfrutar, eu tenho de limpar a casa porque quando os pais voltarem eles me vão punir se eu não o tiver feito. Desta forma, incapaz de evadir a punição, eu amaldiçoou a minha minúscula vida e começo a fazer o que é esperado de mim.
Dr. Ulianov: Ou se eu não o fizer de todo.
Dr. Laitman: Neste caso, tudo depende da punição. Se ela for correcta, então da próxima vez eu não andarei à procura de uma maneira de a evadir.
Suponhamos que a punição me força a superar a minha preguiça. Isto é, o sofrimento dela tem de ser maior que a agradabilidade de ficar inactivo. É assim que tentamos corrigir os criminosos, punimos-os para que eles não repitam o seu crime.
Mas o que podemos fazer para que a criança compreenda que tipo de tarefa a Natureza, sociedade ou os seus pais lhe deram, um entendimento através do qual ela será capaz de superar a sua falta de vontade de fazer o que lhe é requisitado? Praticamente falando, qualquer tarefa se resume a superar a sua preguiça, egoísmo, o desejo de desfrutar e levar a cabo uma tarefa que não lhe dá qualquer prazer. Onde irei eu buscar a energia para a isso?
O medo da punição dá-me energia negativa. A punição pode parecer tão horrível que eu levarei a cabo a tarefa involuntariamente enquanto amaldiçoando tudo no mundo.
Mas é também possível criar um meio - livros e sociedade - que me apresentem o mesmo trabalho numa luz positiva. Para uma criança, isto pode ser algo como uma visita de estudo e para os adultos - uma descoberta interessante. Isto funciona somente se a sociedade circundante realmente aprove esta tarefa e a louve.
Então o trabalho em si mesmo torna-se prazenteiro. Eu não só não serei punido, mas talvez os pais me recompensem com um grande gelado. O que é importante não é isto, mas o facto de que eu receberei prazer porque este trabalho é importante aos olhos das pessoas ao meu redor. Eu não o abdicaria para ninguém. Eu próprio o farei porque ele se torna importante para mim.
Tudo depende do meio pelo qual criamos um meio ao nosso redor que louve qualquer acção anti-egoísta, até a mais difícil, a uma medida que dará tamanha importância que a levaremos a cabo com prazer. É assim que avançaremos alegremente.
Para concretizar isso, uma criança deve ser ensinada a ser uma psicóloga de si mesma e saber como criar o meio certo. Ela tornará a sua vida agradável, mesmo que ela coloque constantemente novos problemas e barreiras perante ela. Mas ela vai vê-las como níveis que conduzem a um estado superior que é valorizado pela sociedade.
O problema reside em criar uma sociedade ao redor e próxima da criança que a ajudará sempre a valorizar esforços anti-egoístas. É isto que temos de fazer e temos de ajudar cada pessoa a fazer isto.
Dr. Ulianov: Como podemos fazer isso? Um dos meus amigos tem de escrever uma dissertação porque agora é necessário para o seu trabalho e progresso. Então deve cada pessoa no seu meio lhe dizer quão importante isso é para o bem comum?
Dr. Laitman: É claro! Ele irá sentar-se e escreverá e ele completará o seu trabalho em dois meses! Tu sabes que é possível trabalhar numa dissertação durante anos, ou pode ser literalmente feito durante vários meses. Tudo depende da tensão interior e tu queres que essa tensão seja positiva.
É assim que eu trabalho. Eu acumulo os impulsos necessários que me compelem, as rajadas que me inspiram, encorajam e me exaltam. E então eu começo a sentir-me entusiasta e revigorado, revelando canais completamente novos de percepção, sensação e maneiras de expressar as coisas. Isto é necessário.
Tu perguntas-me, “Com pode isto ser feito?” Nós temos de criar uma pequena sociedade à volta de cada pessoa que se torne o seu diapasão para se sintonizar correctamente com estas acções anti-egoístas. Com a sua ajuda uma pessoa será capaz de se levantar a si mesma constantemente. E isto irá tornar-se a sua inspiração e alegria.
Os pontos supramencionados foram retirados do livro A Psicologia da Sociedade Integral por Dr. Michael Laitman e Dr. Anatoly Ulianov.