Eu ouvi
Há um versículo que diz: “Ela é como os navios mercantes; traz o seu pão de longe”. Quando uma pessoa reclama e insiste: “ela é toda minha” - que todos os desejos sejam dedicados ao Criador – a Sitra Achra (Outro Lado) desperta contra ela, e também clama: “Ela é toda minha”. E depois há um equilíbrio. Este equilíbrio é como alguém que quer comprar um determinado objeto: o comprador e o vendedor discutem sobre o seu valor; ou seja, cada um deles afirma que está com a razão.
E aqui o corpo analisa a quem vale a pena ouvir: o receptor ou a força doadora. Ambos claramente argumentam: “Ela é toda minha.” E embora a pessoa veja seu estado de humildade, e dentro dela existam centelhas que não aceitam observar a Torá e as Mitzvot, nem o mínimo, mas o corpo inteiro reclama: “ela é toda minha”, “ela traz seu pão de longe”. Isso significa que, a partir dos afastamentos - quando a pessoa descobre quão longe ela está do Criador, lamenta e pede ao Criador para traze-lo mais para perto – “ela traz o seu pão”.
Pão significa fé. Nesse estado a pessoa é recompensada com fé permanente, uma vez que "D-us assim fez que os homens deveriam temer ante Ele". Significa isto que todas as remoções que a pessoa sente foram trazidas até ela pelo Criador, para que ela tivesse a necessidade de assumir o temor aos céus.
Este é o significado de "do pão não deve viver o homem, mas que tudo precede da boca do Senhor." Isto significa que a vida de Kedusha (Santidade) no interior da pessoa não vem especificamente de se aproximar, das entradas, ou seja das admissões em Kedusha, mas também das saídas, das remoções. Isto assim é pois através da vestimenta do Sitra Achra no corpo da pessoa, e ele clamar, "Ela é toda minha," com um justo argumento, a pessoa é recompensada com a fé permanente superando estes estados.
Isto significa que a pessoa deve unir todas as coisas ao Criador, ou seja, que até as saídas são derivadas Dele. E quando ela é recompensada, ela vê que tanto as saídas como as entradas todas vieram Dele.
Isto força a pessoa a ser humilde, uma vez que agora ela vê que o Criador faz todas as coisas, as saídas bem como as entradas. E este é o sentido daquilo que foi dito sobre Moisés, que ele era humilde e paciente, que a pessoa deve tolerar a baixeza/humildade. Portanto, em cada grau a pessoa deve segurar-se à baixeza. E no minuto em que al perde a baixeza, ela já perde todos os graus de "Moisés" que ela já havia alcançado.
Este é o significado da paciência. Baixeza existe em todos; mas nem toda a pessoa sente que essa baixeza é uma coisa boa. Portanto, a pessoa não quer sofrer. Contudo, Moisés tolerou a humildade, que é o porquê de ele ter sido chamado "humilde", uma vez que a baixeza o fez alegre.
Esta é a regra: "Onde não há alegria, a Shechina (Divindade), não habita." Assim, durante o período de purificação, não pode haver a Shechina. E embora a purificação é uma coisa necessária (como o lavatório: embora a pessoa lá tenha de ir, a pessoa ainda tem a certeza que este não é o Palácio do Rei).
Este é o significado de Berachá (bênção) e Bechorá (antiguidade), cujas letras são as mesmas (em Hebraico). Antiguidade é Gar e o Sitra Achra quer o Gar, mas não as bênçãos, uma vez que a bênção é a vestimenta sobre os Mochin. E Esaú queria a antiguidade sem a vestimenta, mas é proibido receber Mochin sem vestimenta. Este é o significado das palavras de Esaú: "Não reservaste uma bênção para mim?" "Uma bênção" significa o oposto de bençãos, ou seja, é uma maldição. Sobre isso se disse: "Escutai, ele adorava amaldiçoar e ela veio até ele; e ele se deleitou não em bênção."
Rav Yehuda Ashlag, Baal HaSulam