A Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal
15 de Janeiro 1972
Está
escrito no Zohar, “A árvore do
conhecimento do bem e do mal, se eles forem recompensados – bom, se não forem
recompensados – mal.”
É
explicado no comentário do Sulam que
se ele for recompensado, Midat ha Din [qualidade de julgamento] –a perfeita
Bechiná
Dalet – está oculta, e Midat ha
Rachamim [qualidade de misericórdia] é revelada; isto é, Malchut que é mitigado em Midat ha Rachamim é revelado. Mas se não
é recompensado é o contrário.
Nós
devemos entender o significado de “revelar” e “ocultar”. É sabido que o homem consiste de
virtudes e boas qualidades, bem como de más
qualidades. Isso é porque “Não há um homem
justo na terra que fará o bem e não pecará.”
Em outras palavras, sempre há uma deficiência na pessoa, algo mais
para corrigir; inversamente, não há mais nada
para ele fazer nesse mundo.
É como
duas pessoas que se unem e existe amizade entre
eles, e de repente um deles ouve que o outro fez
algo de mal para ele. Ele, imediatamente, se afasta
dele e não pode olhá-lo nem ficar perto de seu amigo.
Mas depois
eles se reconciliam.
Nossos
sábios avisaram, “ Não apazigúe seu amigo
enquanto ele está com raiva.” A pergunta é “Por
que?” Durante sua raiva, ele vê o defeito de seu amigo e não pode perdoá-lo de qualquer maneira, uma
vez que o defeito de seu amigo está revelado e as
boas qualidades de seu amigo – pelas quais ele o escolheu como amigo – estão
agora ocultas e somente os defeitos do amigo estão
revelados. Portanto, como pode ele falar com alguém que é mau? Mas depois de algum tempo, quando ele esquece o
mal que seu amigo lhe causou, ele pode redescobrir as boas qualidades de seu
amigo e ocultar os defeitos, no sentido de reavivar a sensação das boas
qualidades de seu amigo.
Naturalmente,
quando não dando poder e substância aos defeitos do amigo, eles são deixados de lado e
ocultados.
Isto
porque quando
falamos de algo, o discurso dá força e vida para
a coisa sendo discutida. Por isso, quando a raiva é esquecida, quando o sofrimento que seu
amigo lhe causou perde sua ardência, é possível
começar a falar do prazer que ele recebeu das boas qualidades de seu amigo.
Essa
imagem é melhor sentida entre marido e mulher. As vezes, eles estão em
tal desacordo que desejam se separar. Mas depois
se reconciliam. A questão é “O que acontece com as coisas ruins que se passaram entre
eles enquanto estavam brigando? Por acaso sumiram do mundo?”
De fato,
devemos dizer que eles ocultaram as razões, as más qualidades que eles viram um
no outro, e agora, em tempos de paz, cada um deles só se lembra das boas
qualidadesentre eles, das virtudes as quais os unirem.
Mas mesmo assim, se alguém da família vier e começar a
falar com o homem ou com a mulher e mostrar-lhe os defeitos do outro, essa
pessoa dará poder e vitalidade para as coisas que eles suprimem
e ocultam, e ele irá expo-las. Nessa situação, pode-se
causar a separação entre eles.
Similarmente,
entre dois amigos, se uma terceira pessoa vier e começar a mostrar a um dos amigos os defeitos e inconveniências de seu amigo
falando das coisas que estão ocultadas neles, ele lhes dará poder e
vitalidade, e aquela terceira pessoa causaria a separação entre eles.
E, talvez,
essa é a razão pela qual a difamação é proibida
mesmo quando é verdadeira, uma vez que expõe coisas que estavam antes ocultas. Isso causa o oposto – oculta as virtudes e revelar os defeitos do amigo – assim causando separação
e ódio entre eles. E, apesar de tudo o que ele diz ser verdade, o motivo é como
foi dito acima – que tudo depende do que é revelado e do que é ocultado.
O mesmo se
dá entre o homem e o Criador. Enquanto o mal do homem está
coberto e a pessoa se considera virtuosa, ela se sente qualificada para engajar-se na Torá e Mitzvot [mandamentos/ boas ações], uma vez que ela é merecedora de
ascender um degrau. Mas quando é o contrário, e suas virtudes são cobertas e
somente suas inconveniências são expostas, ela não consegue engajar-se na
Torá e Mitzvot porque ela se
sente inadequada para qualquer coisa.
Então, ele
irá, pelo menos, aproveitar esse mundo como uma besta, já que ele não pode ser
um ser humano. Baal HaSulam falou sobre isso que, geralmente, enquanto alguém engaja-se na Torá e Mitzvot, ele sente sua humildade, e
quando ele engaja-se em assuntos corpóreos, ele
não sente nenhuma baixeza.
Mas
deveria ser ao contrário – enquanto ocupando-se de assuntos corpóreos, ele
deveria sentir sua baixeza e, naturalmente, fazer tudo sem nenhuma vivacidade,
e enquanto ocupando-se de Torá e Mitzvot, ele se vai se considerar
completo. De fato, é o mesmo assunto mencionado acima.
Rav Baruch Ashlag, Rabash