Cada ato que fazemos, nasce de um desejo. Do menor, mais insignificante e consciente ato, às ações que requerem vastas quantidades de energia, todos eles são feitos por uma única razão: um desejo entrou em nós e nos afetou o suficiente para agirmos de forma a preenchê-lo. A Cabala chama a Força que nos propulsiona ao preenchimento destes desejos de “a vontade de receber”.
Nós somos completamente controlados por desejos; sem um desejo, nós permanecemos perfeitamente imóveis, sem nos mexer um centímetro sequer. Mas qual é a meta? O que nós estamos tentando alcançar através de consciente ou inconscientemente seguir os nossos desejos? A resposta é prazer. Nós os perseguimos a fim de receber prazer de uma forma ou de outra.
Esta vontade de receber é tão complexa e perspicaz que na melhor das hipóteses, nós raramente percebemos que somos escravos dela. Claro que ninguém no seu perfeito juízo admite que seja escravo de alguém ou de algo. Mas, se a pessoa pára para refletir seriamente porque ele ou ela faz certas coisas, até mesmo ações da mais alta moral, existe somente uma conclusão que explica todas as ações. Nós agimos somente para receber prazer para nós mesmos…… ponto final.
A vontade de receber prazer é tão poderosa que pode até mesmo cancelar a gratificação imediata, tais quais como segurança ou dinheiro, para que no futuro um prazer maior possa ser recebido. No final das contas, se nós tivermos alguma participação em algum resultado, se nós calcularmos maneiras de atingir este resultado, o nosso desejo de receber tomou aquela decisão.
Cálculos Intermináveis sobre Prazeres Esperados
Então, o que acontece realmente com o desejo de receber e por que causa tais ações quando o desejo se apresenta?
A resposta é simples – um juízo é feito.
Um cálculo ocorre respeitante ao prazer que uma ação pode trazer versus ações alternativas e o prazer que elas podem talvez trazer. Este cálculo ocorre a uma velocidade relâmpago, e nem sempre requer um pensamento consciente.
Que ferramenta engenhosa tem tal capacidade para realizar estes cálculos e fazê-los literalmente milhões de vezes ao dia?
A resposta está bem entre as nossas orelhas: a maravilha de um computador biológico ao qual nós chamamos cérebro.
A vontade de receber está desenvolvida de tal modo perfeito em nós, que isto perturba a mente ao considerar quantas ações controla a cada segundo. Cada função do corpo opera através deste meio ambiente. Todos os sistemas agem de maneira coordenada para assegurar a mais alta eficiência para a sobrevivência mínima de uma pessoa, num nível inconsciente; todos os cálculos que requerem um processo cognitivo consciente ocorrem simultaneamente.
O cálculo feito a, como e quando se executar uma ação é um cálculo de trabalho. Esta é a fórmula fundamental que ocorre no cérebro: possível prazer recebido versus o trabalho necessário para receber o prazer. Se estivermos muito doentes, deitados na cama dormindo e o telefone toca à noite, nós provavelmente não iremos sair da cama para atendê-lo. Mas se a casa está pegando fogo nós podemos estar literalmente no nosso leito da morte, mas nós iremos sair de casa, de alguma maneira. O cérebro dá prioridade. Ele corresponde, compara, avalia e toma uma decisão baseado no resultado da sua análise. Uma vez a decisão feita, então somente existe uma ação.
Diferentes Métodos de Receber Prazer
No caso de desejo como sede por água, é fácil ver como o desejo de receber funciona. A confusão acontece quando nós começamos a considerar ações onde a pessoa está aparentemente dando aos outros, assim como pessoas que apóiam caridades, ou Escoteiros que ajudam a velhinha a atravessar a rua. A resposta é que existem duas maneiras de receber para si mesmo.
A primeira é a mais simples: o desejo de receber com a finalidade de receber. A segunda é o desejo de dar para receber. Assim como mencionado anteriormente, o desejo de receber é excepcionalmente perspicaz. Não só encontra maneiras de receber simplesmente para si mesmo, como pode até mesmo encontrar maneiras de receber por dar aos outros.
Na superfície, isto não faz qualquer sentido. Que prazer pode uma pessoa possivelmente receber ao dar? Claro que, quem já foi a uma festa de aniversário, e levou um presente para o amigo e o colocou na mesa com os restantes presentes, está bem ciente de como mal pode esperar para que o seu amigo abra o presente que trouxe. De fato, é da mais alta importância que o presente que levou seja apreciado pelo aniversariante.
Algumas pessoas descobriram quão agradável este tipo de recepção pode ser, e literalmente dão milhões de dólares para caridades pelo mundo todo. Não é que eles gostem necessariamente de gastar o seu dinheiro ganho através de trabalho duro, é que simplesmente eles recebem um prazer que é maior ao dar do que poupar e gastar só com eles mesmos. De fato, algumas pessoas são tão dependentes deste tipo de prazer que se você fosse de alguma maneira proibi-los de continuar com isso, eles considerariam que não vale mais a pena viver.
Desejos Animalescos e Sociais
As pessoas recebem os seus desejos de dois lugares distintos. Primeiro, existem os desejos animais, que são os mesmos de qualquer outro animal biológico. Estes desejos por comida, descanso, abrigo e procriação são genéticos e evidentes, não importa se a pessoa vive em sociedade ou não.
Depois a sociedade assume o controle. Existem desejos, tais como dinheiro, honra, conhecimento e poder que nós dependemos da sociedade para obtê-los.
Todos querem se sentir bem com eles mesmos, e se não incomodá-los, isto não exige muito esforço. Todavia, é aqui que a sociedade começa realmente a entrar em jogo. Como? A nossa opinião a respeito do nosso valor pessoal, é drasticamente influenciada por como somos considerados pela sociedade na qual vivemos.
Se o nosso meio ambiente mais próximo nos ditar que é importante ter certo tipo de carro, você verá garagens cheias deles. Se há certo estilo de cabelo, toda a mulher o estará usando. Se caçar é o que determina a masculinidade de um indivíduo em certa área, caçar será um esporte popular. Por outras palavras, a nossa sociedade fornece-nos com o que ela considera importante nestas áreas.
Claro, que nós temos algumo livre arbítrio. As modas atuais oferecem uma variedade de cores e formas, o último tipo de carro virá em modelos diferentes, feito por diferentes companhias, e nós temos uma variedade de escolhas para aquele diploma universitário. Mas mesmo nestes, as nossas escolhas serão baseadas em desejos, o que compreendemos dar-nos-á maior prazer.
Para resumir, toda a ação é predeterminada pelos nossos desejos e de cada um de nós. Nós recebemos estes desejos de duas fontes diferentes: da nossa genética e do nosso meio ambiente. Nós somos pressionados de uma maneira ou de outra a satisfazer o que nós calculamos que nos irá trazer maior prazer, baseados nos desejos que nós recebemos. Contrariar estas pressões é praticamente impossível.
“Desejo - o Combustível que nos Propulsiona” é baseado no livro, Sabedoria Maravilhosa: O Guia Para o Estudo da Autêntica Cabala por Michael R. Kellogg.