Qual É a Diferença entre Humanos e Animais?
Assim como o Estágio Quatro nas Quatro Fases de Desenvolvimento do Desejo Primordial da Criação é uma evolução natural do desejo de receber, o seu paralelo corpóreo, os seres humanos, surgiu através de um processo natural de evolução. O gênero Homo (humanóide macaco) apareceu pela primeira vez cerca de 2,5 milhões de anos, e evoluiu como todas as outras espécies, por seleção natural. Tal como acontece com os animais, os hominídeos que eram mais saudáveis e mais fortes sobreviveram e aqueles que eram menos pereceram.
No entanto, os hominídeos, e principalmente a mais recente evolução da espécie, Homo sapiens, investiu muito mais energia e tempo sobre as relações sociais do que qualquer outra espécie. Embora muitas espécies, como os golfinhos, os chimpanzés e os lobos, cultivem relações sociais intrincadas, as estruturas sociais nas sociedades humanas são dinâmicas e evolutivas por natureza.
A este respeito, Baal HaSulam escreveu na "Introdução ao Livro do Zohar", que ao contrário dos animais, os seres humanos têm a capacidade de simpatizar com as dores e alegrias dos outros, e os animais não. Ao declarar isso, Baal HaSulam não estava se referindo à empatia como muitas vezes é exibida por animais entre mães e filhos, e mesmo entre os espécimes não relacionados de uma mesma espécie. Em vez disso, aqui ele fala de um mecanismo inteiramente novo do desejo de receber: a evolução por inveja.
No item 38 da introdução que acabamos de mencionar, Ashlag explica a diferença entre desejos em humanos e animais, e como a inveja aumenta nossos desejos: "O desejo de receber no animal, que não tem a sensação de outros, só pode gerar necessidades e desejos na medida em que eles são impressos nessa mesma criatura. "
Em outras palavras, se um animal sabe que comer é bom, ele pode querer ajudar a um outro animal obter comida, também. "Mas o homem", continua Ashlag ", que pode sentir os outros, torna-se carente de tudo o que os outros possuem, também, e é, portanto, cheio de inveja para adquirir tudo o que os outros têm."
De fato, o aparecimento do Homo sapiens marcou o que parece ser uma mudança em direção da evolução. Os Homo sapiens, ao que parece, não estavam focados em desenvolver um físico mais forte, mais adaptável e ágil, mas no desenvolvimento de seus intelectos, e ainda mais surpreendentemente, na auto-expressão. Assim, vemos como o Homo sapiens é a representação terrena do Estágio Quatro do desejo de receber - o desejo de tornar-se onipotente e onisciente.
Você Adere à Regra da Sobrevivência – Abdicar do Interesse-Pessoal pelo Interesse do Sistema?
As palavras acima citadas de Ashlag marcam um ponto decisivo não só na história da evolução humana, mas tambem na evolução do universo. A (exclusivamente humana)-evolução por inveja mudou a direção da evolução. Até o surgimento do ego humano, as criaturas evoluíram com sucesso se seus órgãos internos cooperavam, seguindo o princípio de renúncia pelo interesse próprio em favor do interesse do sistema, e deixando que o sistema cuidasse do bem estar deles.
No entanto, é importante notar que a regra de Renúncia de Interesse próprio em favor do interesse do sistema não se aplica apenas aos órgãos e tecidos dentro de uma criatura. Os organismos não existem no vácuo, eles são ramos, como dissemos no capítulo anterior, de raízes que apareceram no reino espiritual. Por esta razão, eles operam da mesma forma que os sistemas espirituais operam - rendendo o auto-interesse perante o interesse do sistema hospedeiro ou sucintamente: altruisticamente. O sistema hospedeiro deles - os ecosistemas em que organismos vivem, - observa a mesma regra, já que nenhuma outra regra permite a perpetuação da vida.
Assim, se o físico de uma criatura funciona bem sob certas condições ambientais, mas as condições mudam, o físico desta criatura pode tornar-se inadequado e até mesmo inferior ao das criaturas com uma estrutura interna menos sustentável, porém com uma maior adaptabilidade aos seus ambientes.
Aparentemente, tal era o caso com a extinção dos dinossauros. Durante 165 milhões de anos, os dinossauros dominaram a Terra. Mas cerca de 65 milhões de anos atrás, eles desapareceram dentro de um prazo relativamente curto. Teorias sobre a razão para seu desaparecimento são muitas, mas nenhuma resposta conclusiva foi encontrada.
Uma possibilidade é a teoria do meteorito. De acordo com o Serviço Geológico dos EUA (USGS), "Há agora uma evidência comumente aceita de que o impacto de um meteorito foi, pelo menos, a causa parcial desta extinção." Mas, enquanto não há consenso científico em torno da causa ser o impacto de meteorito, há de fato um consenso de que, conforme publicado pela University of California Museum of Paleontology, "Houve uma alteração climática global, o ambiente mudou de quente e suave na era Mesozóica [era dos dinossauros] para mais frio e mais variado na era Cenozóica [era dos mamíferos]".
Assim, se foi um meteorito ou qualquer outra coisa que mudou o clima, houve uma mudança brusca de ambiente à qual os dinossauros (e cerca de cinquenta por cento das espécies vivas na Terra, na época) não poderiam se adaptar. E assim, elas se extinguiram.
Para sobreviver, os dinossauros e quase todos os outros animais devem cumprir a mesma lei em relação a seu meio ambiente como os seus órgãos internos o fazem: ceder o interesse próprio em favor de interesse do sistema, em troca do atendimento do sistema para eles. Quando a regra é violada em todo o ecosistema, mesmo que não intencional por parte dos animais, a extinção ocorre em uma escala colossal, simplesmente porque eles não se adaptaram rápido o suficiente.
Como Cada Desejo por Fama, Poder, Riqueza, Erudição e Imortalidade São um Desejo de se ser como Deus
O estado de ceder o auto-interesse em prol do interesse do sistema, em troca de atendimento do sistema, aplica-se não só a todos os organismos, mas também à funcionalidade do organismo no seu habitat (ecosistema). No entanto, há uma exceção à regra: o homem. Para entender por que o homem é diferente de todos os outros animais, precisamos refletir sobre as quatro fases. Os Estágios Um a Três refletem desejos de receber prazer de um doador, seja por receber prazer diretamente ou por retornar o seu prazer. Mas Estágio Quatro é essencialmente diferente: ele reflete um desejo de ser o doador.
Em outras palavras, o Estágio Quatro deseja alcançar um objetivo que é, por definição, inatingível. Assim como um filho não pode ser seu pai, o Estágio Quatro não pode ser o Estágio Zero. Mas, assim como um filho pode ser parecido com seu pai, o Estágio Quatro pode ser parecido com Estágio Zero.
Sendo um desejo de receber, e sabendo que ser como o Estágio Zero, a Raiz, é a recompensa mais alta possível, isto é o que o Estágio Quatro deseja alcançar. Como resultado, nós - a sua personificação corpórea- nos esforçamos para alcançar o mesmo.De forma subconsciente, nossos desejos de fama, poder, riqueza, erudição, e imortalidade são realmente desejos de nos assemelharmos a Deus. Nenhuma pessoa escapa a esses desejos, pois somos todos partes do Estágio Quatro, que foi quebrado, junto com a alma de Adam. As únicas variações entre os seres humanos estão na intensidade e proporção desses desejos, mas não em seus componentes.
Evidentemente, há pessoas cujos desejos de fama, fortuna e brilho são muito pequenos, estas são pessoas simples, satisfeitos com um abrigo, uma família e um sustento muito básico. Em tais pessoas, os desejos do Estágio Quatro são menos dominantes, daí, elas terão metas menos ambiciosas. Porém, mesmo no indivíduo mais calmo existe um "diabo" que deseja um pouco mais do que o seu vizinho possui. Estes são os desejos do Estágio Quatro- o senso de apossamento sobre o qual Twenge e Campbell escreveram - e eles são quase que exclusivamente humanos.
Estes desejos são também o que nos faz de exceção à regra que governou a evolução até o surgimento do Homo sapiens. Porque os seres humanos possuem uma aspiração inata para se tornarem como o Criador, nós tendemos a ser ativos na nossa abordagem aos desafios, ao invés de nos adaptarmos passivamente às condições, como os outros animais. Assim, em vez de adaptarmos o nosso corpo da melhor forma que pudermos para as mudanças climáticas ou a ameaças, tentamos mudar o clima ou eliminar as ameaças.
Um desses esforços foi mudar o nosso "microclima pessoal", nosso entorno imediato, cobrindo nossas peles com as de animais, cuja pele nos dá melhor proteção contra os elementos do que a nossa. E, em vez de confiar em nossa força física (claramente insuficiente) para conseguir o nosso alimento, desenvolvemos ferramentas cada vez mais sofisticadas para nos ajudar na caça, bem como para proteger-nos contra animais predatores. Hoje há evidências inequívocas de que os primatas, alguns mamíferos, e até mesmo pássaros usaram ferramentas tais como pedras, ramos e galhos para ajudá-los em adquirir alimentos e para lutar. Mas a produção sistemática de ferramentas e de armas, tais como entalhar pedras e ossos para lanças, é uma habilidade exclusivamente humana.
Outra descoberta muito importante que os primeiros seres humanos (Homo erectus) fiseram foi o controle do fogo. O fogo permitiu aos humanos manter o seu habitat quente, afastar animais predadores, e até mesmo cozinhar. A descoberta de maneiras de fazer e de controlar o fogo marca uma mudança drástica na evolução. O homem era agora um animal que podia mudar seu ambiente para adaptá-lo às suas necessidades, em vez de mudar a si mesmo para se ajustar ao ambiente.
Entender Como Os Humanos Desenvolvem seu Intelecto e Mudam seu Ambiente
Um aspecto mais profundo e muito mais importante da mudança na evolução que o aparecimento do homem representa é que, diferentemente de outros animais que desenvolvem os seus corpos, os seres humanos desenvolvem as suas mentes. Para lidar com o perigo ou para obter alimento, os animais tentam fugir ou combater seus atacantes ou presas.
Os seres humanos, em vez disso, construíram armas. Para enfrentar o frio, os animais criam uma pele grossa e camadas de gordura hipodérmica. Humanos acendem fogueiras.
O uso do intelecto em vez do corpo para obter o que desejam também permite aos seres humanos planejar o futuro. Enquanto alguns animais armazenavam alimentos para o inverno, somente os seres humanos cultivavam alimentos e se livravam da vegetação indesejável limpando a terra para dar espaço para as plantas que lhes serviriam de alimento. De acordo com a maioria dos pesquisadores, a agricultura começou entre 10.000 e 15.000 anos atrás no Crescente Fértil (apesar de novos dados coletados por uma equipe liderada pelo Dr. Robin Allaby da Universidade de Warwick que encontrou provas de que a agricultura de plantas começou na Síria algo como 23 mil anos atrás ).
Embora a capacidade do homem para cultivar alimentos possa parecer muito barulho por nada hoje, foi quando os humanos começaram a cultivar a terra, que, em certo sentido, tornaram-se criadores - eles começaram a mudar seu meio ambiente. Este é um feito que apenas o desejo de Estágio Quatro pode conceber.
No entanto, junto com o progresso chegam os problemas. Todas as criaturas, com exceção do homem, devem aderir às regras do seu ecossistema, ou perecerão. O homem é o único organismo que pode planejar e executar a mudança em seu ambiente conforme sua própria vontade. Quando isso acontece, o homem deve aprender as regras pelas quais os ecosistemas funcionam, ou as alterações podem revelar-se desastrosas para o ecosistema e, consequentemente, para seus habitantes, incluindo o homem.
No corpo humano, como em qualquer organismo, cada célula tem um papel particular. Além disso, nós escrevemos: "Para que o organismo possa persistir, cada célula deve desempenhar sua função ... e atender ao objetivo de manter a sua própria vida, antes do objetivo de manter a vida de seu organismo hospedeiro. Se a célula começa a agir de forma contrária a este princípio, os seus interesses entram logo em conflito com os do corpo e os mecanismos de defesa do corpo ... a destróem. "
Da mesma forma, quando o homem tornou-se potente o suficiente para alterar o seu ecossistema, ele teve que aprender a se comportar como uma célula de um organismo, abstendo-se de pôr em risco a sustentabilidade do sistema ao risco do sistema precisar se livrar do perigo eradicando a raça humana por completo, ou por se auto-eliminar, matando a raça humana no processo, como descrito em relação ao câncer. Hoje, eu acredito que é bastante evidente que a Natureza já está "tomando medidas compensatórias" para equilibrar as ações prejudiciais dos seres humanos.
Mas dez ou mais milênios atrás, as coisas eram muito diferentes do que são agora. O Homo sapiens estava apenas começando a desfrutar dos benefícios do conhecimento e da tecnologia e o conceito de seres humanos arriscando seu habitat não estava na mente de ninguém. O desenvolvimento da agricultura mudou os estilos de vida das pessoas, da caça e coleta para um comportamento mais sedentário, e uma das conseqüências disso foi a aceleração do desenvolvimento tecnológico.
Outra questão importante que estava na mente das pessoas naquela época (e ainda está, para muitos) é a religião. Prof Jared Diamond, autor do aclamado Armas de fogo, Germes, e Aço: O Destino das sociedades Humanas disse em uma palestra intitulada "A Evolução das Religiões" na University of Southern California, que cerca de dez mil e quinhentos anos atrás, a religião mudou suas funções. Ele explicou que a religião tinha adotado um papel de explicar as coisas. A religião começou a explicar tudo o que era desconhecido e pouco familiar, e, portanto, provia consolo e confiança nas pessoas.
Mas a coisa importante a notar sobre religião nesse ponto não é tanto a direção na qual ela se desenvolveu, mas o próprio fato de que ela se desenvolveu. A existência de uma entidade, institucionalizada organizada que fornecia respostas significava que as pessoas estavam começando a fazer perguntas - perguntas profundas sobre o propósito da vida e as leis que a regem. Isto mais tarde levou ao surgimento da Cabalá, precisamente na mesma área que o Crescente Fértil.
Além da evolução da religião, e porque os avanços agrícolas que acabamos de mencionar encorajaram as pessoas a abandonarem seu estilo de vida nômade para um estilo mais sedentário, a população no Crescente Fértil começou a crescer. E quando os desenvolvimentos tecnológicos, como a invenção da roda, incentivaram um maior desenvolvimento e urbanização, as formas mais organizadas de governo e religião seguiram. Assim, a Mesopotâmia tornou-se gradualmente o que hoje chamamos o "berço da civilização."
"Você Reconhece os Sinais de Alerta Iniciais da Extinção Humana?" é baseado no livro, Interesse-Próprio Vs. Altruísmo por Dr. Michael Laitman