Introdução
Por centenas de anos nós temos tentado organizar uma vida normal nos países em que vivemos, mas as circunstâncias constantemente nos forçaram a voltar à realização da unidade. O exemplo mais claro disso é a história de Purim.
Os judeus foram espalhados por todo o império babilônico, e com o tempo começaram a esquecer a sua missão. Eles simplesmente queriam ser como todos os povos da Babilônia e viver como todo mundo, mas uma série de eventos os colocou em perigo de aniquilação.
Tudo começou com um judeu chamado Mardoqueu que vivia na capital de Susan. Sua protegida Ester, por ocultar sua origem, foi levada ao palácio e se tornou a rainha.
Houve um tempo em que Mardoqueu expôs uma tentativa de assassinar o Rei, e por esta ação, ele salvou a vida do rei, mas não mereceu uma expressão de agradecimento e gratidão. Além disso, em vez de Mardoqueu, o rei promoveu Hamã e promoveu-o como ministro sobre todos os ministros e instruiu todos os seus súditos a curvar-se diante dele.
E isso é o que todo mundo fez, exceto Mardoqueu. Hamã ficou furioso, cheio de raiva, e por isso decidiu aniquilar todos os judeus. Ele informou ao rei que havia um povo espalhado e separado em seu reino que não aceitava as ordens do rei, então eles tinham que ser aniquilados.
O Governo do Indefeso
A história de Purim é uma metáfora que nos fala sobre o papel da nação judaica e sobre o seu último avanço rumo à plenitude. Mordecai parece fraco e indefeso no início. Ele se senta à porta do Rei e parece impotente, um típico judeu na diáspora. Em frente a ele está o respeitável ministro, Hamã, que vê que pode aniquilar os judeus que estão no exílio.
Por que ele deveria aniquilar os judeus?
Hamã sente que eles interrompem o seu governo. É verdade que os judeus estão no exílio sob a dominação estrangeira e qualquer um pode humilhá-los, mas, apesar do fato deles serem indefesos, eles têm um enorme atributo oculto que as nações do mundo não podem suportar.
Todo mundo ao redor deles sente que elas não têm o grande trunfo que os judeus têm e que elas nunca terão. Elas sentem que nós compreendemos melhor e estamos mais fortemente conectados a algum santo segredo da criação.
Eu me lembro que décadas atrás uma mulher idosa na Sibéria, onde ninguém tinha visto judeus, disse-me, “o Criador te ama”. Acontece que durante a Segunda Guerra Mundial, quando sua mãe lhe contou sobre as intenções dos fascistas, ela disse, “Hitler não ganhará uma vez que está agindo contra os judeus”.
Este sentimento está vivo entre as nações do mundo. Esta é a razão que Assuero (Xerxes), e especialmente Hamã, queria nos aniquilar. Esta é a razão para o Holocausto, embora pareça não incomodávamos os nazistas. A nossa existência é dolorosa e prejudica aqueles ao nosso redor, como se nós estivéssemos impedindo-os de alcançar a plenitude.
Nós demos à humanidade a Torá, a fonte das duas principais religiões. Nós lançamos as bases para a educação e cultura. Nós somos uma nação que parece governar o mundo não pelo poder, mas pela sabedoria, pela profundidade, pela proximidade com as fontes secretas e ocultas da criação, que os outros não podem alcançar. Este é um fardo pesado para as nações.
Um Fator Ameaçador
No entanto, nós só podemos chegar à Divindade por meio do reconhecimento do mal. Esta é a razão de precisarmos de Hamã, que invoca o mal em nós, de modo que o conflito com ele nos empurre à bondade. Sem este fator não teríamos retornado à terra de Israel a partir do exílio. Hamã invoca nos judeus, um medo existencial muito sério. Então, Mordecai envia Ester para pedir ajuda ao Rei para que ele pudesse anular a sentença.
Em resposta, ela diz, “Eu não posso. Com quem eu devo ir? Eu preciso de um desejo, uma deficiência. Eu preciso de uma necessidade. Eu preciso levar o clamor do povo ao Rei. Eu não tenho nada meu para contar a ele. Reúna os judeus na capital e diga-lhes para jejuar e orar ao Criador por três dias”. Ester não pode vir ao Rei de mãos vazias. Ela precisa de um pedido que só pode nascer como resultado do jejum, quando os judeus não querem nada, exceto a conexão e unidade entre eles. Isto é o que Mordecai deve explicar aos seus irmãos, que apenas conexão e unidade entre eles pode salvá-los, e se não, eles vão morrer. É um dos dois.
Duas Faces Reais
Então, os judeus ouviram e viram que não estavam unidos, e eles queriam estar. É com esse desejo que Ester foi ao Rei, e ele ajudou, mas esse já é o Rei superior. Assuero é apenas um lado do Criador, a liderança com o atributo de Din (julgamento). Além disso, há o lado da misericórdia.
Os judeus devem tentar chegar à unidade e ver que não podem fazer isso. Na verdade, não está em nosso poder realmente se unir. Ainda assim, como o livro de Ester nos diz, se pedirmos ajuda de Cima com a deficiência correta, nós a obtemos. Assim, em vez de Hamã, Mordecai monta o cavalo, e nós alcançamos o sucesso, o nosso estado mais elevado, e uma vida feliz.
A época de Mordechai (Mardoqueu) e Ester foi o Zivug mais elevado, que corresponde ao fim da correção. O que precisa ser feito para atingir esse mesmo estado de novo?
Nós temos que viver por meio de todas as ações materiais que têm raízes espirituais.
Houve todos estes acontecimentos: antiga Babilônia, escravidão egípcia, vagar no deserto, entrada na terra de Israel, construção do Primeiro Templo e sua posterior destruição, exílio babilônico, construção do Segundo Templo, sua devastação e exílio; todos esses eventos ocorreram por uma razão. Agora, nós estamos nos aproximando do fim.
Os eventos de Purim aconteceram durante o exílio babilônico. Desde a destruição do Primeiro Templo, nós perdemos a Luz de Mochin de Chaya que estava incluída em nossa Reshimo. Esta Luz estava adormecida e era impossível despertá-la. Ela desperta apenas como resultado da ação chamada Purim, apenas sob sua influência.
Rainha Ester é um personagem histórico real. Seu filho, Koresh, ajudou a construir o Segundo Templo. Ele deu dinheiro para os judeus e os trouxe de volta para a terra de Israel. Ele também ajudou a reconstruir o país inteiro e investiu muito em sua ressurreição.
Todos estes eventos devem ser revelada ao mundo como ramos que se originam de raízes espirituais.
É por isso que Purim, Mordechai, Ester e Assuero referem-se apenas aos caminhos espirituais. As forças espirituais são a única coisa que devemos considerar neste mundo corporal.
O Livro de Ester (Meguilat Ester) 1:1: E sucedeu nos dias de Assuero, o Assuero que reinou desde a India até a Etiópia, sobre cento e vinte e sete províncias. Assim começa Megillat Ester, o Livro de Ester. A palavra hebraica “Megillah“ é derivada da palavra “Gilui” (divulgação) e “Ester” significa escondido. Ester é o nome da rainha, a esposa de Assuero (Xerses). Megillat Ester simboliza a revelação do oculto, o que implica que, embora algo seja revelado a você, você deve se lembrar que tudo se mantém em ocultação.
O Livro de Ester (Meguilat Ester) 2:5-7 – 2:20: Mardoqueu tinha uma prima chamada Hadassa, que havia sido criada por ele, por não ter pai nem mãe. Essa moça, também conhecida como Ester, era atraente e muito bonita, e Mardoqueu a havia tomado como filha quando o pai e a mãe dela morreram. Quando a ordem e o decreto do rei foram proclamados, muitas moças foram trazidas à cidadela de Susã e colocadas sob os cuidados de Hegai. Ester também foi trazida ao palácio do rei e confiada a Hegai, encarregado do harém.
A moça o agradou e ele a favoreceu. Ele logo lhe providenciou tratamento de beleza e comida especial. Ester não tinha revelado a que povo pertencia nem a origem da sua família, pois Mardoqueu a havia proibido de fazê-lo.
O rei gostou mais de Ester do que de qualquer outra mulher; ela foi favorecida por ele e ganhou sua aprovação mais do que qualquer das outras virgens;
Ester pertencia ao povo judeu que tinha uma conexão com a força superior, e se ela tivesse dito a verdade sobre sua origem, isso poderia ter prejudicado o seu relacionamento com o rei.
Ela alcançou graça e favor aos seus olhos, porque ela revelou certa parte de seu potencial espiritual em seu relacionamento com o rei.
Então, o rei deu um grande banquete, o banquete de Ester, para todos os seus minsitros e oficiais. Proclamou feriado em todas as províncias e distribuiu presentes por sua generosidade real. Quando as virgens foram reunidas pela segunda vez, Mardoqueu estava sentado junto à porta do palácio real.
Ester havia mantido segredo sobre seu povo e sobre a origem de sua família, conforme a ordem de Mardoqueu, pois continuava a seguir as instruções dele, como fazia quando ainda estava sob sua tutela.
…Mardoqueu estava sentado junto à porta do palácio real.
Mardoqueu (Mor Dror) é a força superior, uma força muito séria que está totalmente oculta. Ester continuou totalmente sua linha.
Isto significa a porta do rei superior, a força superior da natureza. Sentar representa o estado de humildade, de pequenez. Portanto, Mardoqueu esperou pacientemente pela oportunidade de passar o atributo da força superior a todas as pessoas na Terra. A população da Babilônia naqueles dias era, na verdade, toda a humanidade.
O Livro de Ester (Megillat Esther) 3-1, 3: 5-9: Depois desses acontecimentos, o rei Assuero honrou Hamã, filho de Hamedata, descendente de Agague, promovendo-o e dando-lhe uma posição mais elevada do que a de todos os demais nobres.
Deve haver um grande desejo, a fim de revelar a força superior, a grandeza do Criador. Em primeiro lugar, ele decorre do ego, depois ele é corrigido e a revelação do Criador é recebida no desejo corrigido. Mardoqueu não tem esse desejo. Ele estava num estado de pequenez, sentado à porta do rei, por isso foi necessário incluir o ego nele, a fim de elevá-lo ao próximo nível. O ego que é adicionado ao Mardoqueu é chamado de Hamã.
Quando Hamã viu que Mardoqueu não se curvava nem se prostrava, ficou muito irado. Contudo, sabendo quem era o povo de Mardoqueu, achou que não bastava matá-lo. Em vez disso, Hamã procurou uma forma de exterminar todos os judeus, o povo de Mardoqueu, em todo o império de Xerxes. No primeiro mês do décimo segundo ano do reinado do rei Xerxes, no mês de nisã, lançaram o pur, isto é, a sorte, na presença de Hamã a fim de escolher um dia e um mês para executar o plano. E foi sorteado o décimo segundo mês, o mês de Adar.
Hamã representa o ego universal. Ele teve que matar o desejo chamado Mardoqueu, que constantemente ameaçava o ego. Ele planejou aniquilar e destruir todos os judeus, visto que o povo judeu é, na verdade, um canal para a Luz e o atributo de doação. Se eles começassem a doar a todas as outras nações certamente seriam capazes de corrigi-las e transformá-las em altruístas, transformá-las numa nação superior assim como eles; uma nação que não serviria mais a Hamã. Hamã sabia que não poderia corrigir-se e por isso não tinha outra escolha e foi obrigado a agir contra Mardoqueu.
Então Hamã disse ao rei Assuero: “Existe certa nação dispersa e espalhada entre as nações de todas as províncias do teu império, cujos costumes são diferentes dos de todas as outras nações e que não obedecem às leis do rei; não convém ao rei tolerá-los. Se for do agrado do rei, que se decrete a destruição deles…”.
Cada uma das nações que viviam nas 127 províncias do império babilônico tinha um território próprio, mas os judeus estavam dispersos entre todas as nações e não tinham a sua própria terra. No entanto, eles ainda atribuíam para si uma tribo em particular chamada nação de Israel.
Esta é a razão que Hamã disse: “Existe certa nação dispersa e espalhada entre as nações de todas as províncias do teu império”, o que significa que eles não estavam conectados entre si. O ego os separava e os fazia sentir repulsa mútua. Eles não podiam ser uma nação, uma vez que todas as outras nações eram definidas por sua origem e tinham um completo egoísmo terreno, que os judeus não tinham. Eles diferem de tal forma que falavam aramaico entre si e não hebraico, sua língua materna.
Na época do Primeiro Templo, os judeus estavam num nível espiritual e falavam hebraico, mas quando eles caíram para um nível egoísta que era muito inferior aos das outras nações, eles realmente perderam sua língua, a língua de doação e amor mútuo, e começaram a falar aramaico, a língua que é o inverso do hebraico. Além disso, cada nação sentiu que pertencia a uma classe social e cada nação respeitava o rei e se curvava a seus ídolos, enquanto os judeus não tinham ídolos, não respeitavam o rei, e não há tinham relações sociais mútuas adequadas entre si. Eles eram os maiores egoístas que não se davam bem uns com os outros.
Tenho estudado Cabala por dois anos. Como posso ajudar meu marido a juntar-se aos estudos da Cabala se ele se recusa?
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Em geral, aja de uma forma um tanto escondida, como a rainha Ester. Não é por acaso que ela simboliza uma característica especial do sexo feminino, uma abordagem especial para o homem de quem ela não pode escapar.
Homens são mais diretos, mas uma mulher pode tranquilamente e calmamente incliná-lo para o que ela deseja.
Fonte: Aprenda Com A Rainha Ester