IDRA RABA (GRANDE ASSEMBLEIA) E O LIVRO DO ESPLENDOR
Idra Raba é uma caverna localizada no norte de Israel entre Meron e Zfat, para onde Rashbi levou seus alunos, e lá ele escreveu O Livro do Esplendor [Zohar]. É quase impossível fazer uma ideia de como era realmente grande o rabi Shimon Bar Yochai. Ele pertence, nas palavras de Baal HaSulam, à mais elevada Luz Interior. Por esse motivo ele teve que usar o rabi Abba para colocar suas palavras na forma escrita. No Livro do Zohar, Rashbi diz a seus alunos: “Eu vos distribuo da seguinte forma: rabi Abba escreverá, rabi Elazar, meu filho, estudará oralmente e o restante dos amigos conversarão em seus corações” (Zohar, Haazinu).
O Livro do Zohar foi escrito no século II D.C., pouco tempo depois da destruição do Segundo Templo e do começo do último exílio do povo de Israel de sua terra. Porém, mesmo antes do exílio, Rashbi previu que O Livro do Zohar somente seria revelado no fim do exílio. Ele afirmou que sua revelação às massas simbolizaria o fim do exílio espiritual: “… nele [no Zohar], elas sairão do exílio com misericórdia” (Zohar, Naso).
Também está escrito no Livro do Zohar que sua sabedoria seria revelada a todos perto do fim dos seis mil anos, o período estipulado para a correção da humanidade: “E quando se aproximarem os dias do Messias, até as crianças do mundo estarão fadadas a descobrir os segredos da sabedoria e por estes conhecerão os propósitos e as previsões da redenção, e nesse tempo ele será revelado a todos” (Zohar, VaYera).
A ROSA
1. Rabi Hizkiyah abriu (começou): “Está dito, como uma rosa entre espinhos” (Shir HaShirim — Cântico dos Cânticos 2,2). Ele pergunta, “O que representa uma rosa?” E responde, “É a Assembleia de Israel, que significa Malchut. Pois há uma rosa, e há uma rosa. Assim como uma rosa entre espinhos tem as cores vermelha e branca, a Assembleia de Israel (Malchut) consiste de julgamento e misericórdia. Assim como uma rosa tem treze pétalas, assim também a Assembleia de Israel consiste de treze propriedades de misericórdia, circundando-a por todos os lados. Afinal de contas, Elokim (o nome do Criador que alude à Sua atitude para com os inferiores pela força do julgamento, como está escrito, ‘No princípio, Elokim criou’ (a primeira sentença da Torá), no princípio (inicialmente) quando Ele refletiu, criou treze palavras para cercar a Assembléia de Israel e protegê-la, que são: O, CÉU, E-A, TERRA, E-A TERRA, ESTAVA, VAZIA, E-CAÓTICA, E-AS TREVAS, SOBRE, A FACE, DO ABISMO, E-O ESPÍRITO, até a palavra Elokim” (em hebraico, a conjunção “e” é ligada à palavra seguinte; portanto, o grupo assim formado é considerado uma só palavra).
O estado de Katnut de Nukvá é chamado de “uma rosa entre espinhos”, pois nove de suas Sefirot inferiores no estado de Katnut se inseriram na Parsa do mundo de Atzilut, dessa forma perdendo a Luz do mundo de Atzilut, e ficando secas como espinhos. E em seu estado de Gadlut, Nukvá é chamada simplesmente de “uma rosa” ou “a Assembleia de Israel.” Por isso está escrito, “há uma rosa, e há uma rosa.”
A cor vermelha indica a conexão da rosa com as forças exteriores impuras, que, devido a essa conexão, podem sugar dela a força (Luz). Isto ocorre porque nove de suas Sefirot se encontram no exílio abaixo do mundo de Atzilut, no mundo de Briá, que pode já conter forças impuras. E a rosa também pode ter cor branca em sua Sefirá Keter, pois esta se encontra no mundo de Atzilut, acima de Parsa, onde não há contato com as forças inferiores impuras. Em outras palavras, existem dois estados opostos: perfeição e sua ausência, Luz e escuridão. Eles são percebidos por quem o merece.
Portanto, está escrito que, assim como uma rosa entre os espinhos pode ser vermelha e branca, assim também a Assembleia de Israel é constituída por julgamento e misericórdia. Isto mostra que em Gadlut, quando Malchut é denominada Knesset Israel, mesmo que tenha ascendido a Biná e a tenha revestido, ela ainda conserva a propriedade de julgamento, de restrição — uma atitude firme e justa, porém não compassiva. Isto porque ela necessita de uma tela (uma força de resistência aos seus desejos egoístas) que, se for acessível, permite que Malchut receba a Luz Superior.
A lei, o julgamento ou a restrição não permite o recebimento da Luz em desejos egoístas. A tela, a aspiração de opor-se aos desejos egoístas da pessoa, repele a Luz Superior (prazer) de volta à sua origem, o Criador. A Luz que o homem manda de volta é chamada “Luz de Retorno ou Refletida” ou a “Luz do Julgamento”. Na medida da intensidade da força refletora (ou seja, a força de resistência à vontade de receber), é permitido ao homem receber as dez Sefirot da Luz Superior (chamada Luz Direta ou Luz de Misericórdia) por amor ao Criador, precisamente nesses desejos altruístas. E é por isso que, mesmo em seu estado completo, a Assembleia de Israel consiste de julgamento e misericórdia, correspondendo às cores vermelha e branca de uma rosa entre espinhos.
E este é o poço feito pelo rei Shlomo (Salomão), erigido sobre doze touros, pois as nove Sefirot inferiores de Malchut que desceram para o mundo de Briá foram corrigidas ali por doze cabeças de touros. Uma de suas Sefirot, Keter, que permaneceu no mundo de Atzilut, é chamada de “poço” construído sobre esses touros. Juntas, são denominadas as treze pétalas da rosa. (O motivo de as dez Sefi rot de Malchut serem divididas por dez — Chassadim ou treze — Chochmá será explicado posteriormente).
OS TREZE ATRIBUTOS DE MISERICÓRDIA
A Luz de uma Nukvá completa se chama Chochmá, pois contém a Luz da Sabedoria e provém dos treze nomes que são chamados de “os treze atributos da misericórdia”. Contudo, o principal que o rabi Hizkyiah quer nos dizer é que uma rosa entre os espinhos está acima da Assembleia de Israel, porque, como é bem sabido, tudo o que está presente no estado completo de Nukvá deve existir também em seu estado pequeno, embora em proporção menor.
Portanto, diz-se que as propriedades do branco e do vermelho no estado pequeno correspondem às propriedades de misericórdia e julgamento no estado grande. E as treze pétalas do estado pequeno, quando corrigidas, criam em Nukvá os treze atributos da misericórdia em seu estado grande. Posteriormente, veremos como esses treze atributos de Malchut do mundo de Atzilut a modificam em ambos os estados, pequeno e grande.
Está escrito que, no processo da Criação, “no princípio, Elokim (Biná de Atzilut) criou” Nukvá de ZA com treze palavras: ET, SHAMAIM, VE’ET, ARETZ, VEARETZ, HAITA, TOHU, VABOHU, VECHOSHECH, AL, PNEI, TEHOM, VERUACH (da palavra Elokim até a palavra Elokim). E estas treze palavras significam as treze pétalas de uma rosa entre espinhos (seu estado pequeno), como o poço construído pelo rei Salomão, que se apóia sobre treze (doze) touros (nove Sefirot inferiores de Malchut sem Luz, pois elas estão no mundo de Briá, abaixo da Parsa do mundo de Atzilut). Estas palavras são a preparação para a purificação e correção da Assembleia de Israel, para receber os treze atributos da misericórdia.
Esses treze atributos da misericórdia (a Luz de uma Nukvá completa) a cercam e brilham sobre ela de todos os lados e a protegem do contato de desejos externos (egoístas). Afinal de contas, até que ela esteja repleta com toda a Luz de Chochmá em seu estado grande, completo, existe um potencial de que desejos externos egoístas se agarrarem a ela e dela se alimentem.
Do Livro "O Zohar" de Dr. Michael Laitman
Este texto não deve ser lido da mesma forma que outros. Ele deve ser lido, com paciência. Cada frase deve ser repetidamente lida, para extrair as nuances do texto. O leitor deve tentar penetrar nos sentimentos do autor.
Embora o texto trabalhe com um único tema — como se relacionar com O Criador — ele o aborda de diferentes ângulos, o que permite a cada um de nós encontrar uma passagem ou palavra específi ca, que terá capacidade de nos conduzir a sabedoria atemporal.
Decifrando O Zohar, A Rosa
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Publicado por Cabala em Português em Terça-feira, 21 de Julho de 2015