Por que existem tantos problema nas relações familiares hoje em dia, e tantas pessoas estão se divorciando ou não querem se casar de jeito nenhum?
O egoísmo está crescendo o tempo todo. Ele não é mais como nas gerações passadas onde não havia quase diferença entre uma geração e a próxima.
Hoje a pessoa é nova a cada momento! Para mudar, a pessoa nem precisa ter nascido. E desde que a pessoa é nova, ela não pode suportar o que tinha ontem. Ontem, eu me casei com alguém, e hoje quando eu olho para “ela”, eu fico perplexo e penso: “Essa é realmente a mulher com quem me casei? Onde está aquela que eu conhecia ontem? Onde estão suas qualidades? Eu não vejo aquelas qualidades hoje”. Eu falhei em entender que uma mudança ocorreu em mim. Enquanto isso, eu olho para ela e me parece que ela mudou, e que eu não sou mais capaz de viver com ela.
Não é culpa de ninguém. Se nosso desejo que se desenvolve não começa a ser corrigido, a família irá inevitavelmente ser destruída. Que base as pessoas precisariam usar para ficar juntas?
Os problemas na família estão se agravando e eles são impossíveis de serem resolvidos se os cônjuges não estão unidos pelo estudo comum da espiritualidade.
Nenhuma atividade material irá manter as pessoas juntas. Somente isso pode salvar a família, como está escrito: “Um marido e uma esposa, e o Criador entre eles”.
À medida que esta força externa se aproxima de nós, à medida que ela brilha sobre nós, a nossa sociedade e o mundo de forma mais sensível e intensa, nós sentimos nossa oposição a ela. Nós não sentimos a força em si, mas a nossa incapacidade de sossegar mesmo que um pouco.
O mundo se tornou imprevisível. As pessoas estão engajadas em adivinhações e até acreditam em milagres. Como é possível isso acontecer em nossa época esclarecida?
Nós somos como cônjuges antes de um divórcio. Nós nos odiamos mutuamente, apesar de ainda estarmos em um apartamento. Nós devemos mudar, nós não conseguimos ficar juntos, mas os laços comuns nos mantêm juntos. Este é o “apartamento partilhado” que nos encontramos hoje na Terra.
Antes, isto se tornou evidente em um pequeno território, na Mesopotâmia, há 3.700 anos. Então, pela primeira vez, as pessoas começaram a procurar o que elas poderiam fazer. Por um lado, elas estavam no mesmo lugar e na completa e total interdependência.
Será que devemos continuar a incentivar as pessoas a criar famílias?
Nós estamos passando por uma fase do desenvolvimento humano em que a instituição familiar está se despedaçando; ela não é mais necessária. Temos trabalhado há muito tempo, deixado-a de lado, e agora devemos subir para um novo nível. Este ainda está para surgir. Assim, a geração mais jovem está reavaliando seus valores: eles não querem criar famílias, dar à luz a crianças, ou ser obrigados a alguém ou algo.
Mas esta é uma fase temporária. As pessoas estão procurando uma resposta para a pergunta: “Por que precisamos de uma família?” Em geral, lidamos sempre com a pergunta: “Por quê?” As pessoas precisam encontrar sentido na família, quando não é um fim para a reprodução, a fim de manter a vida e tudo mais.
Como uma família corrigida se parece no sentido espiritual?
Está escrito “Marido e mulher, e a Shechina entre eles”. Se nós vivemos em prol da realização espiritual, se inicialmente colocamos isto como fundamento da nossa conexão, se esse for o nosso objetivo em cada fase, se entendemos que é exatamente por isso que existimos neste mundo, que este é o “ápice” da família, que esta é a razão pela qual damos à luz crianças e trabalhamos, se sentimos que o fio que nos conecta uns com os outros e com as nossas crianças passa pelo Criador, se queremos que Ele reine entre nós de modo que toda a família sinta a Sua presença, então essa abordagem corrige todas as nossas relações. Então, nós temos uma família bem-sucedida.
Quais são as fases que temos que percorrer até chegar a estabelecer as relações na família e alcançar a completa união?
Primeiro eu preciso da ajuda da minha esposa, que é chamada “ajuda contrária”. Então, eu posso examinar a mim mesmo, unir e explorar um ao outro tanto quanto possível. Eu tenho que descobrir que vejo o outro como uma figura distorcida que o ego representa para mim. Esta é a psicologia que temos que aprender; assim é como temos que educar todos para que possam ser adultos maduros que entendem seus próprios sentimentos e atributos especiais. Então, a pessoa será capaz de usar todos os seus atributos especiais corretamente nas conexões com o seu parceiro.
Primeiro você constrói um relacionamento com sua esposa, desenha a imagem dela e a sua imagem e decide até que ponto pode entrar nela e em que medida ela pode entrar na sua imagem, e onde vocês se encontram. Você inicia a partir do conhecimento básico de que vocês são dois egoístas se enfrentando, separados por uma distância infinita. Agora, cada um tem que deixar seu ponto de partida e começar a ficar mais perto do seu parceiro.
Quanto mais perto eu fico do outro lado, mais longe fico do meu ponto básico natural, e mais difícil é para eu avançar. Também é cada vez mais difícil para minha esposa, à medida que ela permanece no seu “eu”. Nós temos que agradecer um ao outro por esses esforços, e então seremos capazes de avançar para mais perto um do outro. Tudo isso acontece graças às nossas concessões mútuas, até chegarmos a uma conexão interna.
Este é o ponto de contato pelo qual estamos prontos a abrir mão da nossa própria base e nos conectar. Conectar significa que eu recebo de minha esposa o que é essencial para ela de acordo com seu caráter, e isso se torna essencial para mim. Assim, o contato é criado entre nós, uma conexão, a incorporação mútua. Existem saliências e reentrâncias em cada um de nós que nós conectamos.
O que é importante para a minha esposa também deve ser importante para mim, e ela faz o mesmo no que diz respeito a mim, de modo que é criado um espaço compartilhado entre nós. Trabalhar neste espaço, graças aos nossos esforços em manter a conexão em diferentes estados, nos ajuda a nos conectar. Este espaço compartilhado é chamado de casal.
Existem enormes espaços além deste espaço compartilhado que pertence apenas a mim ou a ela. São como dois círculos que se cruzam numa área comum entre eles onde cada um recebe os desejos do outro como se fossem mais importantes para ele do que seus próprios desejos.
Eu vejo que não há nenhuma escolha e que estas são necessidades da minha esposa. O que devo fazer com as áreas que ainda estão separadas entre si? Temos que trabalhar com elas, esclarecendo-as, e com esforços comuns nós fazemos tudo isso no nosso desejo para criar um todo de nós dois.
Se soubermos como nos unir numa única família, também teremos êxito em círculos mais externos, e em círculos ainda mais externos, até que o mundo inteiro se torne uma pessoa. Então não haverá uma crise global e integral. Há abundância de tudo no mundo, mas nós nos desenvolvemos na direção errada. Em vez de desenvolver tudo para o bem do homem, agimos para prejudicá-lo. É como um casal trancado num apartamento, incapaz de conviver, e assim eles estão prontos para queimar tudo como resultado do seu ódio mútuo; é a mesma situação e o mesmo problema.
Vocês comerão a carne dos seus filhos e das suas filhas. Eu destruirei os seus altares idólatras, despedaçarei os seus altares de incenso e empilharei os seus cadáveres sobre os seus ídolos mortos, e rejeitarei vocês. (Levítico 26:29 – 26:30)
Nós também nos deparamos com tais casos no mundo corporal, quando nos dias de fome terrível, os pais comiam seus filhos.
De acordo com os profetas, vai chegar um momento em que as mães misericordiosas vão cozinhar e comer os seus filhos. Isso não significa que as pessoas vão enlouquecer e começar a matar os bebês sem entender o que fazem. Trata-se de um estado que é forçado a elas por seus atributos não corrigidos e elas vão obedecer cegamente.
Este é o estado mais baixo no plano interno que se refere ao total desacordo com os planos do Criador. Isso definitivamente pode ser revelado se continuarmos a desrespeitar e desprezar as leis da natureza superior. O Criador simplesmente vai nos levar a esse estado.
No filme de Charlie Chaplin, Em Busca do Ouro, há uma cena em que, estando com fome, ele alucina que seu amigo gordo é um grande frango e começa a persegui-lo com um garfo e faca; ou seja, tudo acontece dentro de uma pessoa. A Torá nos diz sobre tais estados no nível espiritual, mas podemos certamente chegar a isso no nível corporal.
Se vocês amam seus filhos e querem que eles tenham um futuro brilhante, prestem atenção no que a Torá diz. Vamos aprender a amar uns aos outros.