Carta Nº. 14
1925, Varsóvia
Ao ... que sua vela arda:
... E examine bem em mil dias da semana, pois eles são os
caminhos do rio do conhecimento. É como Samuel disse, “Os caminhos dos céus são
claros para mim”, como o Shabat, como os caminhos do rio do conhecimento, como os dias da
semana. Ou seja, “Aquele que não labuta antes do Shabat,
de onde comerá no Shabat?” Assim, todas as luzes do Shabat são
acesas em luzes que são conquistadas durante os dias da semana. Este é o
significado de “mil dias da semana”.
Através disto você pode entender o verso, “Venha ao Faraó”.
É a santa Divindade em revelação, das palavras, “e que o cabelo da cabeça da mulher
fique solto”, como está escrito em O
Zohar. A questão é que a medida em que os
filhos de Israel pensaram que o Egito estava os escravizando e os impedindo de
adorar o Criador, eles verdadeiramente estavam em exílio no Egito. Assim, o
único trabalho do redentor era revelar a eles que não havia outra força
envolvida lá, que “Eu e não um mensageiro”, pois não há outra força senão Ele.
Esta era certamente a Luz da Redenção, como explicado na Hagadá de Pêssach [História
da Páscoa].
Isto é o que o Criador deu para Moisés no verso, “Venha ao
Faraó”, significando una a verdade, pois toda a aproximação ao rei do Egito é
apenas ao Faraó, para revelar a santa Divindade. É por isto que Ele disse,
“Pois eu endureci o coração dele” etc., “para que eu possa colocar os Meus
sinais dentro dele”.
Na espiritualidade, não existem letras, como eu já elaborei
nisto antes. Toda multiplicação na espiritualidade reside nas letras que são
sugadas da materialidade deste mundo, como em, “E criador das trevas”. Não há adições
ou novidades aqui, mas a criação das trevas, a Merkavá [carruagem/estrutura]
que é adequada para revelar esta Luz é boa. Segue-se que o Próprio Criador
endureceu o coração dele. Por que? Porque eu preciso de letras.
Este é o significado de “que eu possa colocar os Meus sinais
dentro dele, e que você diga ... para que saiba que Eu sou o Senhor”.
Explicação: Uma vez que as letras foram aceitas, ou seja, quando você entender
que eu dei e conturbei você, como em, não se move “de atrás” de Mim, pois você vai
manter completamente o Achoraim
[lado posterior] para Mim, por Meu nome,
então ela fará sua abundância e preencherá as letras. As qualidades se tornarão
Sefirot, pois antes do preenchimento, elas são chamadas “qualidades”,
e sobre seu preenchimento para o melhor, elas são chamadas Sefirot,
safira, iluminando o mundo de um
extremo ao outro.
Este é o significado de “que você não diga”. Eu preciso de
tudo isto para a explicação, ou seja, “E você saberá que Eu sou o Senhor” “e
não um mensageiro”. Este é o significado do quinquagésimo portão, que não pode aparecer
a menos que as quarenta e nove faces do puro e impuro apareçam, uma oposta à
outra, em que o justo cai [também quarenta e nove] diante do ímpio.
Este é o significado das palavras, “Não se vanglorie o sábio
de sua sabedoria, e que o homem forte não se vanglorie de sua força ... mas que
aquele que se vangloria, se vanglorie nisto, que ele Me conheça e entenda”. Isto
é, como está escrito, “Não haverá aborto nem esterilidade na sua terra”. Aborto
ou esterilidade são a mesma coisa, exceto que “esterilidade” significa a
deficiência e a letra em si, e “aborto” é o preenchimento que a Sitra Achra dá
para preencher esta deficiência, que é insustentável, de curta vida e cheia de
raiva. No tempo da correção, se torna revelado que o aborto torna-se entendimento,
e que esterilidade torna-se “Me Conheça”.
Isto é o que o profeta nos instrui: “Não se vanglorie o
sábio de sua sabedoria, e que o homem forte não se vanglorie de sua força”,
pois todo ser e presença que uma pessoa sente em si não detém espírito, nem
para os superiores nem para os inferiores. Isto é assim porque não há novidades
em nenhum ser ou luzes. Este é o significado de “Fazedor da luz”, ou seja, que não
há novidades na luz, a não ser o fazer, quando a pessoa pode afetar movimentos
sobre aquelas letras e revelar as formas dos superiores.
Porém, “e criador das trevas”, pois criado significa
elicitação existência a partir da ausência, como o Nachmanides escreveu. Não há
novidade aqui, se não a escuridão, como a tinta para o livro da Torá. Pelo esforço
do adorador do Criador para trazer contentamento ao seu Fazedor e para
complementar a vontade do Criador, o aborto e a esterilidade aparecem. Ao
assumir o fardo do reino dos céus por completo, que é o significado de “este”,
ele é recompensado com a visão das formais reais de “Fazedor da luz”, através
de perguntas e problemas. Então ele é recompensado com vangloriar do
conhecimento, e é sabido que isto é um verdadeiro ganho, louvável e desejável
no pensamento inicial. Disto entendemos o verso, “E ele disse a eles, “Que seja
assim, o Senhor está com vocês’ ... e Ele os dirigiu para fora da presença do
Faraó”.
Todo o fortalecimento do Faraó, rei do Egito, era apenas nos
“pequenos” que não conheciam José, que os alimentava com pão de acordo com os “pequenos”.
Os “pequenos” significa abundância que é restrita no tempo de Katnut [pequenez/infância],
como no que nossos sábios disseram, “Por que as crianças vêm? Para recompensar
a quem os traz”.
É por isto que ele demonstrou sua força aos pequenos e
disse, “Olhai que há mal diante da vossa face. Não será assim; agora ide vós, homens”,
pois a pessoa deve agradecer pelas centelhas de Gvurot [pl.
de Gvurá] no trabalho do Criador, e que vêm através do Criador. Mas
para as centelhas do mal perante suas faces, não pode ser dito que está vindo
do Criador. É por isto que ele disse, “Pois é ela que você busca”, o que
significa que toda sua intenção é para realçar as centelhas de Gvurá e
realçar as centelhas do mal, e como você pode unir as centelhas do mal com o
Criador? Por causa disso eles foram dirigidos para fora da presença [face] do
Faraó.
Através disto nós entenderemos a praga dos gafanhotos, como
foi dito, “E ele cobriu o olho da terra, etc., e comeu aquilo que sobrou”. Ou seja,
porque o Criador viu que todo o interesse do rei do Egito (até que ele os
expulsou) estava em separar os homens e repelir as crianças (como em, “Pois
isto é o que você deseja”), a praga também roubou-as dos homens, e eles também
perderam todas as centelhas de Gvurá.
Através disto você entenderá o verso da redenção: “Este mês
é o começo dos meses”. No Egito, o mês era chamado Nissan,
como eles disseram sobre o Monte Sinai, que Sina’á
[ódio] veio de lá, como a labuta pesada
no Egito sendo chamada, em geral, Sivan, como Shana’an, ou seja Sina’á
Shelanu [nosso ódio], como em, “Pois é ela que
você busca”, e todos os seus esforços eram apenas para apagar as letras porque
eles as odiavam.
E pela Luz da Redenção, quando eles foram recompensados com Alfey [milhares
de] Shana’an, que Chidush
[novidade (soa similar à Chodésh—
mês)] foi feito do primeiro. Depois, ao invés de Sivan,
as letras se juntaram para formar Nissan, ou seja Nissim
she Imanu [milagres que estão conosco]. Isto é o
que o RASHI interpretou sobre este verso: “‘Este mês’ indica que o Criador
mostrou para Moisés a lua em seu começo”, e as palavras são antigas.
Yehuda Leib
Rav Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam)