Eli Vinokur: No processo do desenvolvimento no ventre, você pode detalhar as fases que o feto atravessa?
Michael Laitman: A primeira fase é a recepção do esperma. Isto é chamado "3 dias da recepção do esperma," que está lá até que haja uma conexão entre o esperma e o óvulo, o útero, a parede do útero e criar a nova conexão. Depois disso começam os quarenta dias de criação do embrião. é então que algo que assume uma nova forma se começa a desenvolver. Os quarenta dias incluem os três dias da recepção do esperma e então continuam até à conclusão dos quarenta dias. Depois dos quarenta dias, como aprendemos na sabedoria da Cabala, ele já existe. Ele é um humano já, tendo uma forma inicial do humano futuro e já tendo independência. Passados quarenta dias, o feto não deve ser tratado como um pedaço de carne.
Limor Soffer-Fetman: Ele existe no completo sentido da palavra?
Michael Laitman: Sim, pois ele tem tudo. Ele só carece da nossa perspectiva, isto é, de se desenvolver de modo a se conectar a nós, mas ele já existe. Precisamos de nos relacionar a ele como um ser humano totalmente desenvolvido.
Limor Soffer-Fetman: De facto, nós não sabemos que ele existe nessa fase, quarenta dias.
Michael Laitman: Nós não sabemos pois nossos sentidos não o percepcionam, mas a forma final já está lá.
Eli Vinokur: Há um modo de influenciar o feto nessa fase dos zero aos quarenta?
Michael Laitman: Absolutamente, com música, leitura e o modo de vida.
Eli Vinokur: Até nesta idade?
Michael Laitman: Até antes disso!
Limor Soffer-Fetman: Mas é uma fase em que a mulher ainda não sabe que está grávida.
Michael Laitman: Não importa.
Limor Soffer-Fetman: Ó, isso é porque ela se está a preparar?
Michael Laitman: Não sei. O que importa é como organizamos o meio ambiente à volta da mulher.
Limor Soffer-Fetman: Ok, agora falemos do primeiro trimestre.
Michael Laitman: Inicialmente, os meses são contados de acordo com os meses lunares, não de acordo com nossos meses do calendário. Na gravidez, tudo corre de acordo com a lua pois este sistema não está conectado ao sol ou à terra, mas especificamente à lua.
Limor Soffer-Fetman: O ciclo feminino.
Michael Laitman: Sim, uma vez que o ciclo maternal está ligado inteiramente à lua. Três vezes três meses são nove meses e como sabemos das nossas vidas, o oitavo mês é perigoso; é melhor dar à luz no sétimo mês.
Limor Soffer-Fetman: Realmente?
Michael Laitman: Sim, pois há uma certa conclusão entre o sétimo e os nove meses. Há centenas de páginas escritas sobre isso no Estudo das Dez Sefirot, é uma inteira ciência.
(...)
Eli Vinokur: Vamos resumir o programa. Dissemos que dividir a natureza e as fases em geral, como fazemos é incorrecto, que devemos em vez disso nos relacionar a isso holisticamente, como um sistema. Dividimos-o em fatias, pois vemos uma realidade separada, mas a realidade é inteira. Também dissemos que aos quarenta dias o feto já tem a forma completa. Há três dias de recepção, então quarenta dias, que é a fase na qual o ser humano é formado. E falamos sobre esse processo ser dividido em três trimestres e o desenvolvimento na realidade começa desde o mais interno para o exterior. Isso significa que, as coisas mais internas se desenvolvem durante os primeiros três meses. Também dissemos que o papel da mãe é extremamente importante. Como a mãe na espiritualidade, ela deve estar totalmente preocupada com o seu feto e estar consciente que tudo aquilo que ela faz o afecta durante a gravidez, que o feto faz parte dela e que se ela realmente tentar, ela vai na realidade sentir o seu feto; eles na realidade serão um único todo. Finalmente, dissemos que o pai tem um papel, também e até um papel muito importante. O pai fornece as qualidades internas e a mãe fornece o meio circundante, bem como desenvolve o feto.
Limor Soffer-Fetman: No programa anterior, discutimos a percepção da Cabala do desenvolvimento fetal dentro do ventre. Você descreveu a perspectiva da Cabala da grande aptidão perceptual do feto, a conexão que se desenvolve com o meio circundante, até quando ele está no ventre. Hoje, gostaria de tocar no tema do parto.
Talvez devamos começar com a questão das contracções. Há significado espiritual em particular quanto às contracções?
Michael Laitman: Primeiro, gostaria de completar com mais uma frase a respeito da conexão do feto ao seu meio ambiente através da mãe. Não é apenas com o meio circundante, pois posteriormente, através de todos os seus anos de crescimento ele eventualmente chega a uma situação, voluntariamente ou não, onde ele vê a vida através dos olhos da sua mãe e pai. No final, ele adopta a percepção da mãe do mundo e adquire os valores dos seus pais afinal. Uma pessoa não se consegue livrar deles. Posteriormente, o meio circundante, os amigos e talvez outras coisas realmente nos influenciem, mas isso ainda assim se acrescenta sobre esse cenário inicial.
Agora a respeito das contracções, a mãe desenvolve as contracções, como se ela quisesse expelir o feto, mas ela quer expeli-lo sob a condição que ele está preparado para o mundo exterior. Isto é, ele excreta certas substâncias e hormonas e não é simplesmente posicionado de cabeça para baixo para a cerviz, pressionando para sair. Em termos Cabalísticos, há imenso a dizer sobre isso, o feto deseja verdadeiramente sair da mãe, ele não quer mais nem é capaz de receber seus alimentos através dela.
Limor Soffer-Fetman: Apesar desse surpreendente lugar chamado o ventre?
Michael Laitman: Nesse ponto, o ventre se tornou hostil e ele tem de emergir dele. Está escrito que o anfitrião expulsa o convidado. A mãe, sendo a anfitriã, na realidade empurra a criança e a expulsa. Está escrito que as portas se abrem, duas portas e há Tzirim [em Hebraico, Tzirimsignifica tanto contracções do parto como dobradiças das portas].
Está escrito (Daniel, 10:16), “Sobrevieram-me dores [também dobradiças em Hebraico].” Estas são as contracções. Isso não é pressão, mas o ventre que se abre e expele. Por outras palavras, subitamente encontramos aqui forças opostas que existiam anteriormente, pois à medida que o ventre guardava o feto e cuidava dele, mantendo-o no interior, agora se tornou ele hostil para ele o tem de expelir. Esta é a primeira vez em que vemos que a força da superior, da mãe, para o inferior parece ser invertida.
Com isso, o feto adquire a força para superar. Ao expeli-lo, a mãe fornece-lhe a força para superar e agora ele é capaz de lidar com estar no exterior, precisamente por ele sentir este empurrão, quando sua força do amor aparece como pressão, aparentemente hostil. Com isso, ela estabelece nele outra "linha" de abordagem, que parece ser uma linha negativa, embora o negativo ainda seja para seu benefício.
A mãe também está sob imensas forças e pressões. Está escrito em O Zohar que a cobra a morde no ventre e então ela dá à luz. De facto, essa é a soma do mal, soma do nosso ego, precisamente nessa acção do nascimento espiritual. Similarmente, a criança adquire um acréscimo ao seu ego e é por isso que ela consegue estar no exterior e lidar com isso.
Também, a criança adquire as contracções e a atitude da mãe, sua superação. Isto lhe dá uma grande soma de força que a torna pronta para existir no exterior.
Então o canal aberto [cordão umbilical] se fecha e o canal fechado [boca] se abre. O umbigo também é considerado uma boca, a boca do feto e a boca comum é a boca da criança. Isto é, há vários lugares no nosso corpo onde uma conexão entre os corpos é feita, entre o superior e o inferior. Com isso, eles transferem preenchimento de um para o outro. Isto é feito através da boca, através do cordão umbilical, através dos seios. Nessa altura, o feto avança do lugar chamado NHY, entre as pernas da mãe, para seu peito. Isso é considerado que ele ascendeu em grau.
Na amamentação, a criança começa a conectar-se ao peito e o peito é outro grau de conexão por completo, onde o sangue se transforma em leite. De facto, é o mesmo sangue, mas por ele ter ascendido um grau de NHY para CHGT, ou seja de um grau menor para um grau maior, ele adquiriu uma maneira totalmente diferente—de leite—mas no bebé, esse leite se transforma de novo em sangue.
Esse é um sistema muito especial, o modo como o sangue da mãe se transforma em leite e novo em sangue assim que está no bebé. De acordo com a Cabala, uma criança deve estar nesse sistema de amamentação durante dois anos, até aos dois anos de idade.
Limor Soffer-Fetman: Apesar do desenvolvimento dos dentes?
Michael Laitman: Sim.
Limor Soffer-Fetman: E da habilidade de caminhar e correr e desaparecer?
Michael Laitman: Ainda assim. Disto podemos retirar várias conclusões a respeito do parto, tais como que o nascimento natural é de longe mais favorável que a cesariana. Sabemos que é muito saudável para tanto a mãe como o feto, embora seja uma situação quase trágica para ambos.
Limor Soffer-Fetman: Dolorosa.
Michael Laitman: Não só dolorosa; ela pode ser perigosa. quando era estudante, estive presente numa sala de parto e senti quanto isso me afectou. Tinha 19 anos de idade e subitamente me encontrei na sala de parto e há todos os tipos de casos, na realidade tive um pouco de trauma ao vê-lo. Independentemente, é extremamente importante para o corpo e para a saúde de ambos e devem atravessá-lo.
Eli Vinokur: O que acontece durante este processo?
Michael Laitman: Não sei como o explicar em termos que venhamos a entender, mas essa é a percepção de outro nível. Podemos colocá-lo deste modo: uma criança que não nasceu naturalmente, mas numa secção de cesariana, é como se num sentido, ela não tivesse nascido; ela não atravessou este processo. E a mãe, também, aparentemente não deu à luz; ela não se livrou a si mesma do feto, não o pressionou e não o expeliu. Por outras palavras, é como se eles estivessem em certo tipo de conexão defeituosa. Isso é demasiado interno e interfere com o desenvolvimento da criança, como se continuando a atitude da mãe para ela.
Na realidade há imensos escritos sobre o nascimento na Cabala, mas todos eles falam na linguagem da Cabala e é muito difícil "traduzir" isso da linguagem da Cabala para a linguagem fisiológica e da medicina. Nunca fiz isso, então há um problema de traçar paralelos, embora seja possível. Uma vez tive conversas com um especialista de ginecologia, mas quando comecei a explicar-lhe o inteiro processo dos três dias da fusão do sémen, os quarenta dias da criação dos descendentes e outros problemas semelhantes, vi que eles ainda não sabem sobre isso.
Limor Soffer-Fetman: Isso significa que isso é conhecimento que ainda não foi descoberto.
Michael Laitman: Sim. Está a ver, aquilo que acontece no nível das almas está num grau muito mais alto e subtil que aquilo que encontramos nos corpos físicos. Embora isso cascateie das almas e exista no corpo, assim que no mundo corpóreo, isso perde muitas subtilezas e muitos discernimentos se perdem pelo caminho. É por isso que não precisamos muito deles.
(...)
Eli Vinokur: Há uma razão para as mães evitarem o parto natural nos nossos dias?
Michael Laitman: Como resultado da nossa corrupção geral, nós não queremos ter crianças. Não queremos o parto natural e não queremos sofrer. Queremos que tudo avance suavemente. Se pudesse ser feito numa incubadora, talvez muitas pessoas o fizessem. Em mais alguns anos quem sabe o que pode acontecer. Talvez tenhamos certa máquina substituta e seja isso o que façamos. Mas isso já será uma deficiência em nós. De acordo com a alma, qualquer parto além do natural é considerado um acidente.
(...)
(...)
Limor Soffer-Fetman: Quando os psicólogos dividem os grupos etários, eles fazem-o baseando-se em dados reunidos através de observações e pesquisa. quando você fala que a Cabala divide em grupo etário, em que testes ela se baseia?
Michael Laitman: Sobre o facto dos próprios Cabalistas passarem por isso eles mesmos. Quando você entra no mundo espiritual, você atravessa a primeira fase, chamada "gestação." Você entra naquilo que é chamado “a Ima [Mãe] superior,” uma espécie de superior que você permeia e permanece lá como embrião. E o modo como nos desenvolvemos é como um feto no ventre da mãe durante 9 meses. Estes não são nove meses físicos, mas nove discernimentos chamados Chidushim [meses], da palavra Chadashim [“novas” ou “inovações”], ou seja novos discernimentos. A palavra Chodesh [mês] vem da palavraChadash [novo]. Eu vejo como sou renovado.
Nove meses representam as nove Sefirot e quando a última Sefira chega, Malchut, é proibido estar em Malchut é por isso que nascemos. Na espiritualidade, você atravessa estas fases muito claramente. Eu posso ter 40, 50 ou até 60 anos de idade e atravessar as fases de gestação e parto espiritual enquanto feto, enquanto criança espiritual e continuar a me desenvolver.
Os dois anos de amamentação significam que agora eu me anulo. Não é como se eu me anulasse ante a Ima superior para estar dentro dela. Agora eu anulo ante o superiro em prol de receber dele do exterior. Em parte da minha vida espiritual, eu sou independente e cresço ligeiramente mais independentemente com cada fase. Também me torno mais familiarizado com minhas imediações, com o meu superior e é assim que eu cresço. Então um Cabalista que atravessa estas fases examina-as, regista-as em si mesmo como se ele conduzisse uma verdadeira experiência.