Artigo nº 30, Tav-Shin-Mem-Zayin, 1986-87
RASHI interpreta o versículo, "Quando tu sais para guerrear contra teus inimigos," que o versículo fala de uma Guerra Pela Autoridade. Posteriormente, "E o Senhor teu Deus os entrega para tuas mãos e tu os tomas como prisioneiros. E vês entre os prisioneiros uma bela mulher e tu a desejas e a tomas como esposa para ti e ela raspará seu cabelo e cuidará das suas unhas."
Devemos entender o que tudo isto nos vem para ensinar no trabalho. Uma vez que a Torá é eternidade, devemos entender o seguinte: 1) O que é a Guerra Pela Autoridade? 2) O que significa quando ele diz, "E o Senhor Deus os entrega para tuas mãos." Claramente, todo o judeu acredita que qualquer guerra pode ser vencida somente com a ajuda do Criador. 3) O que significa uma bela mulher no trabalho? 4) Qual o sentido das correcções, o que isso implica para nós no trabalho que "ela raspará sua cabeça e cuidará das suas unhas"?
Para entender tudo o citado no trabalho, primeiro precisamos de saber o que é o trabalho. Ou seja, o que é este discernimento chamado "trabalho" quando percorremos o caminho do Criador e que recompensa esperamos receber em retorno pelo trabalho. É sabido que ninguém consegue trabalhar sem recompensa, pois nossa raiz está num estado de repouso, nós podemos nos esforçar somente em troca por uma recompensa, que é o prazer que obtemos depois do esforço.
Uma vez que não conseguimos viver sem prazer, que é também o por quê da nossa nossa raiz ser a fonte do prazer, sucede-se que é isto que nos faz precisar do prazer. Mas há outra razão para nossa incapacidade de viver sem prazer: Uma vez que o Criador criou as criaturas por causa de Seu desejo de fazer o bem às Suas criações, Ele imprimiu nas criaturas um desejo e anseio de receber deleite e prazer.
Por esta razão, uma vez que a labuta não está na nossa raiz, se quisermos fazer alguma coisa que não esteja na nossa raiz, é difícil para nós fazermos isso. E ainda assim, nós fazemos o trabalho porque é impossível viver sem prazer, então abdicamos do descanso e fazemos um esforço em prol de deste modo obter deleite e prazer.
Sucede-se que o trabalho é algo no qual não há deleite e prazer. Portanto, dado que não há prazer nele, por que o fazemos? A resposta é que graças ao tarbalho, nós receberemos recompensa em troca por isso e a recompensa é chamada "deleite e prazer." Nós vemos que é isto que é feito na corporalidade. Mas na espiritualidade, o que é o trabalho que nós não desfrutamos, que é chamado "trabalho"? E, o que é a recompensa na espiritualdiade, da qual podemos derivar prazer e deleite?
É sabido que há dois discernimentos nas luzes:
1) Uma luz que é chamada "o propósito da criação." Isto é o deleite e prazer que a pessoa deve receber, que o Criador quis dar às criaturas e pelo qual Ele criou nas criaturas um desejo e anseio de receber prazer. Contudo, em prol de trazer para a luz a perfeição das Suas acções, Ele fez uma Tsimtsum [restrição] e ocultação, pela qual a questão do "pão da vergonha" (vergonha) aquando da recepção do prazer será corrigida, pois ela vem devido à disparidade de forma entre o dador e receptor.
2) A luz da correcção da criação. Por outras palavras, a correcção é para que o inferior receba as luzes em prol de doar, pelo qual haverá equivalência de forma, chamada "Dvekut [adesão] com o Criador." Nesse momento a vergonha será cancelada.
Sucede-se que esta luz, chamada "luz de Chasadim" [misericórdias], assim é chamada segundo sua vontade de fazer Chésed [misericórdia] com o Criador, ou seja de doar ao Criador. Inversamente, a luz do propósito da criação é chamada "luz de Chochmá [sabedoria]” ou a "luz da vida." Esta é a luz com a qual o Criador quer fazer o bem às Suas criações.
Assim se sucede que houve um julgamento onde é proibido usar o Kli [vaso] chamado "desejo de receber para si mesmo," embora o Criador tenha criado este desejo nas criaturas, ainda assim, indirectamente, vergonha é derramada sobre o receptor. Para corrigir isto, a pessoa deve cancelar este Kli, que vem até ela por natureza. Isto é chamado "trabalho" pois ele é contra a natureza, pois por natureza é que devemos receber deleite e não abdicar dele. Quando a pessoa não recebe deleite, isso é trabalho, uma vez que é contra a natureza. Então por que faz ela este trabalho? É porque ela quer Dvekut, chamada "equivalência de forma."
Contudo, neste trabalho, quando ela abdica do deleite e não o recebe, ela ainda assim não se torna igual. Ou seja, não querendo receber qualquer deleite, isso não é considerado alcançar o grau de equivalência de forma, se o homem também, quiser alcançar o grau de equivalência de forma, também ele deve ser dador, ou seja chegar a querer doar sobre os outros, tal com o Criador doa.
Devemos dizer que se envolvendo no amor pelos outros, na doação, ele ainda não alcança equivalência de forma se ele não derivar qualquer prazer de realizar acções de doação e não receber qualquer recompensa em retorno. Isto assim é porque o Criador tem prazer de dar às criaturas, pois Seu desejo é fazer o bem às Suas criações, como disseram nossos sábios (O Zohar, VaYera, Item 399), “Rabi Yehuda disse, ‘Nunca houve tamanha alegria para o Criador tal como quando o mundo foi criado.’”
Portanto, se a pessoa se envolver em doação mas não derivar qualquer prazer, ela certamente não tem alegria. Alegria é somente um resultado da pessoa desfrutar de alguma coisa, isto lhe trás alegria. Portanto, se a pessoa tentar se envolver em doação mas não derivar qualquer prazer de se envolver na doação, então ainda lhe falta equivalência de forma pois quando o Criador doa Ele deriva prazer, enquanto que o homem não deriva prazer. Sucede-se assim que quando a pessoa quer ser recompensada com Dvekut, ela precisa de ir ao encontro de três condições: 1) não usar a vontade de receber para seu próprio bem, 2) se envolver em acções de doação, 3) ter prazer enquanto doa.
Todavia, devemos entender como pode a pessoa ter prazer de dar tudo ao Criador através de uma conduta de coação. Pode ser dito que embora o corpo não concorde trabalhar somente pelo Criador, ou seja que antes que ele faça alguma coisa, ele vai calcular se o Criador vai desfrutar da acção que ele realizar, uma vez que ela é contra a natureza e embora possamos entender que ela faz isto por coação, ela se força e se atormenta em prol de fazer coisas que agradem ao Criador.
Contudo, não há prazer naquilo que é feito por coação. Por exemplo, se a pessoa vai para o hospital para fazer uma cirurgia, ela certamente faz isto contra sua vontade, embora ela vá para o hospital pelo seu próprio pé e ninguém a force e ela também paga imenso dinheiro ao cirurgião. Porém, também isto é considerado coação porque ela não tem prazer nisto. Todavia, fazer com que ela seja operada, apesar do sofrimento e do medo do perigo, ela sabe que com isto ela pode salvar sua vida. Todavia, ela certamente ficaria mais agradada se fosse saudável e não precisasse da operação.
Sucede-se que embora ela realize uma acção da qual ela não fique agradada, sabendo que ela salvará sua vida, esta consciência a agrada e ela faz a operação. Portanto, devemos salientar aqui que ela realiza a acção e embora ela não desfrute da acção em si, mas pelo contrário, ela sofre com ela, contudo porque ela considera a recompensa de salvar sua vida, ela tem a força para fazer coisas que ela não gosta.
É similar na corporalidade. A pessoa trabalha e labuta embora ela não goste do trabalho, uma vez que ela preferia descansar. Ainda assi, quando ela considera a recompensa, ela tem a força para trabalhar voluntariamente e isto não é considerado trabalho por coação, uma vez que ela não diz, "Eu abdico deste trabalho e quero que me paguem por nada." Em vez disso, por causa da vergonha, ela concorda trabalhar sob condição que lhe seja pago. Inversamente, um paciente que dá entrada num hospital em prol de ser operado certamente ficaria mais feliz se não tivesse de fazer isto.
Com isto nós vemos que devemos discernir três condutas no trabalho do homem na corporalidade:
1) Trabalho que a pessoa faz em prol de receber recompensa, tempo durante o qual ela gosta do trabalho. Por outras palavras, ela não diz, "Eu abdicaria do trabalho e quero só o pagamento," uma vez que a pessoa tem vergonha de comer o pão da vergonha.
2) A pessoa trabalha em prol de receber recompensa, embora ela não goste do trabalho. Por outras palavras, ela ficaria mais feliz se não tivesse de fazer o trabalho, como na alegoria do homem que deu entrada no hospital para que fizessem a operação sobre ele. Embora ele faça este trabalho voluntariamente e ninguém o force, ele o faz por causa da recompensa ou da punição. Ou seja, ele pode ora salvar sua vida, ou evitar a morte, enquanto que se ele evitar fazer isto, ele será punido com a morte.
3) Ele trabalha pelo bem dos outros. Isto é, ele não quer qualquer recompensa de todo, mas somente o benefício dos outros. Isso é como se ele fosse trabalhar algures e desse o seu salário à caridade. Isto levanta a pergunta, de onde retira ele o combustível para tal trabalho? ou seja trabalhar sem qualquer recompensa. A razão simples é que há a questão da honra. Ele está num meio ambiente que respeita aqueles que trabalham pelo bem dos outros e isto lhe dá a força para trabalhar.
No ensaio "A Paz," está escrito sobre isso, "Mas quando todo o trabalho de doação sobre os outros é baseado somente no benefício da sociedade, ele tem alicerces frágeis, pois quem e o quê obrigaria o indivíduo a trabalhar pela sociedade?"
Nem toda a pessoa é adequada para trabalhar pelo bem da sociedade em prol de receber respeito. Isto é já um segundo grau de luxúria e é sabido que há quatro discernimentos nos graus do homem, chamados "inanimado, vegetal, animal e falante."
Está escrito no "Prefário ao Livro do Zohar” (Item 20): “Portanto, na primeira categoria, a medida necessária para o sustento da pessoa, e na segunda categoria, os desejos físicos que excedem a medida da pessoa de sustento, que a pessoa é nutrida por coisas que são inferiores à pessoa: o inanimado, vegetal e animal. Contudo, na terceira categoria, nos desejos humanos tais como poder e respeito, a pessoa recebe e é nutrida pela sua própria espécie, pelos seus iguais. Na quarta categoria, conhecimento, a pessoa recebe e é nutrida por uma categoria superior à sua própria, da própria sabedoria e intelecto, que são espirituais."
Portanto, a pessoa não consegue trabalhar sem qualquer recompensa. Até pelo respeito, nem toda a pessoa é capaz de trabalhar, mas elas são já consideradas de grau superior às das pessoas comuns. Todavia, por vezes a pessoa consegue trabalhar pelos outros por causa do ciume. Ou seja, embora ela abdique da honra, ou seja que ela não consegue trabalhar e labutar apesar de não trabalhar pelos outros não venha a ganhar respeito. Mas por causa do ciume, quando ela vê aqueles que trabalham pelo respeito, quando ela vê que eles são respeitados e que ninguém olha para ela, estes tormentos, de que outro tenha respeito, isso lhe dói. Por causa destas dores é possível que ela, também venha a trabalhar pelo bem dos outros.
Contudo, quando começando a trabalhar na espiritualidade, ou seja a observar Torá e Mitsvot, muitas coisas são complicadas. A razão principal é que na espiritualidade há a questão da fé. Ou seja, a pessoa deve acreditar na recompensa e punição. E onde a pessoa tem de acreditar, o corpo discorda, uma vez que a vontade de receber para si mesma tem prazer quando ela entende e vê o lucro da questão. Mas quando lhe é dito que ela tem de acreditar, o trabalho com o peso começa. Isto segue a regra, "Dúvida não precede à certeza." Ou seja, ela vê o trabalho, que ela certamente terá de abdicar do descanso, mas ela está duvidosa quanto à recompensa.
Portanto, aí o Lo Lishmá [não em Seu nome] é também difícil de fazer porque primeiro ela deve assumir sobre si mesma a fé acima da razão e acreditar na recompensa e punição. Assim que ela assume sobre si mesma a fé no reino dos céus em geral, vem a hora de pensar nos detalhes. Ou seja, ela deve discernir entre a fé parcial e fé completa, como ele diz na "Introdução ao Estudo das Dez Sefirot" (Item 14), “É como uma pessoa que confia no seu amigo e lhe empresta dinheiro. Ela pode lhe confiar uma libra e ... ela lhe pode confiar todos os seus bens sem uma pitada de medo. Esta última fé é considerada 'fé completa' e as formas anteriores são consideradas 'fé incompleta.' Em vez disso é fé parcial, seja mais ou menos..”
Nisto há uma diferença entre o trabalho corpóreo e trabalho espiritual, uma vez que a recompensa é baseada na fé. Dado que a base do judaísmoo é fé, deste modo temos muitos discernimentos: 1) Ela tem fé parcial e adicionalmente, ela acrescenta um pouco de conhecimento, ou seja que a recompensa está no conhecimento. Isto pode acontecer quando trabalhando em Lo Lishmá, mas em prol de receber dinheiro ou respeito. Ela não precisa de acreditar no dinheiro ou no respeito. Em vez disso, se ela vê que pode receber dinheiro e respeito, ou evitar desgraças. Ou seja, quando ela na realidade sofre de desgraças, isto a faz trabalhar e labutar. Ou, quando lhe são dadas honras e dinheiro, isso é na realidade concreta. É por isso que não há o problema da fé nisto.
Sucede-se que em Lo Lishmá, também, há dois discernimentos a fazer: 1) Ele não gosta do trabalho que faz, como com a alegoria da pessoa que vai fazer com que a operem. Por outras palavras, aquele que trabalha por coação não gosta do seu trabalho. Ele ficaria mais feliz se não tivesse de trabalhar. Mas isto se aplica somente a aqueles que trabalham e observam Torá e Mitsvot [mandamentos] por causa de punição. Ou seja, se seu patrão for religioso e lhe disser que se ele não observar Torá e Mitsvot ele o vai despedir e ele ficará sem mantimentos, então sua necessidade de observar Torá e Mitsvot é por medo da punição. Logo, ele espera o dia em que possa ser liberto da observação de Torá e Mitsvot.
Isso é semelhante a aquele que observa por causa da desgraça. Ou seja, assumamos que ele está habituado a aprender a página diária [da Gemará] todas as noites. E por causa do mandamento de aprender a Torá, como ele está num estado em que sua fé é fraca e não tem desejo de ir para a lição sobre a página diária. Contudo, porque ele tem vergonha dos amigos, que podem desprezar e não o respeitar, ele vem estudar a Torá. Sucede-se que ele não gosta deste trabalho e ficaria mais feliz se esta razão, pela qual ele tem de trabalhar, não existisse.
2) O Lo Lishmá que ele aprende em prol de receber recompensa ou respeito ou dinheiro e etc, este trabalho realmente lhe agrada. Ou seja, ele não diz, "Quem me dera não ter de trabalhar." Ele não diz isto porque uma pessoa não quer perder os ganhos.
Contudo, há um discernimento chamado Lishmá [pelo Seu bem], ou seja que ele trabalha por causa da fé e não porque as pessoas o forçam a trabalhar. Em vez disso, a fé no Criador é a razão pela qual ele observa Torá e Mitsvot. Isto é chamado "trabalhar pelo Criador" e não pelas pessoas. Este é um grau muito importante. Por vezes ele quer estar certo de que não tem pensamento de trabalhar por causa das pessoas, então ele faz tudo em ocultação e ninguém no mundo sabe a medida do seu trabalho ou quanto esforço ele exerce em servir ao Criador, somente o Criador sabe.
Todavia, este grau, também que é inteiramente pelo Criador, ainda não é considerado "trabalho completo," uma vez que a completude no trabalho é alcançar Dvekut com o Criador, chamado "equivalência de forma," como disseram nossos sábios, "Tal como Ele é misericordioso, tu és misericordioso." Ou seja, a pessoa deve trabalhar não em prol de receber recompensa. Em vez disso, ela quer anular completamente a sua autoridade, que somente a autoridade do Criador esteja no mundo e quer que a sua própria autoridade seja anulada.
Sucede-se assim que a guerra da inclinação que a pessoa tem é feita de várias maneiras:
1) A Guerra do Mitsvá [mandamento], quando ela está em guerra com a inclinação do mal para controlar a inclinação do mal para que ela não perturbe sua observação dos Mitsvot. Ou, a guerra se trata de ter o poder para superar a inclinação do mal para que ele não transgrida. Isto é chamado "a guerra do Mitsvá,” onde sua inteira guerra diz respeito à observação da Torá e Mitsvot.
2) Uma Guerra pela Autoridade, quando a pessoa trava a guerra com a inclinação do mal pela autoridade. Ou seja, a inclinação do mal argumenta que há duas autoridades: a) aquela do Criador, b) aquela do homem. Seu argumento é que esse foi o propósito da criação, nomeadamente que as criaturas recebessem deleite e prazer do Criador. Sucede-se que a autoridade das criaturas deve permanecer, então por que você quer revogar a autoridade das criaturas? O homem, por outro lado, diz o oposto.
Neste trabalho da guerra pela autoridade, o homem é impotente para conquistar a autoridade do corpo e transferi-la para a autoridade do Criador. Foi dito sobre isto, "Aquele que vem para se purificar é ajudado." Uma vez que anular a autoridade contradiz a natureza, pois como argumenta o corpo, o Criador criou o mundo em prol de fazer o bem às Suas criações, logo, está impresso dentro do homem receber tudo na sua própria autoridade.
Está escrito, "Quando tu vais guerrear contra teus inimigos e o Senhor teu Deus os entrega nas tuas mãos." Questionamos, o que vem o versículo nos dizer? uma vez que é sabido que todas as guerras onde o povo de Israel vem para conquistar isso é somente com a ajuda do Criador. Segundo o citado, o versículo vem para nos ensinar que devemos saber que não conseguimos vencer a Guerra Pela Autoridade. Devemos saber que isto nos salva do desespero, dado que assim que a pessoa fez esforços para conquistar esta autoridade de modo a entrar em Kedushá [santidade], ela vê que é ao contrário, aos seus olhos, que ela se tornou pior que quando começou a Guerra Pela Autoridade. Por outras palavras, quando ela se envolveia na Guerra pelo Mitsvá, ela via que avançava no trabalho, pois cada dia ela via que conquistava mandamentos e boas acções. Mas com a Guerra Pela Autoridade, ela pensa que regrediu.
O versículo nos diz sobre isto que especificamente agora que você reconhece que é incapaz de vencer esta guerra, não fuja da campanha. Em vez disso, agora é a hora em que a pessoa pode orar do fundo do coração porque ela vê que sozinha, ela não consegue fazer uma única coisa.
Sucede-se que através do trabalho que ela até agora fez, ela ganhou a necessidade pela salvação do Criador. E uma vez que agora ela tem um Kli [vaso], chamado "necessidade," agora é a hora em que a luz pode vir e realmente se vestir dentro desse Kli, como está escrito, "e o Senhor teu Deus os entrega nas tuas mãos," pois somente o Criador lhe pode dar a conquista na Guerra Pela Autoridade.
Sucede-se que este conhecimento é tão importante que é difícil que a pessoa acredite nisto e ela cai no desespero. Mas se a pessoa acreditar nisso, que especificamente agora é a a hora em que o Criador a vai ajudar, ela certamente não fugirá da campanha e agora percorrerá o caminho da verdade e será recompensada com a conquista da sua autoridade e retirar a autoridade das Klipot [cascas] e admiti-la em Kedushá.
Segundo o supracitado, devemos interpretar aquilo que disseram nossos sábios (Sanhedrin 97), “Três coisas vêm inconscientemente: o Messias, o achado e um escorpião." "Inconscientemente" significa que aos seus olhos, ele continua a cair no desespero e já deixou de pensar nisso. Ou seja, muitas vezes ele pensava que este trabalho de retirar a autoridade das Klipot e a dar para a Kedusha, nomeadamente a Guerra Pela Autoridade, não era para ele, pois ele vira que ele era indigno disso.
A razão para isto é muito simples. Ele já fez grandes esforços e na sua visão, ele regrediu e não progrediu. Cada vez ele superou acima da razão, todavia nada o ajuda. É por isso que foi dito que a pessoa deve saber que ela não deve considerar aquilo que ela vê, mas dizer que o "Messias," que a redimirá do exílio de sentar entre as nações, esta autoridade de estar escravizado às setenta nações, o Messias redimirá e retirará tudo da autoridade das Klipot, que são chamadas "setenta nações do mundo." Elas correspondem às sete qualidades de Kedushá, chamadas CHGT NHYM e uma vez que cada Sefirá é composta de dez, elas são setenta.
Opostas a elas estão sete Klipot e cada uma é composta de dez, assim elas são setenta nações. O "Israel" está sob seu controle e o Messias nos libertará. Também, tudo o que existe no público em geral, aprendemos dentro do indivíduo. Portanto, todo e cada indivíduo deve ser recompensado com redenção pessoal.
Segundo o citado, devemos aprender o que lá eles disseram: "Filho de David não vem senão até que todos os tostões sejam esvaziados dos bolsos." Devemos enteder o que "todos os tostões sejam esvaziados dos bolsos" significa no trabalho. Dinheiro é algo com o qual compramos coisas boas que precisamos. Dinheiro é um substituto do trabalho. Ou seja, a pessoa trabalha e labuta e em troca recebe dinheiro com a qual ela compra para si mesma coisas de que ela necessita.
Respectivamente, quando a pessoa fez tudo aquilo que podia e todo o trabalho que ela pensa que pode fazer, ela já o fez e não tem mais trabalho para acrescentar, isto é chamado "Ben David não vem" ou seja que a redenção, quando Ele redime a autoridade das Klipot e a deixa entrar na autoridade da Kedushá, não vai ocorrer até que a pessoa tenha feito todo o esforço que ela puder e não consiga fazer mais esforços. Isto é considerado que ela não tem um tostão, ou seja que ela nada mais tem com o qual comprar a Kedushá.
Então chega a hora em que têm pena dela do alto e ela é admitida na Kedushá, chamada Ben David, se referindo à redenção. Nesse momento, o versículo "e o Senhor teu Deus os entrega nas tuas mãos" se torna realidade, ou seja que nessa hora vem ajuda do alto. As palavras, "e tu os tomas como prisioneiros" ou seja que a pessoa conquistou a autoridade do corpo, que estava sob o controle do Sitra Achra [outro lado] e o homem é o governante.
Agora vamos explicar a terceira pergunta que colocamos, O que é uma bela mulher no trabalho? Está escrito, "E tu vês entre os prisioneiros uma bela mulher e tu a desejas e a tomas como tua esposa para ti." Está escrito (Avot, Capítulo 6), “Rabi Meir diz, ‘Qualquer um que se envolva em Torá Lishmá é recompensado com muitas coisas e os segredos da Torá são revelados a ele." É sabido que a Torá é chamada uma "mulher," como está escrito (Kidushin 30b), “Para lhe ensinar uma arte. De onde vem isto? Disse Hezequias, 'Eis uma vida com uma mulher que amas, se ela for uma verdadeira mulher. Tal como ele o deve casar com uma esposa, ele lhe deve ensinar uma arte. Se for a Torá, tal como ele deve lhe ensinar a Torá, também ele lhe deve ensinar uma arte.'" Portanto, eles interpretam que a mulher é a Torá.
As almas vêm de Malchut, que é considerada Raquel, que é o mundo revelado. Isto significa que Chochma é revelada nela e ela é chamada "bela," como está escrito (Gênesis 29:17), “E Raquel era de belas vistas e boa aparência.”
Baal HaSulam disse que onde está escrito "bela," isso se refere a Chochmá, pois Chochmá [sabedoria] é chamada "bela," como está escrito, "de belos olhos," pois os olhos são chamados Chochmá, como está escrito, "os olhos da congregação," que são os sábios da congregação. Isto significa que a Torá é chamada "mulher de boa aparência" e as almas que derivam de Malchut na forma do mundo revelado são chamadas "mulher de boa aparência."
Com isto podemos interpretar "E vês entre os prisioneiros uma bela mulher" significando "assim que o Criador te deu" esta autoridade que estava nas mãos das Klipot. Aí, quando te envolves na Torá, isso será tudo em Lishmá e naturalmente serás recompensado com os segredos da Torá. Ou seja, a Torá é a alma de Israel, como está escrito no Zohar, “A Torá, o Criador e Israel são um." E vês entre os prisioneiros a alma da Torá e a desejas, ou seja que depois começa o trabalho das Masachim [telas].
Isto é, é então que a pessoa começa a trabalhar com a vontade de receber a espiritualidade, pois é sabido que cada grau que é superior ao seu precedente requer que o trabalho comece de novo, para o receber em prol de doar. Portanto, embora ele já tenha sido recompensado com aprender Lishmá, quando ele recebe um grau superior a aquele que já tinha, novas correcções são necessárias em prol de recebê-lo não por desejo, chamado "vontade de receber." Em vez disso, ele deve realizar correcções, que são chamadas Masachim na Cabala. Isso é como nós aprendemos que há cinco Behinot [discernimentos] na Masach [tela], como está escrito no “Prefácio à Sabedoria da Cabala” (Item 17), “E estas correcções, disse a Torá e raspou sua cabeça e cuidou das suas unhas.”
Agora explicaremos a quarta pergunta que colocamos, O que é "e raspou sua cabeça e cuidou das suas unhas no trabalho"? É sabido que "cabelo" é chamado "julgamentos," tal como está escrito no Zohar (Nasso, Item 78), “Rabi Yehuda disse, 'O cabelo de uma mulher que é divulgado faz com que outro cabelo seja divulgado, ou seja as forças do Sitra Achra, que se agarram ao cabelo e a maculam. Por esta razão, até as paredes da sua casa não devem ver um cabelo do cabelo da mulher, muito menos fora. Ide ver quantos defeitos o cabelo da mulher causa, causa no alto e causa abaixo.’”
Mas por que é que o cabelo macula no alto e abaixo? Devemos entender o sentido do cabelo na espiritualidade. Nós aprendemos que "No princípio, Ele criou o mundo com a qualidade de julgamento. Ele viu que o mundo não podia existir, Ele o associou à qualidade de misericórdia." É sabido que "julgamento" significa vasos de recepção, pois sobre elas estava o julgamento de que elas não devem ser usadas a menos que a pessoa consiga colocar sobre elas a intenção de doar. Todavia, é muito difícil avançar de uma extremidade para a outra, ou seja da vontade de receber para si mesma e fazer tudo em prol de doar. Por esta razão, "Ele o associou à qualidade de misericórdia," que é Biná, doação. Com isto, através do poder da Torá e Mitsvot, será possível a transformar para em prol de doar.
Está escrito no "Prefário para a Sabedoria da Cabala” (Item 58), “Ele viu que o mundo não podia existir." Ou seja, deste modo, será impossível para o homem, que deve ser criado desta Behina Dalet [Quarta Fase], ser capaz de ajustar os seus trabalhos à doação e com ele o mundo venha a existir na desejada qualidade de correcção. Portanto, Ele primeiro pegou na qualidade de misericórdia e associou à qualidade de julgamento. Através desta associação, centelhas de doação foram incluídas em Behina Dalet, que é a qualidade de julgamento, fazendo possível que o corpo do homem, que surge de Behina Dalet, faça boas acções em prol de doar contentamento ao seu Fazedor. Com isto, o mundo vai alcançar a desejada correcção da criação do mundo.
Segundo o citado, podemos entender o significado do cabelo. Cabelo são vasos de recepção, que vêm da qualidade de julgamento e pertencem aos mundos antes da correcção, onde eles ainda não são considerados cabelo. Contudo, aqueles Kelim receberam as luzes, causando a quebra dos vasos. Assim, a correcção não foi feita para usar mais esses Kelim. Por esta razão, quando as luzes com estes Kelim chegaram ao mundo da correcção, as luzes sairam e estes Kelim receberam receberam o nome Se’arot [cabelos], da palavra se’ara [tempestade], uma vez que estes Kelim careciam das luzes que haviam tido.
Ele diz no Estudo das Dez Sefirot (Parte 13, Resposta Nº 112): “Eles são chamados Se’arot do versículo, 'Pois Ele me machuca com um cabelo,' que significa tempestade. Eles assim são chamados por causa da força dos julgamentos que está neles, uma vez que eles vêm de Malchut de Tzimtzum Alef [Primeira Restrição].” Por outras palavras, Malchut de Tzimtzum Alef é chamada a "qualidade de julgamento" e não é usada no mundo da correcção.
Com isto devemos interpretar aquilo que está escrito sobre as correcções de uma bela mulher, "E ela rapará sua cabeça," ou seja não usar os vasos de recepção, chamados "a qualidade de julgamento," quando a luz iluminava em Gadlut [maturidade/grandeza], que é chamado "E ela rapará sua cabeça," ou seja os Se’arot, que são os Kelim que vêm da qualidade de julgamento, mas em vez disso usar os Kelim que estão corrigidos com a qualidade de misericórdia, que é um grau menor. Por esta razão, será mais fácil para ele se direccionar doar os segredos da Torá chamados Neshamá [alma].
Mas se ele receber tal como é, ele receberá prazer da luz de Neshamá porque "tu a desejas" e não por causa do desejo de doar, pois ele não terá a força para se direccionar sobre os Kelim da qualidade de julgamento e receber a luz em prol de doar. Isso é como disseram nossos sábios, "O Criador viu que o mundo não podia existir, Ele se levantou e o associou com a qualidade de misericórdia."
Deste modo podemos interpretar a segunda correcção, onde está escrito, "E cuidou das suas unhas." A Tradução de Onkelos interpreta "cuidou das suas unhas" significando que ela faz as suas unhas maiores. Yonatan Ben Uziel interpreta "e cuidou das suas nhas" significando que ela fez as suas unhas maiores. No trabalho, isto significa que ela extrairá sua Gadlut [maturidade/grandeza] das unhas e não da carne dos dedos.
Para enteder o sentido dos dedos, precisamos saber o que está escrito no Zohar (Beresheet, Item 129, ensaio, “Iluminações da Luz; Iluminações de Fogo”): “Os dedos de um homem são as ocultações nos graus e são segredos superiores. Estes são Panim [face] e Achoraim [dorso] neles." Com isto você vai entender as palavras de nossos sábios, que disseram (Taanit 31), “O Criador está destinado a perdoar os justos. Ele se senta entre eles no Jardim do Éden e cada um aponta com seu dedo, 'Eis, este é nosso Deus,' pois os dedos são Mochin de Chochmá e Mochin de Chochmá são ver e a luz dos olhos. Por esta razão, eles disseram, 'aponta com seu dedo,' pois os Achoraim dos dedos são sua externalidade, que implica as unhas. Por esta razão, é permitido à pessoa olhar para as unhas no fim do Shabat [Sabate] porque elas iluminam da mesma vela e iluminam do mesmo fogo, para governar os dias da semana. Este é o sentido das palavras, 'E tu verás Meu dorso, mas Minha face não será vista.’ Ou seja, a pessoa não deve olhar para o interior dos dedos enquanto abençoa no fim do Shabat, 'criador das iluminações do fogo,' pois elas são consideradas as Panim interiores, das quais foi dito, 'e Minha face não será vista.’”
Assim se sucede que no trabalho, unhas implicam que a luz chamada "iluminações do fogo" pode ser recebida como "ver," chamada Chochmá, mas somente como Achoraim, chamadas "unhas," que é Katnut [pequenez/infância] e não como Panim, que é Gadlut. A proibição é que num grau maior, no qual há luz maior, a paixão é maior porque o prazer é maior e mais difícil de superar.
Está escrito, "E tu a desejaste." Daí, a Neshamá que ele obtém depois da conquista da autoridade do corpo, chamado "amor próprio" e tudo aquilo que ele quer é doar contentamento sobre seu Fazedor, ainda assim, há uma distinção de graus na recepção da abundância, para ter a habilidade de fazer alguma coisa em prol de doar.
É sabido que há quatro graus no geral: 1) receber em prol de receber. Isto é considerado como a pessoa nasce por natureza. Ela não consegue entender como é possível fazer alguma coisa sem benefício para si mesma. 2) Doar, mas sob a condição que ela recebe recompensa. Isto é chamado Lo Lishmá. 3) Doar em prol de doar, que é chamado Lishmá [pelo Seu bem]. 4) Ela consegue receber prazer e sua intenção é doar.
Sucede-se que depois da conquista da Guerra Pela Autoridade, isso é considerado o terceiro grau, que é Lishmá. Como Rabi Meir diz, "Aquele que aprende Torá Lishmá é recompensado com muitas coisas e os segredos da Torá lhe são revelados." Na hora em que ele deve alcançar o quarto grau, receber prazer da luz de Neshamá, chamada "uma bela mulher e tu a desejas." Os segredos da Torá se vestem nos vasos de recepção e Lishmá está nos vasos de doação, uma vez que a luz se veste nos Kelim de recepção do prazer e não nos vasos de doação, que são Kelim que dão e não recebem. Nessa altura começa a ordem das correcções pelas quais ele tem a capacidade de receber em prol de doar.
Este é o sentido das palavras, "E tu verás entre os prisioneiros," pois "ver" se refere à divulgação da luz de Neshamá. É sobre isto que as palavras "e ela cuidou das suas unhas" implicam, tal como o Targum interpreta, ela tornou suas unhas maiores. Isto significa que sua Gadlut será na forma de Achoraim, chamado Katnut, considerado "unhas," como nas palavras do Zohar.
Agora podemos entender aquilo que disseram nossos sábios (Berachot 63), “Palavras da Torá podem estar somente naquele que se condena à morte por ela." A questão é, Se ele se condena à morte por ela, quem é aquele que observa a Torá e Mitsvot? uma vez que está escrito, "Os mortos são livres." Nossos sábios disseram, "Quando a pessoa morre, ela fica livre dos Mitsvot” (Talmude de Jerusalém, Kilaim 9:3). Devemos interpretar "Se condena a morte por ela" significando que ele deve revogar a autoridade. Quando ele diz que é para si mesmo, ele deve cancelar esta autoridade e a transferir para a autoridade do Criador, ou seja dizer que não há outra autoridade no mundo, mas que tudo pertence ao Criador. Isto é chamado "anulação da autoridade."
É este o tempo em que a Torá existe nele. Ou seja, tudo aquilo que a Torá promete à pessoa se ela preservar a Torá, todas essas coisas não podem estar na pessoa até que ela tenha a habilidade de receber em prol de doar e isto pode acontecer somente quando a pessoa anula a sua autoridade, chamada "amor próprio." Nessa altura ela se torna serva do Criador, ou seja que ela agora é considerada como "Aquele que compra um servo compra o seu professor." Significa isto que o escravo não tem autoridade sobre a qual colocar o deleite e prazer que a Torá havia prometido. Em vez disso, tudo, ou seja todo o deleite e prazer que ele recebe, ele coloca sobre a autoridade do Criador e a pessoa não tem qualquer outra autoridade no mundo. Isto é chamado "A Torá existe somente naquele que se condena à morte por ela."
Mas "a visão dos senhorios é oposta à visão da Torá" e tudo aquilo que ele vê vantajoso de receber, ele quer que esteja no seu nome, ou seja na sua autoridade, onde ele é o dono de todas as coisas. Isto é, ele quer retirar da autoridade do Criador e colocá-lo na sua própria autoridade. Com isto vamos entender o sentido da Guerra Pela Autoridade.