Artigo Nº 14, Tav-Shin-Mem-Zayin, 1986-87
Está escrito na Hagadá [história de Pêssach]: "Assim fez Hilel no tempo do Templo: Ele ataria juntos [o cordeiro de] Pêssach, Matzá e Maror [erva amarga] e os comeria juntos, para observar aquilo que foi dito, 'Eles o comerão com Matzá e ervas amargas.'"
Devemos entender isto no trabalho. O que é que a conexão dessas três coisas que ele deve comer juntas implica?
Para entender o sentido da oferenda de Pêssach no tempo do êxodo do Egipto, quando eles saíram da escravidão em que estavam no Egipto, primeiro devemos entender o significado do exílio no Egipto - do que sofreram eles lá.
Sobre a Maror, está escrito na Hagadá, "Esta Maror que comemos, para que serve? Pois as vidas de nossos pais no Egipto foram amarguradas pelos egípcios, como foi dito, 'E eles amarguraram suas vidas com trabalho duro ... que eles os obrigaram ao trabalho duro.'"
Devemos entender o que significa "E eles amarguraram suas vidas com trabalho duro". O que é isso no trabalho do Criador? É sabido que o trabalho do Criador é quando trabalhamos pelo bem do Criador, quando somos recompensados com aderir à Vida das Vidas. Precisamente quando trabalhamos em prol de doar, este é o tempo para receber o deleite e prazer que o Criador criou em prol de fazer o bem às Suas criações. Significa isto que a salvação do Senhor entra nos vasos de doação.
Nós devemos fazer dois discernimentos sobre a entrada da abundância nos vasos de doação: 1) A abundância vem em prol de criar vasos de doação. 2) A luz que vem assim que ele tem vasos de doação.
Significa isto que quando uma pessoa quer percorrer o caminho de doar contentamento sobre seu Fazedor e não para seu próprio bem, o corpo resiste com toda sua força e não a deixa fazer qualquer movimento. Isso lhe tira toda a motivação e força que ela tinha para coisas pelo Criador.
Quando a pessoa vê a verdade como ela é realmente, quando ela vê quão submersa ela está no amor próprio e que não há uma centelha nos eu corpo que a deixe fazer coisa alguma em prol de doar, nesse estado a pessoa já alcançou a verdade, ou seja que ela chegou ao reconhecimento do mal. Nessa altura ela não tem maneira de se ajudar a si mesma e há somente um conselho: clamar para o Criador a ajudar, como está escrito, "E os filhos de Israel suspiraram do trabalho e eles clamaram e seu clamor subiu até Deus do trabalho."
Este é o significado daquilo que foi dito, "Aquele que vem para se purificar é ajudado." Pergunta o Zohar, "Com o quê?" Ele responde, "Como uma sagrada alma."
Sucede-se que o significado de "E eles amarguraram suas vidas" significa que eles não os deixaram trabalhar em prol de doar, que produz Dvekut [adesão] com a Vida das Vidas. Em vez disso, a Klipá [casca/concha] do Egipto e Faraó governava os filhos de Israel com seu governo de amor próprio para que eles não pudessem fazer coisa alguma contra a vontade dos egípcios. Este foi o exílio - que eles queriam sair deste exílio mas não conseguiam.
Respectivamente, o significado daquilo que está escrito, "E os filhos de Israel suspiraram do trabalho," de que trabalho estamos a falar? Isso significa que é do trabalho do Criador, que isto é chamado "trabalho duro," uma vez que era difícil para eles trabalharem em prol de doar porque os egípcios e Faraó, Rei do Egipto, instalaram neles os seus pensamentos e desejos.
Por outras palavras, dado que a Klipá do Egipto é principalmente amor próprio, os egípcios governavam o povo de Israel para que também o povo de Israel, caminhasse do seu jeito, chamado "amor próprio." Era difícil para Israel superar estes pensamentos. Este é o significado daquilo que está escrito, "E os filhos de Israel suspiraram do trabalho."
Ou seja, enquanto percorriam o caminho dos egípcios, que é em prol de receber, o corpo lhes dava combustível pois não era difícil para eles fazerem o trabalho do Criador. É sabido que os egípcios eram servos do Criador, como escreveram nossos sábios sobre aquilo que está escrito (Tanchumá, Beshalach), "E ele levou seiscentas carruagens": "(E caso questione) Onde tinha o Egipto pecuária, pois foi dito, 'E todo a pecuária do Egipto morrera,' ela era daqueles que temem a palavra do Senhor, 'Aquele entre os servos de Faraó que temia a palavra do Senhor fez com que seus servos e sua pecuária fugisse para as casas.'" Daqui disseram, "Aquele que teme a palavra do Senhor causará o fracasso de Israel."
Conclui RASHI de isto: "Diria Rabi Shimon, 'O mais puro entre os egípcios, mata; a melhor entre as cobras, esmaga seus miolos.'" Portanto se sucede que o trabalho duro que eles tiveram foi trabalho no campo, pois um campo é a sagrada Shechiná [Divindade], como é sabido que Malchut é chamada um "campo."
Foi difícil para eles assumirem sobre si o fardo do reino dos céus em prol de doar, mas os egípcios queriam que eles fizessem o trabalho sagrado em prol de receber. Eles deixaram-os pensar que isto é chamado "Aquele que teme a palavra do Senhor."
Porém, daqui, deste discernimento, veio o fracasso de Israel, ou seja para aqueles que são Yashar-El [direito ao Criador]. Eles queriam que todo seu trabalho fosse somente pelo seu próprio bem e disto surgiu o fracasso.
Ou seja, o fracasso foi principalmente quando os egípcios falaram com Israel na linguagem de temer ao Criador. Desta linguagem surgem todos os fracassos de Israel. Tivessem os egípcios falado na linguagem dos seculares, o povo de Israel teria fugido da sua influência seguramente se tivessem ido até eles com seus pensamentos e desejos.
Agora podemos interpretar o que está escrito (Êxodo), "E os egípcios escravizaram Israel BaPérech [com trabalho duro]." Disseram nossos sábios, bePé Rach [com uma boca suave]. Devemos entender o significado de "boca suave" no trabalho do Criador.
Como supracitado, os egípcios falaram com pensamentos e desejos que devemos servir ao Criador, mas em prol de receber. Isto é chamado uma "boca suave." Ou seja, o corpo concorda mais fazer o trabalho sagrado com a intenção de receber e não há necessidade da meta de doar.
Sucede-se que com estas palavras eles fizeram com que Israel tivesse trabalho duro enquanto assumiam o fardo do reino dos céus e por esta razão, todos em Israel disseram que o trabalho sagrado, em prol de doar, é muito difícil.
Por esta razão, os egípcios lhes concederam pensamentos de que é melhor trabalhar em prol de receber, que neste caminho eles veriam que cada dia estão a progredir nas boas acções. Mas no trabalho na forma de Israel, eles próprios vêem que é difícil. E a evidência disto é que eles não vêem progresso no trabalho.
Sucede-se que uma "boca suave" significa que eles fazem Israel pensar que se eles seguirem o seu caminho esse é trabalho mais fácil. Isto é chamado "suave," ou seja que é mais fácil avançar no trabalho sagrado.
Com estes queixumes, os egípcios amarguraram suas vidas com trabalho duro, pois eles sempre explicavam para Israel que o trabalho de Israel é chamado "trabalho duro" e que não é para eles.
"Com Homer [argamassa]" significa que os egípcios explicavam para Israel a Humrá [severidade] da doação, enquanto que no trabalho no Egipto, eles seriam sempre brancos ou seja que não sentiriam escuridão no trabalho e o corpo concordaria com este trabalho. Isto é chamado “Levenim [tijolos]," ou seja que o trabalho do Egipto é sempre considerado Levanim [branco], sem quaisquer nódoas ou sujidade, mas eles seriam sempre perfeitos. Com isto eles realmente dificultaram que Israel trabalhasse pelo Criador.
Por outras palavras, o trabalho duro derivava dos egípcios sempre lhes falarem da Homer [severidade] no trabalho da doação e a Levanim [brancura] que há neste trabalho e o temor dos egípcios.
Foi dito que daquele que temia ao Senhor derivou o fracasso de Israel. Significa isso que disso se propagou até eles o trabalho duro no campo, ou seja no reino dos céus que eles queriam assumir mas não conseguiam.
É daqui que diz Rabi Shimon de "Aquele que teme ao Senhor": "O mais puro dos egípcios, mata; a melhor entre as cobras, esmaga seus miolos." Devemos interpretar as palavras de Rabi Shimon, "O mais puro entre os egípcios, mata."
Ou seja, aquilo que os egípcios disserem que é puro, mata, uma vez que nossos sábios disseram, "Aquele que vier para te matar, mata-o primeiro." Por outras palavras, aquilo que os egípcios te disserem que é puro, que este caminho é adequado para caminhar, sabe que ele te deseja matar na vida espiritual. Portanto, mata estes pensamentos.
"A melhor entre as cobras, esmaga seus miolos" significa que se a cobra, que é o mal no homem, te aconselhar que este caminho é bom para ti e te fizer ver claramente do jeito que a serpente foi até Eva, não discutas com ela, mas esmaga seus miolos. Ou seja, todo o intelecto que ela explica, esmaga esse intelecto. Por outras palavras, nós devemos avançar acima da razão.
Agora vamos explicar o sentido do Matzá [pão ázimo de Pêssach]. No trabalho devemos interpretar a palavra Matzá da palavra Merivá [luta], pela “Massá e Merivá e pela contenda dos filhos de Israel e por eles testarem o Senhor, dizendo, 'Está o Senhor entre nós, ou não'" (Êxodo 17:7).
A tradução [para Aramaico] diz sobre Merivá, "O Matzá [luta] é porque os filhos de Israel lutaram." Sucede-se que Matzá vem da palavra "lutar," ou seja que o povo de Israel tiveram uma contenda com o Criador sobre por que Ele dificultou tanto o trabalho em prol de doar e por quê, embora eles tentassem sair do governo do Egipto, não só eles não avançavam, eles viam que até regrediam.
Por outras palavras, eles provavam amargura no trabalho, que os fazia discutirem com o Criador e uma luta é chamada Matzá. Nós vemos que por tal queixume, o povo de Israel discutia com Moisés, ou seja quando eles viam que começavam a trabalhar pelo pelo bem do Criador eles se haviam tornado piores, como está escrito (Êxodo 5:21), "E eles disseram para eles, 'Que o Senhor olhe para vós e julgue, pois tu fizeste nosso odor odioso aos olhos de Faraó.'"
Estes queixumes que eles disseram para Moisés, Moisés dizia ao Criador, como está escrito, "E Moisés regressou ao Senhor e disse, 'Ó Senhor, porque trouxeste Tu mal a estas pessoas? Por que me enviaste Tu? Desde que fui até Faraó falar em Teu nome, ele fez o mal a este povo e Tu não libertaste Teu povo de todo.'"
Nós devemos interpretar seus queixumes para Moisés. Quando eles disseram, "Olhe e julgue," isso significa que eles discutiram com Moisés, uma vez que Moisés lhes disse para acreditarem no Criador, para que saíssem do controle do corpo. Faraó Rei do Egipto controla o corpo e ele aflige a Kedushá [santidade]. Eles começaram a trabalhar com a mente e coração e viram que o corpo, que é Faraó, começou a governá-los. Ou seja, tudo aquilo que eles queriam fazer no trabalho do Criador, o corpo o resiste vigorosamente.
Antes de eles começarem a percorrer o caminho de Moisés, eles tinham força no trabalho. Mas agora, tudo aquilo que fazem, o corpo abomina. Este é o significado daquilo que está escrito sobre Moisés, "pois tu fizeste nosso odor odioso aos olhos de Faraó." Por outras palavras, nosso corpo abomina nosso espírito no trabalho do Criador assim que começámos o caminho da doação.
Posteriormente, Moisés foi até ao Criador com os queixumes de Israel, que discutiram com Moisés por lhes trazer a mensagem do Criador. Está escrito sobre isso, "E Moisés regressou ao Senhor e disse, 'Ó Senhor, porque trouxeste Tu mal a estas pessoas? Por que me enviaste Tu? (ou seja quais são os queixumes)? "Disse ele, "Desde que fui até Faraó falar em Teu nome, ele fez o mal a este povo e Tu não libertaste Teu povo de todo."
"Desde que fui até aos filhos de Israel" significa seus corpos, que são chamados "Faraó." "Para falar em Teu nome" significa que todos começarão a trabalhar pelo bem do Criador. Este é o significado de "em Teu nome." Isso serve para dizer que uma vez que todos só querem a verdade, pois haverá alguém que seja tolo e que queira percorrer o caminho da falsidade? Em vez disso, certamente todos querem a verdade e como sempre quando sabem que alguém está a mentir, ninguém o quer escutar.
Mas aqui eles disseram, "Por que será que quando Moisés veio e lhes disse para andarem no caminho da verdade, o corpo, que é chamado 'Faraó,' fez nosso odor odioso quando começamos este trabalho?"
Por esta razão, eles tinham reivindicações contra o Criador por se tornarem piores agora que antes de Moisés ter ido ter com eles como mensageiro do Criador. Ele queria libertá-los do exílio, então por que vêem eles agora que estão a entrar num exílio mais profundo, que Faraó controla o corpo com mais força e com mais intelecto, os fazendo entender cada vez com um argumento diferente? Sucede-se que a situação de Israel antes da chegada de Moisés até eles como mensageiro do Criador era melhor no trabalho. Agora, contudo, eles vêem que seus corpos, que são considerados "Faraó," têm controle completo sobre os filhos de Israel.
Ou seja, onde devia haver um ânimo elevado por saberem que estão a percorrer o caminho da verdade, o oposto ocorreu. Aos olhos do corpo, que é chamado "Faraó", que espírito tinham eles? Está escrito sobre isso, "pois tu fizeste nosso odor odioso aos olhos de Faraó." O corpo lhes dizia, "Que espírito há no trabalho da doação?"
Fazer o odor odioso significa um mau cheiro que é impossível tolerar. Significa isto que eles não conseguiam suportar esta mentalidade e queriam escapar do jeito que uma pessoa foge do fedor. Ou seja, em vez do trabalho no caminho da verdade trazer ânimos elevados para que a pessoa queira permanecer para sempre nessa mentalidade, o oposto aqui ocorreu. Do trabalho da doação, eles receberam uma mentalidade de fedor, ou seja que eles queriam escapar a essa mentalidade e não podiam suportá-la sequer por um minuto. Como foi dito a Moisés, "pois tu fizeste nosso odor odioso."
Moisés levou as reivindicações de Israel ao Criador e Lhe perguntou, "Por que me enviaste Tu?" O Criador respondeu a Moisés, como está escrito, "E o Senhor disse para Moisés, 'Agora verás aquilo que Eu farei a Faraó, pois com um braço forte ele os enviará'" A resposta sobre por que Ele tornou o trabalho da doação tão duro foi que Ele queria que o braço forte fosse revelado, como está escrito, "pois com um braço forte ele os enviará e com um braço forte ele os expulsará desta terra."
De que maneira é um braço forte necessário? É precisamente quando a outra parte resiste com toda sua força. Depois se pode dizer que devemos usar um braço forte. Mas se a outra parte é fraca, não se pode dizer que isso requer um braço forte para lidar com ela. É como a alegoria que disse Baal HaSulam, que normalmente, quando duas pessoas estão em disputa, por vezes elas avançam para uma luta de pugilismo. Aquele que vir que não consegue superar o outro pega numa faca contra ele. Quando o outro vê que ele pegou numa faca, ele pega numa pistola e quando o outro vê que ele tem uma pistola, ele pega numa espingarda e assim por diante, até que o outro pega numa metralhadora e se ele tiver uma metralhadora, o outro pega num tanque. Contudo, nunca ouvimos falar que se alguém pegar num pau e quiser acertar com ele, o outro pegue num tanque e lute com aquele que pegou num pau.
Isso é semelhante no trabalho. Não se pode dizer que devamos ir contra o Faraó com um forte braço se Faraó não resiste muito. E uma vez que o Criador queria mostrar-lhe um forte braço aqui, o Criador teve de endurecer o coração de Faraó, como está escrito, "pois Eu endureci seu coração e o coração de seus servos, para que Eu possa colocar estes símbolos Meus dentro dele."
Todavia, devemos entender por que está escrito que o Criador endureceu o coração de Faraó por o Criador querer colocar esses símbolos para que o nome do Criador fosse conhecido. Será o Criador carente? Por que precisa Ele que os outros saibam que Ele consegue colocar símbolos e sinais? Também, o que implica isso para nós no trabalho que devemos saber isto por gerações?
Segundo aquilo que disse Baal HaSulam sobre a pergunta que Abraão fez depois do Criador lhe ter prometido (Génesis 15:7), "E disse Ele para ele, 'para te dar a terra para a herdares.'" Ele perguntou, "Como saberei que eu a vou herdar?" "E Ele disse para Abrão: 'Sabe de certeza que teus descendentes serão estranhos numa terra que não lhes pertence e eles serão escravizados e afligidos quatrocentos anos. ...E posteriormente eles sairão com muitas posses.'"
Perguntou ele, Qual é a resposta para a pergunta de Abrão, "Como saberei que eu a vou herdar," ou seja qual é o significado daquilo que o Criador respondeu para ele?
Resposta: "Sabe de certeza que teus descendentes serão estranhos ... e eles serão afligidos. ...E posteriormente eles sairão com muitas posses." Ele respondeu, "O texto implica que a resposta foi satisfatória, dado que Abrão não perguntou mais e vemos que o modo de Abrão foi discutir com o Criador, tal como no caso das pessoas de Sodoma quando o Criador disse para Abrão, 'O clamor de Sodoma e Gomorra é certamente grande.'"
Mas aqui, quando Ele lhe disse, "Sabe de certeza," ele ficou agradado com a resposta.
Ele disse que uma vez que Abraão vira a magnitude da herança que Ele havia prometido aos seus filhos, Abraão pensou segundo a regra que não há luz sem um Kli [vaso], ou seja que não há carência sem preenchimento. Ele não vira que os filhos de Israel precisassem de tão altos graus e realizações nos mundos superiores, que é o por quê de ele ter perguntado ao Criador, "Como saberei que a vou herdar," uma vez que eles não têm os Kelim [vasos] ou a necessidade da grande herança que Tu me mostras que Vais dar aos meus filhos; eles não têm a necessidade.
Para isto, respondeu o Criador para ele, "Eu vou dar-lhes a necessidade pelas luzes, tal como Eu lhes darei as luzes." Por outras palavras, o Criador lhes dará tanto as luzes como os Kelim. Não penses que eu outorgo somente a abundância. Em vez disso, eu outorgo sobre eles tanto a necessidade, que é chamada o Kli e a abundância. Isto é chamado "carência e preenchimento.
Pelo povo de Israel estar em exílio no Egipto quatrocentos anos, que é um grau completo de quatro Behinot [discernimentos], ao estarem no exílio numa terra que não lhes pertence, ou seja que os egípcios vão conceder a Israel um desejo de auto-recepção, um desejo que não pertence a Kedushá, que é chamado Eretz [terra], da palavra Ratzon [desejo] e eles quererem escapar a esse desejo, quando Eu os torno incapazes de sairem desse governo sozinhos e verem que somente o Criador os pode ajudar e eles não têm outra escolha senão Me pedirem ajuda, isso é como disseram nossos sábios, "Aquele que vem para se purificar é ajudado." E diz o Zohar que a ajuda é que lhes é dada uma sagrada alma. Pelas muitas orações quando procuram a assistência do Criador, eles receberão um grau mais alto cada vez e com isto eles terão uma grande necessidade de pedir ao Criador. Isto os fará pedirem ao Criador e receberem um alto grau, após o qual Eu serei capaz de lhes dar a herança.
Portanto, o Criador deliberadamente fez com que fossem incapazes de superar, para que tivessem Kelim.
Sucede-se que o endurecimento do coração foi feito a Faraó em prol de abrir espaço para uma necessidade pelas luzes superiores. Se eles não tivessem o trabalho duro, eles não teriam a necessidade das grandes luzes.
Aquele que vai lutar contra alguém, com a mão ou com um pau, o outro não tem necessidade de usar um tanque ou um canhão contra ele. Por esta razão, para que os inferiores tivessem, eles teriam de enfrentar fortes Klipot [cascas/conchas], para as quais a pessoa deve atrair grandes luzes para as quebrarem. Inversamente, ela ficaria contente com pouco. Sucede-se que o endurecimento do coração de Faraó os faz atraírem grandes luzes.
Com isto vamos entender aquilo que questionávamos, "Por que colocou Ele os símbolos em prol das nações saberem que o Criador consegue fazer milagres e maravilhas? Ou seja, por que fez Ele o endurecimento do coração em prol de sr respeitado? Terá o Criador rancores contra as Suas criações, ou seja fará alguma coisa contra a vontade das criaturas? Afinal, o inteiro propósito da criação é fazer o bem às Suas criações e aqui acontece o oposto, que Ele fez o endurecimento do coração às criaturas para que todos vissem a Sua grandeza, que Ele é todo-poderoso.
Agora podemos entender isto com simplicidade. Faraó e Egipto referem-se ao governo da vontade de receber que está nas criaturas. Em prol das criaturas precisarem de receber os altos graus que o Criador preparou para elas e disseram nossos sábios que por elas serem incapazes de superar a sua vontade de receber, elas vão despertar para a Dvekut com o Criador, que veio até elas pelo mérito dos patriarcas, a quem o Criador prometeu que seus filhos seriam recompensados com o deleite e prazer que Ele preparou para as criaturas, por esta razão, Ele fez o endurecimento do coração, para que elas precisassem de pedir ao Criador para as ajudar. A Sua ajuda vem, como diz o Zohar, outorgando sobre elas uma sagrada alma.
Sucede-se que toda a superação é que elas atraíram um pouco de iluminação do alto. Com isto elas eventualmente terão os Kelim, ou seja a necessidade da herança que o Criador havia prometido aos antepassados. Assim se sucede que o versículo, "para que Eu possa colocar estes símbolos Meus" não é pelo bem do Criador, mas pelo bem das criaturas. Isso significa que através do endurecimento do coração que Ele faz a Faraó, onde o corpo se torna mais assertivo cada vez e não deixa a pessoa trabalhar em prol de doar, mas uma vez que o homem deseja Dvekut com o Criador, ele deve tentar fazer esforços maiores cada vez ou ele não será capaz de derrotá-lo. E em prol de receber poderes maiores, o único conselho é rezar ao Criador, pois somente Ele pode dar-lhe as forças necessárias.
As forças do Criador são como foi dito acima: A força espiritual que o Criador lhe dá cada vez é chamada uma "alma," a "luz da Torá." Significa isto que cada vez, ele recebe as "letras da Torá" segundo a superação que ele precisa de realizar. Isto é chamado "para que Eu possa colocar estes símbolos Meus." Ou seja, para que as letras da Torá se revelem a Israel, Ele deve criar neles uma necessidade. Este é o significado do Criador dar o endurecimento do coração pelo bem das criaturas.
Respectivamente, podemos entender aquilo que acima dissemos, que precisamos de abundância superior para a fabricação dos Kelim, ou seja para termos Kelim adequados para receber a luz superior. Esta assistência é considerada a luz vir para fazer Kelim de Kedushá, que vão querer trabalhar em prol de doar, como em, "Aquele que vem para se purificar é ajudado."
Assim que ele obteve os Kelim que querem doar sobre o Criador, a abundância vem como abundância e não em prol de fazer Kelim.
Em relação a isso, quando ele tem o desejo pelo Criador, ele não mais necessita do endurecimento do coração em prol de receber a luz da Torá, uma vez que segundo a regra, quando a pessoa trabalha para seu próprio bem, um pensamento diferente vem até ela - que daqui, também, deste prazer, chamado "o prazer do repouso," tu não o deves negar. Sucede-se que o prazer do repouso a faz não ter a necessidade de graus superiores. Em vez disso, ela está contente com menos. Foi por isso que o Criador teve de dar o endurecimento do coração, ou seja que ela vê que não consegue fazer coisa alguma pelo Criador, que enquanto ela não qualificar seus Kelim para trabalharem em prol de doar e ela ainda estiver no amor próprio, eles lhe darão satisfação no pouco de trabalho pelo bem do Criador com o qual ela foi recompensada. Uma vez que ela sente que está a trabalhar pelo Criador, ela está satisfeita e não consegue desejar graus superiores. Sucede-se que não havia espaço para revelar as letras da Torá.
Por esta razão, cada vez que ela recebe alguma ajuda do alto e depois desce do seu grau uma vez mais e quer entrar na Kedushá, ela deve receber ajuda do alto novamente. Isso é como está escrito sobre Faraó na praga do granizo: "E Faraó enviou e chamou por Moisés, 'O Senhor é o justo e eu e meu povo somos os ímpios.'" Posteriormente, está escrito, "Vem ao Faraó, pois Eu endureci seu coração para que possa colocar estes símbolos Meus dentro dele."
A ordem continua até que ela corrija seus Kelim que pertencem ao seu grau e depois começa a ordem da chegada das luzes.
Porém, quando ela for recompensada com Kelim de Kedushá e só quiser doar sobre seu Fazedor, ela não diz, "Agora digo que já Te dei imenso e agora quero descansar um pouco porque preciso de receber também para mim mesma." Em vez disso, aquele que tem o desejo de doar não precisa de lhe ser dado endurecimento do coração, tal como enquanto ele fazia os vasos de doação, uma vez que ele não tem interesse nisto. Aquele que foi recompensado com o desejo de doar só quer doar sobre o Criador.
Assim se sucede que quando a pessoa só tem o desejo de doar e ela quer trazer contentamento ao Criador, ela começa a pensar naquilo que o Criador precisa e que ela possa dar ao Criador, que Ele não tenha. Portanto, ela decide que o Criador não tem carências senão que Ele criou o mundo com a intenção de fazer o bem às Suas criações, para as criaturas receberem Dele o deleite e prazer. Por esta razão, ela pede ao Criador para lhe dar o deleite e prazer pois é isto que se pode dizer que Ele necessita - que os inferiores recebam Dele as grandes luzes que foram preparadas para as criaturas. Disto podemos dizer que o Criador desfruta.
Mas se os inferiores forem incapazes de receber a luz da Torá, chamada "letras da Torá," isso é como se houvesse uma carência no alto. Este é o significado daquilo que disseram nossos sábios (Sanhedrin 46), "Quando a pessoa se lamenta, que diz a Shechiná [Divindade]? ‘Minha cabeça é pesada; meu braço é pesado.'" Portanto, quando há contentamento no alto? Somente quando as criaturas têm deleite e prazer.
Por esta razão, nessa altura não há lugar para o endurecimento do coração. Em vez disso, o tempo em que o endurecimento do coração tem de ser dado do alto é somente para o propósito de fazer vasos de doação para que a pessoa possa receber deleite e prazer, que é em prol de "colocar estes símbolos Meus." Devemos interpretar que isto se refere a letras, pois letras são chamadas Kelim. Ou seja, para que a pessoa tenha uma necessidade, chamada Kelim, precisa de haver um endurecimento do coração, como está escrito, "para que Eu possa colocar estes símbolos Meus." Mas assim que ela tenha os Kelim, não há mais necessidade para o endurecimento do coração.
Podemos agora entender aquilo que questionávamos sobre a conexão entre Pêssach, Matzá e Maror [erva amarga], tal como Hilel fez no tempo em que o Templo estava de pé e disse que isso era para manter aquilo que foi dito, "eles o comerão com pão ázimo e ervas amargas.”
Questionávamos o que isto implica no trabalho do Criador. Segundo o citado, sucede-se que a essência do propósito do trabalho é alcançar Dvekut com o Criador. Por causa da disparidade de forma dentro de nós devido à vontade de receber que foi impressa em nós, as criaturas ficaram removidas do Criador. Isto é principalmente aquilo que devemos corrigir.
Porém, a questão é, "Como corrigimos isto, dado que equivalência de forma se trata de doar e não de receber e como podemos ir contra a natureza, uma vez que o corpo tem a sua própria natureza?" A resposta é através do poder de Torá e Mitsvot.
Se as criaturas fossem receber a força da doação facilmente, elas se contentariam com isto, uma vez que sentiriam que já estão a dar e não teriam necessidade de revelar as letras da Torá, como foi dito, "para que Eu possa colocar estes símbolos Meus," pois o Criador quer revelar para elas a Torá sendo os nomes do Criador.
Mas de onde vão elas tirar a necessidade para isto? Afinal, assim que prevalecerem sobre a vontade de receber e só quiserem doar ao Criador, elas já têm Dvekut. Que mais precisam elas? Também, é sabido que não há luz sem um Kli e não há preenchimento sem uma carência. Então, que fez o Criador? Ele deu o endurecimento do coração para que a pessoa não seja capaz de superar o mal sozinha, mas precise da ajuda do Criador, como foi dito, "Aquele que vem para se purificar é ajudado com uma sagrada alma."
Sobre a alma, está escrito no livro O Fruto de Um Sábio: Cartas de Baal HaSulam: "Há cinco discernimentos na alma e eles são chamados NRNCHY. Nas NRNCHY, nós fazemos dois discernimentos: 1) luzes, 2) Kelim. Nós obtemos os Kelim de NRNCHY observando os 613 Mitsvot [mandamentos] da Torá e as sete Mitsvot de nossos grandes sábios. As luzes de NRNCHY são a essência da Torá e a luz vestida na Torá é Ein Sof [infinito]. Sucede-se que a Torá e a alma são uma, mas o Criador é Ein Sof que está vestido na luz da Torá que existe nos supracitados 620 Mitsvot. Este é o significado daquilo que disseram nossos sábios, 'A Torá inteira é os nomes do Criador.' Significa isto que o Criador é o todo e os 620 nomes são pedaços e partes. Estas partes são segundo os passos e graus da alma, que não recebe a sua luz de uma só vez, mas gradualmente, uma de cada vez."
Disto nós vemos que o Criador fez com que o homem não seja capaz de superar o mal sozinho, mas precise da ajuda do Criador. Mas há um estado intermédio, ou seja que isto faça com que a pessoa prove amargura no trabalho porque o corpo não a deixa trabalhar em prol de doar. Isto a faz discutir com o Criador sobre por que Ele criou um corpo que é tão mau e que ela é absolutamente incapaz de sair do governo do mal, chamado "vontade de receber para si mesma." Quando todos os Kelim que a pessoa precisa para se complementar são completados, para ter um Kli o qual segure a bênção, ela começa a sentir a salvação do Criador, ou seja que ela sente em si mesma a aproximação do Criador.
Com isto nós vamos entender a conexão entre Matzá, Maror e a oferenda de Pêssach. Através do Matzá e Maror ela obtém a verdadeira necessidade das letras da Torá. Ou seja, somente através do Matzá e Maror se forma dentro dela uma necessidade pela ajuda do Criador e a Sua ajuda é através da alma, considerado "A Torá e o Criador são um," como foi dito no livro O Fruto de Um Sábio.
Quando ela tem a necessidade, o Criador aproxima a pessoa e isto é chamado "a oferenda de Pêssach," quando o Criador passa por cima de todos os defeitos dela e a aproxima para ser recompensada com o propósito da criação.