"O fabricante de flechas é morto pelas suas próprias flechas (por vezes o artesão faz uma flecha que mata o próprio artesão) (Pesachim 28a), sobre o fermento de Pêssach, que é pela queimadura. Devemos interpretar que a ordem do trabalho da pessoa em Torá e Mitsvot [mandamentos] quando ela quer trabalhar pelo bem do Criador é que a pessoa tem de lutar e derrotar a inclinação do mal.
Ou seja, é da natureza humana trabalhar onde há benefício pessoal. Mas quando ela vê que nenhum benefício pessoal vai surgir deste trabalho, ela não consegue trabalhar. Em vez disso, ela se queixa e pergunta, "O que é este trabalho para ti?" Ou seja que vais ganhar ao te esforçares?
Quando a pessoa a supera e diz que ela quer trabalhar contra a natureza e doar sobre o Criador, a inclinação do mal vem com um argumento diferente, fazendo a pergunta do ímpio Faraó, "Quem é o Senhor para que eu obedeça a Sua voz?" É possível trabalhar pelo bem dos outros somente onde eu sei que o outro recebe o trabalho.
Porém, quando ela tem dois trabalhos, 1) Ela deve superar e ir contra a natureza e trabalhar não para seu próprio benefício mas pelo benefício dos outros, pelo bem do Criador. 2) Ela deve acreditar que o Criador recebe o seu trabalho.
Estas duas perguntas são as principais no argumento do ímpio. O resto das perguntas que vêm à pessoa são meramente os descendentes destas duas citadas perguntas.
É possível superar estas perguntas somente pela fé, que é acima da razão. A pessoa deve responder ao ímpio que da perspectiva do intelecto, faz sentido perguntar aquilo que ele está a perguntar. Mas acima do intelecto, em fé, quando ela acredita nas palavras dos sábios, esta é a única maneira de ser pelo bem do Criador.
Ou seja, quando a pessoa dá toda sua energia e esforços para o bem do Criador, este é seu único propósito e o mundo foi criado por este propósito, como disseram nossos sábios, "O mundo inteiro foi criado somente para isto" (Berachot 6b), ou seja pelo temor aos céus.
Assim, quando ela responde ao ímpio que ela vai avançar acima da razão, que é contra o intelecto, o intelecto não pode mais fazer quaisquer perguntas porque todas as perguntas são dentro da razão, enquanto que acima do intelecto não há lugar para perguntas.
Assim, quando o ímpio faz as perguntas, lhe é dito que agora é a hora em que eu posso fazer meu trabalho em fé. Por outras palavras, pelo preciso facto de tu estares a fazer uma pergunta e eu responder que vou avançar com a fé e não te dou uma resposta intelectual, este é um sinal para tu saberes que meu trabalho é com fé acima da razão.
Sucede-se que agora tu me fizeste realizar um Mitsvá [mandamento] no sentido que somente agora é revelado a todos que o caminho do Criador é somente com fé.
Com isto podemos interpretar aquilo que disseram nossos sábios, "o fabricante de flechas é morto pelas suas próprias flechas," ou seja que o artesão faz uma flecha que mata o próprio artesão. Significa isto que a mesma flecha com a qual ele quer matar o homem, ou seja a pergunta que o ímpio faz, com isto ele é morto, ou seja com a própria pergunta, ele mata o ímpio, significando que ele responde ao ímpio com a mesma pergunta e o mata.
Portanto, através da pergunta que ele faz, ele assume sobre si o mandamento da fé acima da razão e portanto mata o ímpio, que não lhe quer dar uma mudança para realizar Mitsvot [mandamentos].