Qualquer israelense não confundiria o "Dia da Independência" com qualquer outro dia. Parece algo simples e claro: o Estado de Israel foi formado, ou melhor, renascido, em 14 de maio de 1948, após a assinatura da Declaração de Independência por David Ben Gurion. Depois veio a guerra, conhecida como a "Guerra da Independência" (Milhemet Ha'Atzmaut). Seja como for, este dia memorável é um feriado nacional, quando os israelenses, em massa, saem para fazer piqueniques.
O significado de todo o feriado cabe em uma palavra – "independência". Mas ela realmente existe? Algo ou alguém pode ser independente em princípio?
Um exemplo simples – filhos e pais. Os filhos dependem dos pais, e isso é compreensível. Mas os pais também dependem dos filhos, e não menos. Um bebê que exige atenção força a mãe a esquecer o café inacabado e largar o Facebook. O pai, por sua vez, trabalha horas extras para garantir que o bebê e sua mãe estejam satisfeitos.
A cadeia é fácil de continuar. Trabalhadores dependem de seus empregadores, empregadores dependem da bolsa de valores, a bolsa depende de inundações, e Israel, como Estado, depende não apenas dos EUA, mas também da Rússia. A propósito, na última queda do rublo na Rússia, os agricultores israelenses sofreram prejuízos.
Você pode dizer que este feriado é dedicado apenas à independência estatal e que não há necessidade de complicar as coisas. Nesse caso, vamos falar sobre a quem ou a que devemos a nossa independência, que surgiu com a criação do Estado de Israel.
Muitos dirão que Israel se tornou independente graças à decisão da Assembleia Geral da ONU. Alguns lembrarão de Stalin e do presidente Truman. Outros mencionarão a Declaração Balfour, que estabelecia um lar nacional na Palestina, e ainda acrescentarão que o surgimento do Estado foi precedido pela Catástrofe (Holocausto), e que a morte de seis milhões de judeus foi o mais forte e amargo argumento em favor das aspirações judaicas de dois mil anos.
Sobre o renascimento de Israel, vale mencionar os profetas judeus. Eles previram este evento há mais de 2500 anos. Aliás, esse fato é frequentemente lembrado. Mas quem quer recordar que os profetas também falaram sobre como o exílio poderia ter sido evitado? Seus pedidos, ou melhor, seus clamores ignorados de "tornar-se um exemplo para outros povos" e sobre como "as nações nos carregarão em seus ombros", geralmente preferimos não mencionar.
Contudo, foram as nações do mundo que "carregaram" – ou, em outras palavras, permitiram – o renascimento do Estado judeu e, de uma forma ou de outra, muitas vezes de maneiras desagradáveis, contribuíram para que os judeus voltassem ao seu Estado.
E onde está a contribuição dos próprios judeus nesse processo?
Claro, houve Theodor Herzl, houve a primeira e as subsequentes aliyot (ondas de imigração), mas, no final das contas, os judeus raramente vêm a Israel "pelo chamado do coração". Eles vêm quando as coisas estão ruins em "casa", quando os EUA não os aceitam, quando há guerra, destruição e antissemitismo.
A questão não é tanto como ou por que chegam a Israel. O mais importante é o que fazem depois: construir e amar seu país juntos ou entrar em conflito entre si e participar de eventos anti-israelenses.
Uma coisa é certa: ainda estamos longe da verdadeira independência. Mas quem pode, de coração aberto, dizer que sabe como resolver este problema?
Diz-se que "não há profeta em sua própria terra". Mas os profetas judeus não erraram, e é preciso dar-lhes crédito por isso. Todas as suas previsões sobre a destruição e o renascimento de Israel se cumpriram. Talvez seja hora de lembrar também dos seus conselhos ignorados naquela época.
Eles frequentemente falaram sobre o exemplo que os judeus deveriam dar ao mundo. É óbvio que não se referiam à construção do capitalismo, do socialismo ou à criação da teoria da relatividade. Então, do que falavam?
Voltemos a Moisés – o primeiro profeta judeu.
Lembremos que ele colocou acima de todos os outros valores – as relações entre as pessoas. Os valores proclamados por ele naquela época – todos, sem exceção, ainda são relevantes, embora difíceis de realizar: "Ame o próximo como a si mesmo", "Sejam como um só homem com um só coração", "Sejam fiadores uns dos outros".
Foi isso que Moisés propôs, disso os profetas falaram, e isso é necessário, mais do que nunca, ao mundo inteiro. Ninguém diz que isso pode ser realizado aqui e agora. Por outro lado, muitas coisas em nossas vidas seriam diferentes se simplesmente começássemos a falar sobre esses temas.
O Dia da Independência é uma boa oportunidade para iniciar essa conversa...
O DESCONHECIDO SOBRE O CONHECIDO
Israel – "direto ao Criador" (Yashar El). O desejo direcionado diretamente para a conexão com o Criador, para a espiritualidade, para o amor ao próximo.
Exílio – estado de afastamento dos valores da união. Enquanto a pessoa está imersa no amor por si mesma, ela está no estado de "exílio".
Independência – significa sair do domínio do egoísmo e fazer uma escolha consciente para corrigir as relações entre nós. Somente assim é possível alcançar independência em todas as esferas da vida.