Todos já ouviram falar dos feriados judaicos: Pessach, Purim, Sucot e outros. Alguns estão familiarizados com a simbologia festiva, os costumes e as tradições. No entanto, poucos ouviram falar que, além de tradições e eventos históricos, os feriados carregam mais uma camada especial de informação. Para entender sobre o que se trata, é necessário fazer uma breve incursão histórica.
Como se sabe, o patriarca do povo judeu foi Abraão. Ainda não compreendemos completamente, nem conseguimos avaliar adequadamente, o que realmente fez esse grande homem. O popular historiador inglês Paul Johnson descreveu assim este evento épico:
Uma maneira de resumir 4.000 anos da história judaica é perguntar a si mesmo: o que teria acontecido à humanidade se Abraão não fosse um homem de grande visão, ou se ele tivesse permanecido em Ur, guardado suas ideias para si mesmo, e nenhum povo específico judeu tivesse surgido?
Sem dúvida, o mundo sem os judeus seria radicalmente diferente do mundo atual.
O filho do idólatra Terá realizou, naquela época, um verdadeiro milagre. Abraão foi o primeiro a compreender que os maiores problemas da humanidade não eram a falta de recursos nem a tecnologia pouco desenvolvida. O mais importante eram as relações entre as pessoas. Abraão conseguiu colocar suas ideias em prática. Pela primeira vez na história, surgiu um povo baseado não em laços de sangue, mas em valores morais.
O sucessor espiritual de Abraão, Moisés, realizou outro milagre. Em uma época em que a vida humana não tinha valor e o culto aos ídolos, com todas as suas consequências, era a norma universal, o povo judeu, ainda que por um breve período, alcançou o mais alto nível de relações humanas, resumido na célebre máxima: "Ame o próximo como a si mesmo".
Posteriormente, esses valores foram, em maior ou menor medida, perdidos. Sobre as razões disso, ainda falaremos. Contudo, os ecos do que Abraão e Moisés inseriram no povo ainda podem ser percebidos hoje. Relações familiares especiais, um desejo profundo de educar os filhos, curiosidade e atividade distinguem o povo judeu até os dias atuais.
Nosso tempo difere drasticamente do passado. As mudanças que antigamente levavam séculos agora ocorrem dentro da vida de uma única geração. Em poucas décadas, o primeiro computador, do tamanho de uma casa, tornou-se um dispositivo elegante que cabe na palma da mão.
No entanto, a revolução tecnológica não melhorou nossas relações interpessoais. Nesse aspecto, não houve progresso, mas um retrocesso.
Percebemos que as pessoas anseiam por conexão. Não é por acaso que as redes sociais se espalharam por todo o mundo. Contudo, a vida demonstra que conversas em chats não substituem a interação humana genuína. Aquilo que foi relegado ao segundo plano tornou-se, hoje, mais necessário do que nunca. Entretanto, não precisamos reinventar a roda. Vamos tentar olhar para trás e reavaliar o que parece ser de conhecimento comum.
Este livreto apresenta materiais interessantes e pouco conhecidos, além de fatos históricos.