Pessach, ou a Páscoa judaica, é uma celebração profundamente simbólica que marca o início da jornada espiritual em direção à conexão com o Criador. Na Kabbalah, Pessach simboliza a libertação do egoísmo, representado pelo Egito, e o início do trabalho interno para alcançar a qualidade de doação. Cada detalhe da Hagadá de Pessach reflete aspectos do processo espiritual necessário para a transformação.
O ritual da busca e remoção do fermento (Chametz) simboliza a identificação e eliminação do ego, a força que nos separa do Criador e nos impede de alcançar o amor ao próximo. Essa limpeza interna prepara o ser humano para a adesão à luz superior, a força da doação. Esse trabalho individual deve ser realizado em nome de toda a humanidade, refletindo o princípio da unidade.
Os quatro cálices de vinho bebidos durante o Seder representam as etapas do desenvolvimento espiritual. Cada cálice simboliza um grau de elevação, onde o ego cresce, mas é transformado em um veículo para a conexão com o Criador. Essas etapas mostram que, em cada desafio, está contida uma oportunidade de correção.
Outro elemento central é o Afikoman, que reflete o esforço humano no início do processo espiritual e a revelação do Criador na conclusão. A divisão da matzá ao meio simboliza o papel complementar entre o esforço humano e o apoio divino na jornada espiritual. Ao consumirmos a primeira parte no início da refeição e buscarmos a segunda parte no final, reconhecemos a necessidade de ambas as forças para completar o processo de correção.
Por fim, o convidado simbólico da noite, o profeta Elias, representa as maiores revelações espirituais. Seu cálice simboliza a oração por correção, não apenas individual, mas para toda a humanidade. A Kabbalah ensina que Pessach não é apenas uma libertação pessoal, mas um convite para a construção de um sistema global baseado em unidade e amor ao próximo.
Pessach marca o início de uma jornada que nos leva à recepção da Torá em Shavuot, passando por estágios de transformação como a contagem do Ômer e Lag BaOmer. Essa celebração nos lembra que a verdadeira liberdade está na superação do egoísmo e na adesão ao propósito espiritual da criação.
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